thirty-one.

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Cerca de uma semana havia se passado, você estava se recuperando muito bem, melhor até que o esperado. Aizawa insistiu em te treinar para você não perder o ritmo de seus colegas, mesmo você discutindo sobre não voltar a escola, ele conseguiu te convencer. A rotina era um pouco corrida e pesada, mas nada que você já não fosse acostumada ou aguentasse.

Acordava às cinco da manhã pra treinar, ficavam até as dez e meia, que era quando você tinha uma pausa para almoçar, tomar um banho e descansar. Retomavam tudo às duas da tarde e acabavam às cinco. Faziam isso quase todos os dias, já que a escola havia dado um recesso de um mês e meio aos alunos devido os acontecimentos perturbadores.

— Mais uma vez! — O mais velho repetiu firme pela centésima vez, sua cabeça latejava e seu peito subia e descia dolorosamente.

Se colocou na posição de defesa, os braços protegendo a cabeça e o busto, os punhos cerrados prontos para serem usados. Ele deu um giro e logo em seguida você sentiu um chute consideravelmente forte na sua lateral direta, você amorteceu à pancada afastando a perna dele e devolvendo o chute. Esse qual finalmente tinha sido executado da forma correta, o fazendo ficar impressionado.

— Sinceramente achei que demoraria mais tempo pra você fazer esse golpe. Meus parabéns, [Nome]. — Ele elogiou começando a retirar as faixas dos punhos.

— Obrigado, Aizawa-Sensei. — Se curvou à ele que apenas fez um movimento fraco com a cabeça.

— Está liberada. Amanhã tentaremos de novo e mais um golpe novo. Pode ir descansar.

Você não perdeu tempo em pegar suas coisas e dar o fora dali, precisava de um banho urgentemente. Secou sua garrafinha em menos de cinco minutos enquanto andava de volta até os dormitórios. Assim que chegou foi direto para o vestiário tomar um banho, tinha uma roupa sobrando na sua mochila, essa qual você agradeceu por estar lá já que não estava afim de subir três andares só para buscar um par de roupa.

Tomou um banho quente para relaxar os músculos e vestiu uma camiseta oversize e uma calça moletom, penteou os cabelos e passou seu perfume favorito e enfim foi subir para o seu quarto. Tinha algumas atividades atrasadas que precisava entregar para passar de ano, então não tardou em fazê-las.

Assim que você abriu a porta, jogou sua mochila em um canto do quarto e foi em direção à sua escrivaninha, nem se dando de conta que um outro alguém te observava sentado na cama.

— É por isso que você é facilmente sequestrada.

Você soltou um grito jogando o estojo que estava ao seu alcance em direção à pessoa, logo vendo que era Katsuki que agarrou o objeto com facilidade e sorriu de canto.

— Filho da puta! Porra eu deveria era te matar seu merda! — Bradou irritada, bufando antes de se aproximar e dar um leve tapa na cabeça dele — Você realmente me assustou, não faça mais isso.

— Você tem que ser mais atenta, principalmente sobre deixar suas chaves em qualquer lugar. — Levantou às mãos mostrando o pequeno molho de chaves — Você é meio burrinha, né?

— Filho da... onde você pegou isso?! — Tentou arrancar às chaves da mão dele, que desviou com facilidade — Katsuki... — O ouviu gargalhar alto, uma risada gostosa de se ouvir que você nunca pensou que escutaria.

— Deixa de ser marrenta. — Te entregou a chave se jogando na cama — Não queria te assustar, bem, queria sim, mas não tanto. — Deu de ombros de observando — Deita aqui. — Deu dois tapinhas no colchão macio, indicando para você ir até lá.

— Eu tô cheia de coisa pra fazer, Bakugou. — Suspirou voltando para a escrivaninha.

Você não percebeu, mas Bakugou fez uma cara emburrada e cruzou os braços. Te observou durante um tempo antes de bufar e se levantar, começando a andar pelo o seu quarto.

— O que está fazendo?

— Obviamente andando.

— Por que não vai pro seu quarto? — Revirou os olhos o encarando.

— Porque eu não quero. — Disse simples e começou a revirar sua estante de livros, observando um por um.

— Tá, tanto faz, só não bagunça e fica quieto. — Escutou algum xingamento do mesmo no qual você não deu bola e voltou a fazer seu trabalho pendente.

