Capítulo 11

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                            Mᴇ́xɪᴄᴏ

                                    

𝗚𝗮𝗯𝗿𝗶𝗲𝗹𝗹𝗮 𝗥𝗼𝗱𝗿𝗶𝗴𝘂𝗲𝘀

No mesmo horário de sempre chego ao trabalho, só que hoje com uma mala, pronta para embarcar para o México.

Confesso que estou ansiosa, é um novo país que nunca imaginei conhecer, não tão rápido. Conheço um pouco da sua cultura, e adoro falar espanhol. Lá eu vou poder matar um pouco da saudade que sinto em falar algo em um idioma que não seja francês, inglês ou português. Nunca usei muito o meu espanhol.

- Está pronta? – Marcel pergunta ao sair de sua sala, me encontrando na recepção.

- Sim. – Aceno.

- Meu motorista esta nos esperando lá embaixo. – Ele avisa dando passagem para eu entrar no elevador e faz o mesmo em seguida.

E lá vamos nós.

                             ✈︎

Embarcamos no voo a uma hora atrás, e claro, de primeira classe. Eu não me importo se é ou não, mas já esperava. Nem consigo imaginar Marcel Renault em um voo econômico.

É bastante confortável, agradável e muito chique também. Tem muita mordomia e comida a qualquer momento. E realmente será só eu e ele nessa viagem, se vamos encontrar alguém será lá. Nossas poltronas é uma ao lado da outra, não falamos nada, mas isso eu já esperava, Marcel é um homem calado e eu prefiro não puxar assunto. Mas a curiosidade para saber se ia demorar ou não estava me corroendo.

- Falta muito para chegar ? – Pergunto a ele, que está vendo algo no celular.

- Uma hora.

Volto a olhar para paisagem, para ser mais exata as nuvens. Marcel me deixou ficar ao lado da janela. Sei que não sabe, mas eu gosto muito. É a terceira vez seguida que bocejo, o sono está cadê vez mais forte e acho que é porque acordei mais cedo que o comum para terminar uma atividade da faculdade.

- Pode dormir tranquila, eu a acordo quando chegarmos. – Ele diz de repente. E mesmo não sendo uma ordem eu durmo, pois estou me sentindo muito cansada.

                             ✈︎

Ontem quando finalmente chegamos ao hotel já era noite, e Marcel não gostou nada. O avião demorou horas para aterrissar no México. Eu nem senti o tempo porque dormi o voo todo, até o momento que Marcel me acordou. No começo sentia algo no meu rosto, depois parou e só escutei a voz dele me chamando e finalmente acordei. Percebi que eu estava dormindo com a cabeça em seu ombro. Depois de mais dispersa me perguntei se foi assim a viagem toda, e se ele não se incomodou.

Mas guardei as dúvidas para mim.

Só sei que o fato de eu ter dormido com a cabeça no seu ombro explica as vezes que senti seu cheiro durante o sono. E se Deus quiser eu não sussurrei seu nome enquanto estava sonolenta.

Amém.

Ficamos em quartos diferentes mas no mesmo andar, um ao lado do outro. Antes de nos separarmos Marcel avisou que íamos sair para jantar. E agora estou sem saber o que vestir.

Eu sei que é só um jantar, mas ele é milionário, ou bilionário, sei lá. Só sei que Marcel não frequenta qualquer restaurante. Não posso nem ir muito arrumada e nem muito simples, tenho que me vestir como se fosse algo comum da minha rotina frequentar esse tipo de lugar mais sofisticado. Então coloco uma calça jeans preta de cintura alta junto com body de renda com cor predominante vermelho vinho. Coloco uma bota preta e um bolsa. Para finalizar escolho alguns acessórios. Quando estou dando uma última checada no espelho escuto algumas batidas na porta, e sei que é ele.

Meu coração acelera.

Pego minha bolsa e vou em direção a porta, e assim que abro dou de cara com um Marcel diferente.

Desde que o vi pela primeira vez ele usa terno, sempre vestido como um empresário. Hoje ele continua elegante, mas de um jeito diferente. Usa uma calça preta, blusa de manga longa marrom, que ficou perfeita em seu corpo, marcado seus músculos mas sem exagero. Está com sapato social e o seu relógio.

