A CABANA
1
Às 12h00, os três se encontraram.
A viatura policial parou a poucos metros de distância de Antonieta, que observou com curiosidade enquanto as portas se abriam. Seu receio rapidamente aumentou. E se eles vissem o corpo de César? O que pensariam que teria acontecido?
Mas, em meio à chuva densa, dois adolescentes surgiram. Um era alto, magro, branco e bonito. Tinha olhos verdes e usava o uniforme da escola. Estuara. A outra, uma menina ainda maior que ele, tinha um cabelo liso, castanho e charmoso.
Eles vieram até ela, que estava acabada e segurava um livro ensanguentado. Pararam, então, e disseram alguma coisa que ela não conseguiu ouvir por conta da carga d'água.
Acenou para que se aproximassem.
— Quem é você? — perguntou o garoto, por fim, quando os dois haviam lhe alcançado. — Vi que estava nos encarando, quase como se estivesse nos esperando...
— Eu sou Antonieta, e vocês?
— Gabriel.
— Lorraine.
— Estão aqui a mando de quem?
— Penélope, e você?
— Também.
Ficaram mudos por alguns segundos. Antonieta fixava seu olhar em Gabriel, perguntando-se se era aquele menino que ela teria que matar depois.
— Que livro é esse? — perguntou Lorraine, finalmente.
— Chama-se Esterco Paralelo, e até onde eu sei fala sobre a podridão do outro mundo. Penélope pediu que eu o pegasse, porque aqui diz como libertá-la. Até onde eu acho, esse livro também foi usado para amaldiçoá-la.
Gabriel pareceu interessado.
— Já leu alguma coisa? Sabe como desaprisionar ela?
— Só a parte que ela mandou. É simples, mas depende. Precisamos que alguém cruel ou tão cruel quanto a pessoa que a matou esteja no local do crime. Então, essa pessoa precisa confessar seus atos ruins. Depois, é só matá-la. O sangue precisa estar fresco e deve ser passado no objeto em que a alma de Penélope está atrelada.
— Qual o local do crime?
— Penélope diz que fica dentro da floresta.
Encararam Gabriel. Ele parecia querer dizer algo.
— Sei onde fica — admitiu. — Tenho quase certeza que é lá, e ainda sei o caminho, acho. Bem, sendo assim, ainda faltaria a pessoa cruel. Quem é ela? Alguma de vocês?
— Penélope trata essa pessoa como sendo um homem...
— Meu pai? Acho que pode ser ele. É uma pessoa horrível.
— Onde ele está?
Foram até a viatura. Lá, abriram as portas. Em meio ao odor da terra molhada, Antonieta também sentiu a carniça que era o interior daquele carro. Lá dentro, constatou, havia dois mortos e um homem inconsciente.
Uma cena digna de um pesadelo.
— Por favor — disse Antonieta —, não me diga que é um desses policiais. O sangue precisa estar fresco...
— Não, não é. É esse aqui.
Ele arrancou o adulto adormecido do veículo e o jogou na rua. Seu rosto e suas roupas começaram a umedecer. Os olhos do homem se contraíram, e em seguida foram abertos. Ele respirou profundamente e, afogado, tossiu por dez segundos.
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Reflexo do Medo
HorrorO espírito de Penélope Annenberg foi amaldiçoado por demônios a ser trancafiado em reflexos. Desde então, ela busca liberdade.