Doces mágicos

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Era uma tarde nublada, Cintia tinha certeza que alguém a observava. Havia duas semanas que tinha esse desespero guardado e escondido dentro de seu lar.

O medo a congelava a noite, quando ele saia do seu porão e andava pela casa, Cíntia conseguia ouvir seus passos e sentir a superioridade que o ser exalava em cima de si.

O ser que a ameaçava em cartas, dizia que a mataria, e deixava balinhas coloridas em seu quarto, dizia que ela não sentiria tanto medo de si depois de seus doces mágicos. Talvez esse fosse seu destino, se contentar com somente conviver com ele e não poder fugir, mesmo com medo não tinha outra alternativa, o ser sem rosto e sem nome não a deixaria fugir. Ele a tinha como um animal de estimação, essa era sua vida agora.

As presas dele a perfuravam nas costelas todas as noites. Ele sempre estava lá, a olhando atrás do guarda-roupa, ele gargalhava quando a via tremer de medo, com puro desespero em seu olhar. As noites se tornaram apavorantes, o relógio contava os segundos de sua morte.

A morte era o que desejava agora, talvez nos confins do esquecimento, na sepultura, talvez lá ele não pudesse a alcançar. Às vezes pensava mesmo nisso, se a morte que tanto sonhava poderia trazer alívio. Não sabia como era morte, mas talvez fosse melhor do que ter o ser a olhando no escuro.

Olhos escarlates, cheiro de podridão. Ele estava lá, a olhando por baixo da cama, sorrindo. Garras cobertas de sangue, o mesmo que estava dentro de suas costelas.

O medo era inevitável, o grito saiu com força de sua garganta, rasgando suas cordas vocais. O gosto de sangue se fez presente em sua boca, ele se sentou ao lado dela. Ele a olhou nos olhos, e sussurrou em seu ouvido:
— Eu sempre vou estar aqui.

Sala do hospital

— Ela continua alucinando?
Perguntou o médico.

— Sim doutor, já dei os remédios. Porém ela se recusa a tomar, diz que o monstro não vai a convencer.
Afirma a enfermeira.

— Enquanto ela não aceitar, não sei o que faremos. Talvez esse monstro interno nunca a deixe.

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