Percebo que eu estava o encarando por tempo demais e respiro fundo, me recompondo. Porém ele ainda não diz nada pois também parece estar me analisando.

- Pronta?

- Acho que sim. Minha roupa está boa? – Pergunto com um pouco de vergonha, mas faço mesmo assim porque é necessário. – Eu ainda estou aprendendo a me vestir para os tipos de ambientes que você frequenta.

- Você está ótima. Sempre se veste muito bem. – Seu elogio rapidamente me faz sentir mais confortável e segura com a minha roupa.

- Obrigado.

                              ✈︎

Marcel veio dirigindo até um restaurante que fica a uns dez minutos de carro. Durante todo trajeto nós não conversamos, mas o silêncio não era desconfortável. Pensei que mais pessoas poderiam se juntar a nós, mas não. Somos só eu e ele.

- Não podia esperar até amanhã pra vir nesse restaurante, eles tem a melhor comida mexicana que já provei. – Marcel comenta, enquanto descemos do carro.

- Eu gosto de comida mexicana, mas a lista das que já provei é bem limitada. Mas acho que  nachos sempre vai ser meu predileto.

- Seu espanhol é tão bom quanto o seu francês? – Pergunta, enquanto caminhamos até o restaurante.

- Sí, así lo creo. – Repondo, em espanhol - ¿habla español?

- Si, hablo um poco.

- Es portugués? – Pergunto sorrindo, não podia deixar essa passar.

Marcel me dá um olhar severo e eu não aguento e acabo soltando uma gargalhada. E o vejo sorrir também. O que me surpreende.

- Podemos pedir nachos de entrada, os daqui são muito bons. – Ele sugere, quando já estamos sentados na mesa.

- Pode ser. – Concordo, gostando da ideia.

O restaurante é bem agradável, e não é tão extravagante como estava imaginando então não me sinto deslocada. Gostei daqui.

Marcel faz o pedido ao garçom e voltamos a ficar só nós dois.

- Posso saber o que o senhor tem contra o meu país? Ainda não entendi. – Pergunto com bom humor, lembrando da sua dificuldade em falar português.

O que é compreensível. Português não é uma língua fácil de aprender.

- Na verdade, contra o Brasil eu não tenho nada.  Infelizmente nunca pude conhecer seu pais melhor, minhas viagens para lá sempre foram muito breves. – Diz, bebendo um pouco de água – O meu problema é com um idioma. É muito complicado e não tenho tempo para ter aulas.

- Não se preocupe, é complicado para todos. – Eu o tranquilizo. – Emma que gosta bastante quando me escuta falando. Ela já até aprendeu alguns palavras.

- Emma sempre foi muito inteligente. – Marcel diz, com um sorriso no rosto. – Vocês estão bem próximas, não é?

- Sim, sua prima é uma pessoa incrível. Tive sorte em conhecê-la.

- Ela também tem sorte. – fala, sem desviar seus olhos de mim. E a única coisa que em consigo dar em resposta é um sorriso, pois seu elogio indireto me deixou até tímida. – Você está gostando de Paris?

- Confesso que no começo eu me sentia deslocada, na faculdade principalmente. Mas agora está tudo bem.

- Os franceses não são tão receptivos quanto os brasileiros eu imagino. 

- Sim... – Concordo com um aceno. – Mas estou gostando mesmo assim.

- E a faculdade? É como você imaginava?

- Muito! – Esse assunto me anima, então contenho meu sorriso. Acabo até aproximando mais meu tronco da mesa, apoiando meus cotovelos. – É muito bom finalmente está vivendo esse sonho. Confesso que as vezes ainda ficou sem acreditar que consegui.

- De esse sonho veio? – Ele pergunta, também se aproximando da mesa e ficando quase como eu. Marcel parece realmente interessado em me escutar falar.

- Minha vó Maria, é costureira, é quando eu ainda era uma criança gostava de ajudá-la a fazer minhas roupas de boneca. Era incrível como aos meus oito anos eu ficava fascinada com todo o processo.