Você escreveu algumas coisas, marcando os pontos principais sobre o assunto do trabalho enquanto os colocava no power point que teria que apresentar para Aizawa. Estranhou o silêncio de Bakugou, assim que ia se virar escutou a voz grave se fazer presente.

— "Vivo uma vida repleta de vergonha. A vida humana é algo que não consigo entender." — Ditou com os olhos focados em um livro que havia pegado — Não sabia que curtia clássicos japoneses.

— É um dos meus livros favoritos. — Sorriu minimamente — Já leu Declínio de um homem?

— É meu livro favorito. — Deu de ombros folheando algumas páginas — "Quanto mais penso, menos consigo entender e vivo sempre assolado pela ansiedade e medo de ser o único destoante por completo."

— Yozo era sábio, apenas não tinha consciência disso. — Comentou suspirando. A história sempre te deixava melancólica todas as vezes que lia.

— Ele era o sinônimo de declínio, destinado sempre à ruína. Creio que seja um exemplo da humanidade. — Katsuki comentou, também parecendo melancólico — Um pouco burro, eu diria, mas acho ele foda.

— Ele foi bem forte. — Escutou um "Sim." baixo, e então seus olhares se encontraram — Por que esse é seu livro favorito?

A resposta demorou para vir, Katsuki folheou mais algumas páginas do livro, lendo alguns versos que você havia marcado, parecendo pensar bastante sobre cada palavra posta nas linhas.

— Ele é um desastre ambulante, destinado a discórdia e a decadência até o último dia de vida, — Suspirou fechando o livro e o colocando novamente na estante — como eu.

— Acho que você se perdeu nesse conceito. Você não é nada como ele. — Negou se levantando e se sentando na cama — Yozo é um reflexo das situações desprezíveis que a humanidade passa, momentos que refletem nossos problemas, mesmo ele tendo sido alguém humano, ainda parece que foi criado calculadamente para mostrar como a vida pode ser desprezível, e não como um ser humano pode ser desprezível, Tsuki. — O viu te observar, atento a cada palavra — Pessoas não nascem más, elas se tornam más. Seja por influência, por falta de escolha ou até mesmo por escolha. Mas nunca se é tarde pra mudar, a vida é longa, cheia de dores, mas longa o suficiente para fazermos a escolha certa. Não é tarde, somos jovens, erramos muitos, mas todos temos nossa chance. E eu vejo o quanto você se esforça pra ser alguém melhor, porque você é alguém incrível.

Ele parecia encantado, parecia absorver cada palavra e refletir sobre tudo, sem tirar os olhos vermelhos vivos de você um minuto sequer. Katsuki Bakugou estava completamente hipnotizado por você. Ele não sabia por quê ou quando aconteceu, mas ele sabia que estava.

Ele lentamente se aproximou de você, ficando entre suas pernas enquanto vocês o olhava um pouco confusa. Sem aviso nenhum ele praticamente se jogou em cima de você, abraçando seu corpo fortemente como se a qualquer momento você pudesse fugir dali.

— O que...

— Sh. Só cala a boca. — Ele pediu enterrando o rosto na curvatura do seu pescoço, permanecendo ali, se sentindo entorpecido pelo seu cheiro.

Você não entendeu muito bem, mas apenas respeitou o pedido do loiro, envolvendo as costas dele, retribuindo o abraço e deixando um carinho ali.

Katsuki não sabia o motivo de querer tanto o seu toque, mas naquele momento ele simplesmente precisava, precisava disso tudo, precisava do seu carinho, da sua compreensão.

Ele precisava de você agora.

Ele te apertou forte, mas sem te machucar, contra o próprio corpo, querendo mais e mais do contato.

— Obrigado... por tudo. — Disse baixo, quase num sussurro, te fazendo arrepiar por estar tão perto da sua orelha.

— Não tem de quê...

                              [Continua...]


panfletando declínio de um homem pq é meu livro favorito e é simplesmente incrível, e toda vez q eu leio eu sempre lembro do bakugou entt queria por em algum cap.

𝐂𝐇𝐀𝐎𝐓𝐈𝐂 𝐋𝐎𝐕𝐄 - Bakugou Katsuki [REESCREVENDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora