Poderia ser diferente

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Estava assustada, seu coração batia frenético enquanto a moça tentava controlar a respiração, não queria que a pessoa que se encontrava escondida em sua casa a ouvisse e a matasse.

Talvez o medo não tenha cheiro, mas tinha certeza que mesmo não fazendo sentido, aquela pessoa conseguia sentir o cheiro do pavor que passava por seu corpo. Ouviu passos, aqueles sons que faziam o assoalho ranger, sons que mesmo lentos se faziam cada vez mais próximos.

As lágrimas já escorriam em seu rosto, não teria jeito, não sabia o porquê aquela pessoa a queria tanto morta. A porta do quarto em que estava escondida finalmente se abriu, revelando sua antiga amiga. A amiga que perdeu a uns anos quando brigaram por um emprego, às duas haviam concorrido para uma vaga, mas somente ela havia conseguido.

A briga ocasionada por isso, fez sua querida amiga ter ódio de si. Aquela amiga com quem já compartilhou tantos bons momentos, com quem teve suas tristezas amparadas.

Sabia que implorar por sua vida não iria adiantar, nem tentou, somente fechou seus olhos e esperou a dor se alastrar. Porém ouviu um choro contido e doloroso, sua amiga somente disse:
— Eu sinto muito…

A dor logo chegou em sua barriga, e seu corpo imóvel e agora coberto de sangue, foi de encontro ao chão. Sabia que sua amiga havia falido, sabia que ela agora roubaria seus bens, sabia que poderia ter impedido isso se tivesse dado seu dinheiro para a amiga.

Mas foi egoísta, esse era o resultado.

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