- A Gabriella de oito anos era uma criança atrevida também? – Marcel pergunta, e seu olhar tem um brilho diferente. Que só enxerguei agora porque estamos mais próximos.

- Acho que sim, por isso aprendi tão rápido. – Dou de ombros – Uma criança só precisa de uma pitada de coragem e vontade para conseguir fazer o que quiser.  Porque quando somos crianças o medo do julgamento não existe.

- Precisa do talento também, é um conjunto.

- Sim... – Eu concordo, também não conseguindo tirar meus olhos dele. – E você? O que o Marcel de oito anos gostava de fazer? Brincar com carrinhos? 

Ele sorrir.

Com os dentes a mostra.

Acho que é a primeira vez que vejo isso acontecer. E estranhamente meu coração bate mais forte.

- Bolos. – Sua resposta me surpreende. – Para o Marcel de oito anos fazer bolos era a melhor brincadeira que tinha.

- Estou impressionada. – Admito.- Faz bolos até hoje?

- Não. – Reparo que ele engole em seco. – Hoje em dia gosto de fazer a janta, ou almoço as vezes.

- Por isso decidiu fazer uma coisinha naquele local do seu andar na empresa?

- Não exatamente, mas eu queria que fosse algo útil.

- Um banheiro era uma boa ideia não? Assim eu não atrapalharia você entrando na sua sala só para ir usar o seu banheiro.

- Não me importo em dividir o banheiro com você. Você não atrapalha e é sempre discreta. E quando te contratei já tinha noção que ia ter que dividir o meu banheiro com você. – Eu apenas aceno. – Não quero que se sinta desconfortável indo lá Gabriella. – Seu tom é mais mandão agora, o que faz sorrir.

- Tudo bem. – Mordisco meus lábios, me sentindo estranha com essa conversa toda.

Estranhamente bem e eufórica.

- Com licença, aqui estão seus pedidos, senhor e senhorita.

Eu me afasto, me ré encostando na cadeira confortável. Marcel faz o mesmo, sem tirar os olhos de mim.

- Eu conheço um lugar que acho que você vai gostar de conhecer. – Ele diz, quando o garçom sai. – Quando terminamos aqui, podemos ir lá.

- Claro...- Eu concordo, um pouco impressionada com a sua proposta. 
                   
                              ✈︎

- Esse é o museu Yvus Say Laurent? – Pergunto, quando Marcel abre a porta do carro para eu sair.

- Sim. – Confirmar. E eu ainda estou olhando o edifício, com a boca surpresa.

Não acredito que ele me trouxe aqui.

Marcel Renolt, o empresário arrogante e antipático de poucas palavras me trouxe a um museu de moda. Da marca Yvus Say Laurent, onde contém cinco mil itens de vestuário e mais de quinze mil acessórios da alta costura. Eu só o conheço por foto, e claro que sempre tive o sonho de conheça-lo. É um dos pouquíssimos museus do México.

- A fundadora da loja era tataravô de um amigo, e a atual dona é tia desse meu amigo. – Explica, e meus olhos vão para ele. -  Ele se chama Adrien Laurent. E a essa hora o museu já estaria fechado, porém, com uma ligação consegui que ele permanece aberto só para nós.

- Sério? – Pergunto em um suspiro. Porque as batidas fortes de meu coração no momento me deixam até desorientada.

- Sim, hoje temos tempo e imaginei que gostaria. Pode agregar conhecimento a sua mente de estilista.

- Obrigada Marcel, isso é incrível. – Agradeço, ainda um pouco desacreditada.

Ele me acompanhou e me ouviu falar sobre tudo.  Escutou os conhecimentos que eu tinha sobre o museu, meus vários elogios, me fez perguntas, induzindo eu a falar ainda mais. Eu pedi que batesse fotos minhas, e no final, tudo durou mais de duas horas.

Mas eu nem senti o tempo passar.

                              ✈︎

- Você ficou calada. – Marcel diz depois que estamos a um tempo no carro, voltando para o hotel.

Acho que falei tanto que agora a diferença é perceptível.

A questão é que fiquei pensativa depois desse tempo com ele. A conversa fluiu tão bem que mesmo sendo eu a que mais falava Marcel ainda sim participava, me incentivava e puxava assunto. Me fez sentir a vontade. Ele parece querer conhecer a verdadeira Gabriella, a versão diferente da secretaria.

