Uma ilha distante

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"Meu nome é Shukufa Mahira, a trigésima oitava rainha pirata da Organização Libertalia. Estou no penúltimo ano do meu mandato de vinte e cinco, isto é, e não tiverem posto outra em meu lugar.

Afinal, eu sou uma náufraga.

Há uma cidade estranha nessa ilha, com inscrições em Júlio César, nossa língua própria. As assinaturas remetem a 30 reis piratas, os trinta primeiros. Pelo visto, há duzentos anos, essa era uma ilha visitada. E algo a devastou.

Há sinais de guerra, inúmeros esqueletos no chão e gravuras nas paredes por todo lado. Talvez não usassem papel? Mas, sem dúvida, a coisa mais curiosa aqui é sua fauna.

Deixo esses recados gravados para quem aqui entrar não sofrer como eu.

Existem aqui seres variados. Pedras com bocas, animais iguais a árvores com cipós grudentos como braços e uma bocarra no tronco, baleias que inflam e voam, escorpiões com três rabos e pés parecidos com o de patos na ponta de suas caudas, gatos sem boca com uma haste com esfera na cabeça e asas curvas estranhas... Coelhos com corpo totalmente esférico cujas orelhas têm dedos nas pontas e têm um grande nariz para compensar a falta de olhos, lulas com corpo mais duro que pedras e um ferrão parecido com arraia... E um dinossauro com dez olhos, chifres, garras longas, casco e que pula dezenas de metros igual um sapo.

Os insetos daqui costumam ter mais de trinta centímetros, sejam as formigas, cigarras ou besouros. Assim também é com os demais animais. Me sinto pequena aqui.

O ar é muito puro, me sinto muito mais saudável e jovem nesse lugar, talvez seja algo das árvores ou algas próximas... As frutas são, quase sempre, maiores que meu braço, então fome não passei.

Entretanto, toda minha tripulação morreu.

Seguirei explorando e relatando."

- É mesmo um belo papiro, Grão Duque. No entanto, sem a devida localização, se torna um mero aperitivo curioso e questionável da história da nossa organização. Não entendo o porquê fez tamanho escarcéu com isto.

- Eu te direi, meu caro England. Eu tenho um acordo para oferecer. E se você renunciar seu cargo... em troca do maior tesouro dos mares e uma boa aposentadoria?

- Explique.

- Planejo ascender ao trono, porém para isso preciso que entre... outra pessoa primeiro. Então decidi falar com você, o mais sensato dos três reis. 

- Certo. E não teme a represália por admitir isso?

- Sei que é mais esperto que isso. Eu tenho informações privilegiadas e te darei uma boa parte dos recursos necessários para que roube um tesouro muito notável de certo país... Garanto que é dinheiro o bastante para comprar uma ilha ou até mais.

- Em troca de eu abdicar do trono, óbvio.

- E 7% do valor. É um ótimo acordo. Sei que está cansado da vida pirata.

- E o que o pergaminho que leu tem a ver com tudo isso?

- Com a autoridade de um rei, posso mobilizar muito mais recursos do que posso agora como comerciante. Planejo uma excursão para essa ilha misteriosa para usar seus recursos...

- Se roubasse o tesouro não seria mais rápido?

- Dinheiro não é o único recurso que viso. Pessoas, influência, navios... tudo isso está na prancheta. Para ser honesto, England... é por esse motivo que virei pirata.

- Sério? - o rei pirata cruza os braços.

- É. A mendiga muda da minha vila me entregou isso em seu leito de morte. É meu sonho desde criança ir nessa ilha fantástica.

Dominantes - A Guerra de Port Royal livro 2 - CruzadaOnde histórias criam vida. Descubra agora