Não demorou muito para que eu conseguisse conquistar a confiança de Lady Soo Jin. Os dias se passaram rapidamente e conforme o tempo passava, eu me tornava mais próxima da coreana. A maior parte do tempo eu passava com ela, a seguia e cuidava dela de todas as formas humanamente possíveis.
A senhorita Soo Jin me mostrava seu lado que poucos conheciam. Além de uma mulher gentil, educada, elegante e bonita, ela era tão frágil como porcelana. Era perceptível ver como sua mente estava fragilizada com os traumas que ela tinha, perder os pais com apenas dez anos e presenciar o suicídio da própria tia aos quinze anos não ajudou. Ela mostrava que queria atenção e amor, algo que seu tio nunca esteve disposto a dar. Lady Soo Jin também era inteligente e não gostava de mostrar esse seu lado, uma mulher muito inteligente não era algo bem visto nos tempos atuais, por isso, ela mascarava sua inteligência com sua fala mansa e sua beleza extraordinária.
Ser uma criada era ainda mais difícil do que imaginei que seria. Eu preciso pensar pela minha patroa e manipular seus gostos e pensamentos, minha vida gira em torno do que ela precisa e do que ela quer.
Não é tão fácil como Mi Yeon, que havia me treinado e tinha experiência como criada havia me dito que seria. Ela me treinou em como eu deveria agir, falar e até mesmo respirar perto de Lady Soo Jin. Mas, Mi Yeon tinha mais experiência em ser alguém doce, gentil e mandada. Ela não tinha problemas em receber ordens, eu, por outro lado, não gostava nenhum pouco de ter pessoas mandando em mim. E principalmente, viver fingindo ser o que não sou não era algo fácil, era cansativo e me deixava esgotada. Quando chegava a noite, tudo que eu queria fazer era dormir a maior parte de tempo que eu conseguisse.
A mansão hoje estava um alvoroço. Havia escutado algumas criadas fofocando de que o Conde Nakamoto viria fazer uma visita para as aulas de pintura de Lady Soo Jin.
Seguindo o plano, decidi prepará-la para a visita daquele homem pernóstico.
Preparei um banho com óleos florais muito perfumados, dei a ela um pirulito para distraí-la durante o banho e enchi a banheira de água, misturando essências e óleos, o banho estava pronto.
Durante todo o tempo, tentei focar apenas na minha tarefa, arrumá-la para ver o conde. Tentei ao máximo ignorar que Lady Soo Jin estava nua à minha frente, com seu corpo magro, seios pequenos e cheio de curvas.
"O conde está vindo?" perguntou ela, curiosa.
Eu assenti com a cabeça.
"Oh." ela balbuciou e tornou a enfiar o pirulito na boca, fazendo meus olhos focarem em seus lábios. Eu fitei sua boca por tempo demais, se ela havia percebido, não havia demonstrado.
Lady Soo Jin me olhava sempre com o mesmo olhar curioso.
Em uma tentativa de me focar em outra coisa que não fosse na morena nua diante de mim, comecei a puxar assunto com a mesma, de modo que, pelo menos por uma pequena parcela de tempo, isso me distraiu.
Conversar com a verdadeira Soo Jin sempre me despertava sentimentos inexplicáveis. Ela tinha o conhecimento sobre diversos assuntos, desde física, matemática, música, arte. Havia uma diferença entra a Lady Soo Jin que era contida e quieta e a verdadeira Soo Jin, que era alegre, tagarela e muito elétrica.
Eu gostava de vê-la assim, sendo ela mesma. Era algo bonito de se observar.
"Você insistiu no banho por que o Conde Nakamoto está vindo?" questionou.
Eu esfreguei seus ombros com a buchinha, deixando um caminho de espuma por sua pele desnuda. Dou um pequeno sorriso em sua direção e tento não olhá-la tanto.
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The Handmaiden | Sooshu
RomanceCoreia do Sul, 1930. Durante a ocupação japonesa, a jovem Yeh Shu Hua é contratada para trabalhar para uma herdeira coreana, adotada por um casal de nipônicos que faleceram em sua infância, Lady Soo Jin, que leva uma vida isolada do mundo ao lado do...