Eu conseguia enxergar o interesse em seus olhos enquanto me escutava tagarelar.

Descobri o quão Marcel pode ser agradável. O quão inteligente ele é e já notei o quão generoso ele consegue ser. E mesmo contra minha vontade, essas qualidades o deixam ainda mais atraente para mim.

Faz ser mais difícil ainda lidar com os meus supostos sentimentos por ele.

E essa ficha caiu enquanto estávamos caminhando em direção ao carro, para irmos embora do museu.

- Fique a vontade para colocar uma música se quiser.  – olho em sua direção, ao meu lado – Quero saber o que gosta escutar no Brasil.

Me animo, então decido procurar por Luan Santana no Spotify, logo em seguida coloco para tocar “Tanto faz”. Cantarolo baixinho, gostando de como tudo fica melhor com música.

- O que diz a música? – Marcel pergunta, manobrando o volante, com suas mãos grandes.

- O quarto meio escuro, a janela aberta, porta encostada a lua está tão bela, e eu estou aqui sentindo falta de você... – Digo, em francês – Se trata sobre sentir saudades, sobre amor.- Explico.

Ele fica calado, com os olhos na estrada. Quando se passa um tempo até penso que não vai falar mais nada, porém meu chefe continua.

- Tem alguém esperando por você no Brasil?- Sua pergunta me faz franzir as sobrancelhas, pensando se escutei direito.

- Como?

- Um namorado, como você disse, um “amor”. – Diz a última palavra com pouco caso.

- Não. – nego – Não tenho esse tipo de amor me esperando no Brasil.

Observo sua expressão relaxar, enquanto dobra na próxima rua.

Ele gostou da minha resposta?

- E você? – Pergunto, curiosa. E até com um receio de escutar a sua resposta. – Já teve um amor? Ou tem um?

- Não acredito nesse tipo de coisa. – Ele diz, entrando no estacionamento do hotel.

- 𝘊𝘭𝘢𝘳𝘰. – Ironizo, revirando os olhos.

Claro que um homem como ele acredita que o amor é bobeira.

- Não revire os olhos para mim, Gabriella. – Sua voz sai com repreensão e seu olhar é rígido.

Acabo sorrindo, mas tento conte-lo mordendo os lábios. Meus olhos capitam o momento em que os seus descem para minha boca.

- Sim, senhor. – Digo de forma obediente, e tento mandar meu melhor olhar inocente.

O vejo respirar fundo, ainda olhando para mim.

- E não me olhe assim também. – Sinto um arrepio subir a minha coluna ao escutar o quão rouca está a sua voz.

- Sim senhor... – digo, sussurrando. Dessa vez sem intenção de brincar.

Vejo o momento em que trinca seu maxilar, parecendo até bravo enquanto sai do carro batendo a porta. Um suspiro me escapa. Ao mesmo tempo que me sinto eufórica também me sinto receosa.

Tiro o cinto e pego minha bolsa, pronta pra sair até que Marcel abre a porta para mim. Eu saio, e sem dizermos mais nada pegamos o elevador para ir aos quartos.

- Obrigado por me acompanhar essa noite. – Ele diz ao pararmos em frente a porta do meu quarto. Com as duas mãos nos bolsos.

- Obrigada pelo jantar e pelo passeio incrível no museu. Não sei nem como te agradecer.

- Não se preocupe com isso. Fico feliz que gostou.

- Eu amei. – Falo com sinceridade, me perdendo em seu olhar por uns segundos.

- Boa noite, Gabriella.

- Boa noite Marcel.

                             ✈︎

O dia seguinte foi marcado por muito correria.

De manhã cedo acordo e já me arrumo. Coloco um de meus trajes de secretária que é um vestido vermelho até os joelhos, colado ao corpo e um salto mude. Encontro Marcel no refeitório para tomar o café da manhã e o vejo em um terno preto que o deixa com ar de poder.

- Como assim você nunca andou de bicicleta? – Pergunto abismada, enquanto comemos.

