8. NINGUÉM PODE NOS MACHUCAR

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[PETE POV]

- CHAMPON ISLAND -

— Vamos pular na água ali — disse um grupo de meninos da mesma idade no bairro. Eles estavam todos brincando alegremente. Eu sou Pete, que ainda se lembra bem dessas imagens.

Um menino magro e pálido, com problemas de saúde e diferente das pessoas comuns, sendo expulso e perseguido o tempo todo.

— Por favor, venha comigo — Eu, quando criança, corri com um sorriso ao encontro daqueles meninos, mesmo sabendo no que aquilo resultaria. O garoto mais velho, líder do grupo, virou-se para me olhar com seriedade antes de se aproximar de mim com uma carranca.

— E quem te convidou? — Ele me empurrou com toda a força até eu cair de costas na areia.

Temos que sorrir para todos os problemas. Devemos ser gentis com os outros para que sejam gentis conosco.

— EI — Um menino da grupo gritou em choque quando me viu cair com uma expressão de descontentamento — Você está bem?

Quando vi isso, sorri para ele. Sempre pensei que algum dia todos seriam gentis comigo.

— Ora, você quer brincar com alguém que não tem pai e mãe? — Eu disse isso para o menino até que ele respondeu com uma voz suave:

— Não.

— Não vai querer que te vejam com alguém como eu. Todos os seus amigos agem assim comigo, todos são iguais, têm medo de parecer diferentes.

— Cala a boca, Pete. Você não tem pai, nem mãe! Até seus pais te deixaram. Por que você tem que brincar com a gente? — Eu, que ainda sorria e continuei sorrindo. O complexo de inferioridade de ser um órfão tem me provocado desde... Sei lá quando. Não me lembro.

Quando eu era jovem, não conhecia a palavra ‘dor’, mas no fundo do meu coração, eu queria chorar o tempo todo. Mas eu não podia pois já havia fraqueza demais em *seus olhos.

[N/T: *Essa parte não ficou claro a quem ele estava se referindo, mas provavelmente era aos avós. Evitava chorar pra não magoar eles ainda mais].

— Droga, Pete, você não tem pais... Minha mãe disse que você não tem ninguém para te ensinar. Você vai crescer como um *toot. Pete é um toot, Pete é um toot.

[* Gíria ofensiva para gay afeminado]

A maldição ainda ecoava na minha cabeça junto com os gestos de zombaria de todas aquelas crianças, com todos aquelas palmas e risadas para mim. Eu costumava ser fraco antes, mas ainda assim seguia o ensinamento da vovó de que um dia todos seriam bom para nós.

— Vovó.... vou virar travesti quando crescer? — Eu naquela idade perguntei a ela, que estava distraída.

— Aquele maldito bastardo. Não dê ouvidos a ele, filho, aquele bastardo tem a boca amaldiçoada. Se isso acontecer de novo, você tem que me contar, temos que conversar sobre isso com os pais deles. Eu vou ensinar uma lição a esse bastardinho, vou cuidar dos pais deles — minha avó disse séria.

— Essa é uma palavra ruim, não é?

— Sendo ou não, Pete não deve ser fraco. Pete tem que comer muito, fazer muito exercício e estudar para não ter que largar a escola e assim que você pode fazer alguns amigos — Os olhos da senhora que falava comigo agora estavam atentos ao coco que estava descascando, eu olhei para ela com preocupação.

— Será que sou fraco? É por que eu não tenho pai nem mãe, não é? — Eu realmente não entendia porque eu tinha que ser rejeitado pelos outros.

— Nos olhos da vovó e do vovô, Pete é um bom garoto. Não é teimoso ou ganancioso — vovô falou.

VEGASPETE [NOVEL 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora