Os dias se arrastaram após a chegada de Nakamoto. O tempo que eu passei com Soo Jin enquanto ele não estava aqui foi divertido e agradável, eu adorava ficar perto dela e ter sua atenção totalmente voltada para mim. Contudo, desde a chegada do falso conde, a atenção de Lady Soo Jin estava dividida entre mim e suas aulas de pintura particulares.
Isso me deixava insatisfeita. Dividir a atenção de Soo Jin não era algo que eu estava acostumada. E definitivamente era a primeira opção da lista de coisas que eu detestava.
Mas eu via que ela também não gostava de dividir minha atenção, por exemplo, quando Nakamoto se aproximava muito de mim, Soo Jin sempre dava um jeito de afastá-lo e eu era grata por isso. Ela também não parecia gostar da minha proximidade com Minnie, que era alguém que eu tinha muito apreço.
O dia hoje estava bonito e eu convidei a senhorita para caminhar um pouco. Seria bom para ela esticar as pernas um pouco já que ela passava a maior parte do tempo reclusa na mansão, raras eram às vezes que ela saia.
Fizemos um pequeno trajeto por entre o caminho que possuía entre as árvores. Era um caminho grande e aberto, com uma visão da floresta e dos jardins ao longe na propriedade.
Eu a observo e noto como ela está bonita hoje. Usando apenas um vestido branco com babados na saia, um chapéu para se proteger do sol e luvas, nós caminhamos em silêncio.
A voz de Nakamoto grita em minha mente: Faça com que ela pense que tudo de bom que acontece com ela desde à minha chegada é graças a mim.
Eu não quero fazer isso, mas eu sei que preciso.
"Senhorita, sabe o que eu reparei?" questiono. Ela me olha com curiosidade, esperando que eu continue. "Suas bochechas estão mais coradas desde que o conde chegou."
Automaticamente, suas mãos voam para suas bochechas.
"É mesmo?" ela sorri timidamente. "Eu não havia reparado. Isso é bom?"
"É, é bom sim." eu digo com falsa animação, torcendo para que pareça verdadeiro.
Ela não diz nada, apenas faz um bico adorável e desvia o olhar, parecendo pensativa.
Continuamos a caminhada em silêncio. Ela para em frente à algumas margaridas brancas, que parecem trazer o prazer da vida à tona. Seu olhar caí sobre as flores e se torna melancólico, ela simplesmente saí andando sem dizer nada e me deixa para trás.
Eu paro em frente as flores e puxo algumas pela raiz, para que seja possível cultivá-las em um vaso. Corro em sua direção, parando em sua frente, ela me encara com desconfiança.
"São para você" eu estendo as flores em sua direção.
Soo Jin me olha, com o rosto estampado em surpresa.
Exitante, ela pega as flores e um pequeno sorriso foge de seus lábios.
"Obrigada, Shu Hua" agradece ela, parecendo verdadeiramente grata. Seu olhar retorna para as flores e ela sorri sozinha.
"Você gosta de margaridas?" questiono.
Ela assente com a cabeça. "Eram as favoritas da minha mãe, minha tia quem me contou" ela fala devagar. "E desde então são minhas favoritas."
"Sua mãe deveria ser muito bonita" eu digo sem pensar.
Ela franze as sobrancelhas para mim. "Por que?"
"Basta olhar para a senhorita que terá a resposta para sua dúvida" eu digo calmamente. Ao perceber que soou como um galanteio, eu coro e balanço a cabeça. "O que eu quero dizer... Bom... Pensei que fosse óbvio para a senhorita como você é bonita. Acho que ninguém deveria ser tão bonita assim, todas as vezes em que a olho sinto como se estivesse olhando para uma pintura."
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The Handmaiden | Sooshu
RomansaCoreia do Sul, 1930. Durante a ocupação japonesa, a jovem Yeh Shu Hua é contratada para trabalhar para uma herdeira coreana, adotada por um casal de nipônicos que faleceram em sua infância, Lady Soo Jin, que leva uma vida isolada do mundo ao lado do...