Capítulo 10

11K 569 20
                                    


                      ELᴇ é ᴜᴍ ᴄʜᴀᴛᴏ

                                       
𝗚𝗮𝗯𝗿𝗶𝗲𝗹𝗹𝗮 𝗥𝗼𝗱𝗿𝗶𝗴𝘂𝗲𝘀

- Acha mesmo que esse tecido é sustentável Gabi? - Emma pergunta enquanto segura a saia para eu dar um ponto com a pinça - A impressão que me dá é que quando a modelo se abaixar vai rasgar e mostra sua calcinha.

- Meninas, eu não quero ter meu bumbum exposto assim... - A modelo loira e bem alta diz, preocupada.

- Não se preocupe Alice - A tranquilizo. Levanto e confiro como ficou. - Está na medida certa, pode dar impressão que vai rasgar mas não vai. Confie em mim. - Alice assente em concordância.

- Ficou muito lindo esse vestido que você fez Gabi, magnífico! - Emma elogia, olhando a modelo.

- Sim, vovó ficaria orgulhosa. - Concordo com minha amiga. E sinto meu peito apertar em saudades. Ainda não me acostumei com a distância.

- Tira uma foto e manda pra ela. - Emma diz.

Faço o que sugere e envio a foto.

- Preciso me apressar se não vou me arrumar as pressas para trabalhar. - falo, guardado minhas coisas na bolsa e pegando as roupas.

- Você vai comigo conhecer a academia mais tarde?

- Eu não sei Emma, sua academia é muito cara.

- Eu já disse, a rede de academias que eu frequento é do meu irmão, você não precisa pagar, é minha amiga!

- Eu não vou de graça Emma, me sinto uma aproveitadora. - Ela suspira.

- Eu faço pra você pagar com desconto - Ela sugeri - Só vamos conhecer, por favor.

- Conversámos pelo o celular. Tchau, beijo. - Me disperso e começo a sair.

- Beijos!

                              ✈︎

Hoje completa um mês que estou em Paris, um mês que estou na faculdade dos meus sonhos e quase um mês que trabalho para Marcel Renolt.

Diferente do começo hoje me sinto bem aqui em Paris. Emma me ajuda a me sentir em casa.

Mas confesso que é difícil ser pobre e ter uma amiga milionária. Além de querer pagar tudo quando saímos juntas, Emma é o tipo de pessoa que a linguagem de amor é presentes. Sempre que compra algo para ela quer comprar pra mim também. Algumas amariam isso e até se aproveitariam, mas tento recusar o máximo que posso, não quero que pense que só sou sua amiga por conta dos seus status financeiro. Emma é um ser humano incrível, de coração generoso, e quero levar sua amizade comigo. Quero preservar e fazer durar.

Na faculdade tudo esta indo muito bem. Me enturmei mais com a minha turma e com as meninas que divido apartamento. Todo final de mês na faculdade temos que apresentar um trabalho e nesse preparei um conjunto lindo de roupa de festa. Eu mesma criei e hoje dei os últimos ajustes. Estou ansiosa para apresentar daqui a três dias.

Ainda sinto muita saudade dos meus amigos, da minha família, e do meu pais. Mas estamos sempre em comunicação, o que facilita muito as coisas. O grupo que tenho com Caio e valem no WhatsApp sempre está movimentado com muitas conversas paralelas e fofocas.

E para minha surpresa Daniel puxa assunto de vez em quando. Nossa conversa até rende, somos amigos acima de tudo e ele sempre foi muito bom comigo. E ele sabe que é só amizade, deixei claro antes de vir para Paris.

E no trabalho eu e Marcel conseguimos estabelecer uma boa dinâmica entre nós dois. Cuido dos e-mails dele, marco suas reuniões, cuido do seus contratos, e claro, ele gosta que eu prepare o seu café da tarde. Então sempre as dezessete horas eu levo o café até sua mesa e ele está sempre sentado em sua poltrona,  resolvendo algo no computador, apenas me  agradece e eu saio.

Nossa relação ainda é bem robótica, o clima ainda é estranho. Não que eu queria me tornar sua melhor amiga, mas é estranho para mim porque nas horas que estou aqui é com ele com quem tenho mais contato. Mal vejo outros funcionários porque meu chefe tem o último andar só para si. Com sua sala e sua recepção.

Então depois de levar seu café eu aproveito meu momento de descanso e desço para uma das melhores partes daquela empresa. Uma área onde os funcionários comem e descansam. Na hora do meu lanche que sempre pego algo pra comer lá porque a empresa oferece para os funcionários, e jogo conversa fora com alguns colegas que fiz. Quando estou com atividade da faculdade acumula eu cento em uma das mesas de lá e faço o máximo de atividades que consigo e depois volto ao trabalho.

Minha relação com Marcel é profissional, durante o horário de trabalho falamos só o necessário e também não é sempre que entro na sua sala. Quando preciso avisar algo faço isso pelo interfone que tenho disponível justo pra essa tarefa. Mas entro lá dentro pelo menos duas a três vezes por dia. Ele disse pra eu usar o banheiro dele já que não tem outro nesse andar além do está dentro da sua sala. No começo eu ia no dos funcionários, mas duas vezes que eu fiz isso Marcel disse que precisou de mim e eu não estava lá, então ordenou que eu usasse o dele.

