Contos de suspense/terror

Ele poderia perceber

Ele saiu de casa, colocou sua jaqueta favorita, e entrou em seu carro. Com as mãos no volante e o rádio ligado, finalmente percebeu que algo faltava, olhou mais uma vez em direção a sua casa, porém ignorou sua ansiedade e se direcionou para fora de sua rua.

Ele é tão ingênuo, agradeço que tenha esquecido seu portão destrancado, entro na casa que estava finalmente aberta para mim. Cada canto daquela casa lembrava o tempo que passamos juntos, mesmo que ele nem se dê conta de quão especiais esses momentos foram. Ando até o quarto dele e finalmente vejo como ele deixa seu ambiente pessoal, mesmo que eu já tenha vindo aqui diversas vezes.

Passei o restante do dia usando suas roupas e passeando pela casa, de repente ouço o barulho do carro chegando. Hoje é o nosso aniversário da primeira vez que o vi andando pela minha rua, ainda me lembro da adrenalina de segui-lo durante dias, enquanto ele ia para seu trabalho. Eu queria conhecê-lo melhor, mas ele não estava com essa vontade, nós chegamos a conversar, porém ele falou que não queria coisas sérias. Eu senti raiva, mas sei que um dia ele mudará de ideia, um dia ele vai me amar, pode ser daqui a alguns anos, ou talvez décadas, pode ser em outra vida. Mas vai funcionar.

Ele entrou, e percebendo que sua casa havia passado o dia aberta, deu um suspiro longo, se sentiu um idiota. Olhou para a porta e finalmente a trancou, subiu em direção ao seu quarto e pegou suas roupas, já em seu banheiro tomou um banho para relaxar do dia estressante que passou. Seu jantar foi sem graça, a comida estava fria, fazia dias que se sentia puramente sozinho. Soltou um suspiro de alívio ao finalmente se deitar em sua cama.

Pobre homem, poderia ter olhado seu guarda-roupa, ou talvez ter reparado nos estalos que ele soltava durante a madrugada. Ou talvez se houvesse sentido a respiração irregular perto de seu rosto, ele poderia perceber que não estava sozinho.