Dentro da minha cabeça

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Adam lia seu livro em voz baixa, até ouvir uma voz estridente falando consigo.
— Esse livro tem um romance insustentável, não sei porque continuamos a ler ele.
Adam olha para os lados assustado, mas o silêncio prevaleceu por um curto período, o fazendo acreditar ser somente coisa da sua cabeça.

       Dia seguinte

Era um dia quente e cansativo, Adam sabia que faria hora extra no trabalho, só de se recordar disso seu ódio crescia. Ultimamente aquela voz estridente em sua cabeça o deixava maluco, não sabia o que fazer. O medo de estar sendo perseguido o deixa aflito, nunca se deu conta de como era vulnerável por morar sozinho.

Não tinha motivo para se preocupar, afinal, sempre foi uma pessoa sozinha. Sua mãe o havia abandonado meses após seu nascimento, sempre percebeu que lhe fazia falta amizades e a sua própria família, mas ele nunca precisou disso. Adam teve anos para ser uma pessoa melhor, mas as coisas que fazia para se entreter não lhe permitiam deixar que alguem se aproximasse de sua vida privada.

Adam era um homem muito atraente de qualquer modo, ele já havia se relacionado com muitas moças, mas elas sempre escapavam por entre os dedos. Tudo bem, ele sabia ser controlador e um ser humano nojento, já havia provado isso diversas vezes a si mesmo, mas não era algo que outras pessoas precisassem saber.

Afinal, matar pessoas não é uma mania que se pode sair compartilhando. Lembra perfeitamente quando sua primeira namorada descobriu esse seu ato deplorável, o rosto delicado da moça coberto de medo e tristeza, a decepção morava em seus olhos que refletiam angústia e o desespero paralisante, a única coisa que a mantinha de pé era o medo de ser a próxima. Infelizmente a escolha não se fez presente em tal cenário, não tinha dúvidas que a moça que estava congelada de medo diante a cena, deveria morrer. Não exitou e com a mesma faca coberta de sangue atravessou a bela moça de lábios rosados, lábios agora brancos e sem vida, seria tão bom se ela não o tivesse visto matando um homem que lhe devia dinheiro aquela noite, uma noite chuvosa e repleta de sangue, o vermelho intenso e quente sangue da mulher tão doce que um dia havia entregado seu coração.

Para ser sincero, a partir do momento que fez sua primeira vítima ele já escutava de vez em quando um som dentro de sua cabeça, parecia uma risada amarga e decepcionada com o rumo de sua vida, preso a uma sentença de esconder corpos e provas, assim como fingir tristeza sempre que algumas pessoas estranhamente próximas suas desapareciam sem rastros.

Talvez a solidão seja um preço a pagar por suas escolhas.

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