Natal, a época mágica mosaico de inúmeras tradições pagãs roubadas e propagadas pelo cristianismo e consumismo... que época formidável. Ainda mais quando você tem tanto dinheiro que pode convidar a ilha inteira para um carro banquete...
E chama meia dúzia.
Henry Every era um homem cauteloso, reservado e mesquinho. Geralmente avesso a festividades e coisas calorosas, tal qual alérgico a pessoas alegres. Este simpático senhor, anteriormente um rei pirata, se vangloriava de sua fortuna "construída por muito trabalho duro e dedicação", como dizia aos funcionários. Entretanto, como a gigantesca maioria das fortunas, era montada sobre roubos e mentiras.
O maior roubo da história dos mares. A maior fortuna que já navegou fora roubada e nunca acharam o responsável. Bem, após chegar na ilha em questão, ele se apresentou como senhor Gui R. Inch, o que ajudou na parte de se manter oculto aos olhares curiosos.
No Natal do primeiro ano ali, ele nada fez. No segundo, fez um imenso banquete para seus empregados. Misteriosamente, todos sumiram antes do ano novo. No terceiro ano, ergueu uma estátua de si próprio e "deu de presente" para a cidade (leia-se obrigou o prefeito a mantê-la lá). No quarto ano, ele nada fez. Tampouco nos seguintes. Por isso mal se comentava do nome do dito cujo nas ruas povoadas da ilha.
Qual não foi o susto, digno de derrubar comida e pequenos apertos cardíacos súbitos, quando a estátua começou a falar. Algo inédito, vale ressaltar. Bem, estátuas costumam não falar mesmo na presença de humanos, todavia essa falava através de um microfone interno mesmo.
- Caros cidadãos, é chegado o Natal. E irei convidar seis pob... cidadãos para meu banquete especial. Por favor, façam uma fila na frente da estátua. Para aqueles que os olhos da mesma ficarem verdes, estarão convidados para a melhor ceia de suas vidas. Os demais... feliz Natal. - com certo receio, as pessoas foram fazendo fila e sendo negadas vez após a outra. Em uma hora de expectativas e frustrações, foram selecionados três moças e três rapazes para o inusitado convite.
Um deles era Jijo disfarçado. Uma delas era Sadie, a cabra.
Cochichando com o homem de perna de madeira a caminho da mansão, a capitã pirata:
- Você não é do bando do Baduzones?
- Você é pirata?
- Sou. Capitã pirata, para ser exata.
- Como soube desse lugar? Foi informação privilegiada do MEU bando.
- Tenho meus métodos. Quero propor uma parceria, rapaz.
- Fale mais.
- Te ajudo com o roubo e dividimos ao meio o montante.
- Não.
- Não? - repetiu a capitã, surpresa.
- Tenho fé na capacidade da minha tripulação. Boa sorte tentando nos superar... - sorriu sarcasticamente.
Sadie sorriu de volta. Afinal, logo ela teria medo de desafios? Não havia sido ela que, junto a uma aliança com Howell Davis e soldados indianos havia vencido o quase invencível Benito de Soto? Que dominou o Egito por pedido de um membro de seu bando? Então não seria uma tripulação novata que iria fisgar dela o maior tesouro da história. Bom, o que tiver sobrado das gastanças nestes anos, óbvio.
Victor se infiltrou no cartório da cidade se passando por avalista internacional de padrões de qualidade, averiguando quantos documentos pôde sobre o senhor "Inch". Mary convenceu com sua lábia certo bibliotecário a dar mapas da mansão do ricaço.
Agora já tinham noções da fortuna estimada e onde provavelmente ele a colocava, visto que não a guardava no banco, como investigado por Sherlock. John montou uma pequena tenda e fez questão de consultar os guardas do portão, um a um, para testar se estavam "contaminados com uma doença nova na região" e assim descobriram quantos guardas haviam. Notoriamente, ele havia solicitado consultar os novatos para passar as informações a Jijo e ter as descrições dos elementos estranhos (os visitantes) para repassar.
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Dominantes - A Guerra de Port Royal livro 2 - Cruzada
AdventureCom seu bando formado rumo ao leilão, a saga de Baduzones continua. Velhos conhecidos e novidades imagináveis tornam o leilão pirata único, e a caça ao tesouro levará o mundo inteiro para uma perigosa cruzada.