Eu não gosto de entrar na sala dele só para usar o seu banheiro, é meio constrangedor. Marcel parece não se incomodar, mas mesmo assim tento ir só uma vez no expediente.

Mas todas as vezes que entro em sua sala seja para ir no banheiro ou não, sinto seus olhos em mim. Não importa o que eu esteja fazendo, eles sempre estão em mim.

- Pode entrar. - Escuto sua permissão do outro lado da porta. Caminho até sua mesa e deixo seu café. Quando estou prestes a virar para sair ele volta a falar. - Fique, preciso conversar com você. - Avisa - Sente-se.

Seu tom é sempre mandando, nunca pedindo. Tenho vontade de revirar os olhos mas me contenho e sento.

- Do que se trata? - Pergunto, observando tomar um gole do café.

- Sobre a viagem ao México nesse final de semana... - Diz, colocando a xícara na mesa novamente - Você vai comigo.

Como eu disse, nunca pedindo, sempre mandando, avisando.

- Sim senhor. - Concordo, como a boa secretária que sou.

O vejo respirar fundo antes de continuar.

- Vamos na sexta a tarde e voltaremos no domingo. - Avisa - Isso irá atrapalhar suas aulas?

- Não, está tudo bem.

- Ótimo. - Diz, se encostando na poltrona - Você já sabe o que vamos tratar lá, então quero que esteja por dentro do assunto da reunião e prepare os contratos que lhe mandei por e-mail.

- Sim senhor.

Ele fica calado por um tempo e os nossos olhos se prendem um no outro, daquele jeito intenso que nenhum consegue desviar. Daquele jeito que meche comigo e que morro de medo que ele perceba que me deixa assim.

Então sou a primeira a perder essa batalha. Desvio meus olhos olhando pros lados e volto a falar.

- Mais alguma coisa?

- Não, a senhorita pode ir. - Responde, ainda me encarando.

- Com licença. - Enquanto levanto vejo os seus olhos descerem pelo meu corpo. Sugo um pouco de ar enquanto anda em direção à porta.

Sei que ainda está me olhando da sua poltrona, naquela pose de rei França que o deixa tão atraente.

As vezes me pergunto se é normal a temperatura do corpo aumentar tanto por outra pessoa.

                            ✈︎

- O que achou da academia? -Emma pergunta quando estamos descendo pro estacionamento, as duas suadas e cansadas.

- Gostei, ela é muito espaçosa e tecnológica. - Falo suspirando. Estou morta.

- Então aceita o desconto vai... - Emma insiste, e vejo o motorista dela abrir a porta do carro para nós duas entrar.

- Ok Emma, mas vou aceitar só 20% de desconto. - Digo, entrando no carro depois dela.

- Isso é quase nada! 70% Vai...

- 50 e não se fala mais nisso. - Coloco o cinto - Com 50% eu consigo pagar essa academia de rico.

Emma dá um gritinho animado.

E eu acabo caindo na risada junto com o seu motorista.

                              ✈︎

- Então você vai viajar com o gostoso do seu chefe? - Valem diz do outro lado da linha - Amiga...

- Sim, eu vou. Tenho que ir na verdade. Eu sinceramente espero que ocorra tudo bem, e quando digo bem me refiro a profissionalmente senhorita Valentina. - Deixo claro, sabendo a amiga que tenho.

- Você sabe que eu apoio uns amassos entre vocês dois, ele é lindo Gabi! - Diz, praticamente gritando - Eu só o vi por foto da internet, e se for tudo aquilo mesmo então eu não sei como você não pulou em cima dele ainda.

- Não vai acontecer nada Valem. - Deixo claro, enquanto dobro mais uma roupa para colocar na mala - Não posso permitir, é o meu trabalho que está em jogo. Fora que eu não acho que ele queria algo comigo ao ponto de realmente querer fazer acontecer. Ele é um homem adulto, deve gostar de mulheres da idade dele. Temos dezessete anos de diferença. - Falo até surpreendida. As vezes me esqueço disso. - Também não é saudável eu me envolver com um homem tão mais velho.

- Você já é adulta, jovem, mais é! Você é madura e está a frente da sua idade. Fora que é maravilhosa Gabi! - Seu elogio sai de maneira empolgada. - É super compreensível ele se sentir atraído por você assim como você por ele. E não haja como se fosse impossível Marcel querer ter algo com você, eu na verdade acho que ele já quer. Pelo menos é o que parece, pelo que você me falou. - Deito na cama, desistindo da mala por enquanto. - E sobre a diferença de idade, quem liga? Vocês são adultos, não tem nada de errado. E você é inteligente demais para ele conseguir brincar com você. Não se preocupe.

- Eu já tomei minha decisão Valem. Não posso me deixar levar pela atração que sinto. Ele é meu chefe!

- E daí? Vai que ele te dar um aumento? 

Agora ela arranca uma risada minha.

- Você é louca... - Minha voz ainda está risonha.

- E você está louquinha pelo o seu chefe.

- Ele é um chato! - falo, lembrando da vez que ele mandou eu trocar de xícara porque não gostava do modelo que eu tinha escolhido.

- É, mas isso não diminui a atração que você sente não é minha filha? - Sua tom é debochado.

Não, não diminui.

                             ✈︎

Meu Chefe ArroganteOnde histórias criam vida. Descubra agora