- Aaron achava melhor não, mas já aprendi sim e andava escondido. – Explica melhor, com uma expressão fazia no rosto. É sempre assim quando fala de que pai.

- Deveríamos dar um passeio de bike pelas as ruas do México então. Seria incrível. – Sugiro, divagando.

- Não vou andar de bicicleta Gabriella, já passei dessa fase.

Imagina, 𝘔𝘢𝘳𝘤𝘦𝘭 𝘙𝘦𝘯𝘰𝘭𝘵 𝘢𝘯𝘥𝘢𝘯𝘥𝘰 𝘥𝘦 𝘣𝘪𝘤𝘪𝘤𝘭𝘦𝘵a...
C𝘰𝘮 𝘴𝘶𝘢 𝘱𝘰𝘴𝘦 𝘥𝘦 𝘪𝘮𝘱𝘳𝘦𝘴𝘢́𝘳𝘪𝘰, sua 𝘤𝘢𝘳𝘢 𝘥𝘦 𝘮𝘢𝘶, e 𝘶𝘴𝘢𝘯𝘥𝘰 𝘴𝘦𝘶 𝘣𝘰𝘮 𝘵𝘦𝘳𝘯𝘰.

Seria uma cena Hilária

- Do que está rindo?

- Imaginei você andando de bicicleta – Dessa vez me escapa uma risada sincera. – Desculpe.

Esse homem é enorme. A bicicleta teria que ser tão grande quanto.

- É por isso que eu não ando de bicicleta.

                              ✈︎

- Ele vai fechar o contrato? – Pergunto baixinho para Marcel, enquanto observamos Martin Pérez conversar com seu advogado do outro lado da sala que estamos tendo essa reunião – Ele parece incerto.

- Ele vai sim. – Marcel diz, com garantia. – A proposta é ótima, o que o faz repensar é o medo do público mexicano não mostrar interesse o suficiente para suprir os gastos. – Explica – Mas o que Martin não sabe é que a que no México hoje em dia as opções de carros estão muito limitadas, as pessoas vão sempre para as mesmas marcas... A Renolt vai chegar como algo novo. – Não consigo deixar de olhá-lo enquanto fala, e meu chefe mantém seus olhos nos dois que estão no canto da sala conversando – Mas mesmo incerto ele vai aceitar minha proposta, por que sua empresa está a beira da falência. Essa pode ser sua grande chance e eu a estou dando em suas mãos.

- Marcel...  – Martin se aproxima com seu advogado – Vamos assinar o contrato.

Marcel olha para mim, e pisca discretamente um olho acompanhado de um sorriso de canto.

Charmoso.

Marcel consegue ser muito charmoso quando quer.

O homem assina e conversa um pouco com meu chefe antes de finalmente ir. Enquanto isso, eu organizo a papelada em uma pasta.

- Você é muito bom no que faz, senhor Marcel.  – Elogio, quando ele se aproxima.

- Obrigado, senhorita Rodrigues.

                              ✈︎

- Nem fizemos o nosso passeio. – acabamos de nos acomodar nas poltronas do avião, quando me lembro. – Você poderia perder a vergonha de andar do bicicleta. 

Marcel sorrir em minha direção. Eu posso me acostumar com isso...

- Thomas vai precisar de mim hoje a tarde, temos que chegar antes. – Ele diz – Caso contrário eu a levarei para um passeio na cidade.

- De bicicleta? – insisto já sabendo a resposta, mas gostando de pegar no seu pé.

- Não.

- Você não sabe o que está perdendo. – Aviso, me aconchegando na poltrona e conectando meus fones de ouvidos. – Quer escutar música comigo? – pergunto – Você não dormi, não escuta música e nem assisti filmes. Suas viagens de avião devem ser muito entediantes.

- E como pode saber disso se você passa a viagem toda dormindo? – Rebate, com bom humor.

- Apenas pegue esse fone ok? – Coloco em sua mão – Se não gostar das músicas você me devolve.

Nos acabamos passando a viagem assim, calados, apenas escutando músicas. Até que em certo momento eu adormeço e não lembro de mais nada.

                                 ✈︎

Meu Chefe ArroganteOnde histórias criam vida. Descubra agora