Atrás dos Bastidores - Minsung

5 - Chuva

JYP já tinha se retirado. Eu cobria meu rosto com um boné, enquanto sentia um aperto em meu coração.

Olhei para Minho que sorria fraco na minha frente.

*Por que você tá sorrindo? Por que?*

Se ele não debutasse, quase não teríamos mais contato. Se ele não debutasse, eu perderia a chance de entender por que aquele ser era tão diferente dos demais. Se ele não debutasse, eu não veria mais aquele sorriso todo dia. Se ele não debutasse... isso seria um adeus.

*Por que você tá sorrindo?*

Encarei-o com a boca levemente aberta e as sobrancelhas caídas, até perceber que uma lágrima solitária rolava em meu rosto.

Por que eu estava chorando por ele? Um adeus era tanto assim?

Eu estava confuso. Muito confuso. O que fazer? O que pensar? O que...

E ele me abraçou.

Eu nunca senti isso.

Nosso aperto foi se soltando até que não nos abraçávamos mais. Ele chegou perto de meu ouvido e então sussurrou:

- Desculpe

Senti sua voz embargada de perto, mascarada por um sorriso.

Ainda assim, quando abraçou nosso líder, o Chan, não conseguiu mais se segurar. Suas lágrimas desciam mesmo que ele tentasse contê-las, algo que eu percebia apenas aumentar seu sofrimento.

- Okay, as filmagens serão encerradas por hoje. - disse a Staff, enquanto todos se retiravam.

Apenas nós 8 estávamos lá, naquele silêncio.

- Obrigado, mas não foi dessa vez. - disse Minho sorrindo triste.

Todos começaram a animá-lo, porém eu continuava em pé parado sem dizer nada.

O que eu teria para dizer? Nada vinha à minha mente. Os outros sabiam que eu era fechado, então podem ter presumido que eu apenas estava chocado. E, sim, eu estava.

- Vamos, Han. - disse Channie.

- Vou ficar mais um pouco...

Minho já saía também por uma porta em direção à sua casa, enquanto os meninos iam por outra, voltando ao interior do prédio da JYPE. Eram caminhos separados.

Eu olhava as costas largas de Minho deixando a construção na chuva, mas não pude evitar de correr até ele.

Ao tocar seu ombro molhado, percebi que ele deu um pequeno pulo de susto.

- Han?

- Como sabia que era eu?

- Só você é estranho o suficiente para seguir alguém nessa chuva.

- Não, eu não sou estranho.

- É sim.

- Então eu não sou "ideal"? - respondi em tom de brincadeira, meio melancólico.

- Claro que é. Você é único. Eu gosto do estranho. - e riu consigo mesmo - Perto de você eu sou normal.

- Bom... - eu virei-o para que ele me encarasse - Eu gosto do normal.

Retirei seus cabelos molhados de frente do seu rosto, e consegui enxergar seus olhos marejados. Sua boca estava semiaberta mostrando seus dentinhos de coelho.

- Você disse que ficaria comigo também. Disse que "mesmo sem ser de grande ajuda", estaria ao meu lado. Por quê, Minho? - senti minha voz tremer também.

Ele me olhou com tristeza e retirou minha mão de seus ombros.

- Me desculpa - e então ele se virou caminhando lento para longe do prédio em que treinara por meros 4 meses.

Eu ainda o encarava até perdê-lo de vista naquelas ruas de Seul.

Isso foi um adeus.