Toda vez que ele via Robson, sentia o coração como uma locomotiva a vapor, não estavam se falando desde o desentendimento. A cabeça de Junior estava confusa e ficou mais recluso e agressivo com as pessoas ao redor. Robson trocou de assento na sala de aula, fazendo-o sentir culpado pela mudança, já que não sabia dos problemas de vista do outro garoto. Junior, todas as noites antes de dormir, relembrava aquela noite e colocava os dedos na boca, porém aquilo não era o suficiente, só conseguiria saciar a saudade ao lado do garoto bronzeado, entretanto não tinha coragem em assumir o erro e sua sexualidade e ir atrás de quem amava. Junior voltou a relatar seus pensamentos no caderno, mais desalinhados e contraditórios do que nunca."ainda me lembro nos dias que ficava jogando mine no Skype com os meus amigos, porém como todas as pessoas, eles se foram, mas quero que eles se fodam, apenas quero o Robson de volta. ele era viado e eu nunca suspeitei, até que eu mamei e descobrir que ele era gay. ele me pediu 'pa meter no meu 'cuzin' e eu não deixei porque eu não 'tava' afim e por fim ele foi embora, Robson te quero agora"
"Talvez seja melhor ficar sem ele, não tenho interesse em pau, não sou gay, e não preciso de ninguém, nunca precisei, muito menos de um viadinho. Dá o 'cuzin' não é legal, só 'boquetin"
"Tanta falta dele :("
Junior não tinha mais tanta certeza de sua sexualidade, Robson proporcionou sentimentos que nenhuma garota conseguiu gerar em seu coração, peitos não pareciam tão legais agora, trocaria todos os mamilos femininos do mundo apenas para ter Robson de volta. O garoto não tinha alguém para desabafar, o pai abandonou ele e a mãe, perdeu o avô em um trágico acidente e a mãe, por causa da ignorância religiosa, iria repreender os sentimentos do filho por outro garoto, então teria que enfrentar essa jornada sozinho. O jovem muitas vezes olhava para Robson distante, via o garoto divertir-se com outras pessoas, sentiu um pouco de ciúmes, mas não queria alegar isso, pois, naquele momento, pensava que Robson era insignificante, assim como os outros estudantes daquela escola, porém mordia os lábios de raiva quando via outro garoto tão perto de Robson. Gostaria de está ali, juntamente com a única pessoa que foi realmente legal. Junior pensou que talvez fosse melhor deixar Robson em paz, já tinha machucado pessoas demais.
No sábado, o garoto decidiu sair para relaxar. Ele pegou alguns salgadinhos e uma garrafa de refrigerante, e pôs tudo em uma mochila. Mesmo quase anoitecendo, decidiu ir para uma praia perto de sua casa, pois queria admirar o belo pôr-do-sol para tentar animar-se. Foi andando, já que não queria gastar com algum motorista, contudo não demorou para chegar. Junior jogou a mochila no chão e sentou ao lado dela, o som emitido pelas ondas do mar fez o jovem relaxar, decidiu esquecer o mundo ao seu redor e se concentrou apenas em seu interior, nos seus pensamentos. Ele se lembrou de Robson, mesmo o conhecendo a pouco tempo, sentiu algo intenso, queria vê-lo novamente, queria conversar com ele novamente, queria tocá-lo mais uma vez, queria, simplesmente, amá-lo. E, somente naquele momento, conseguiu entender, precisava estar com Robson, ficar ao lado dele e estava pronto para finalmente assumir isso. Ele sentiu um calor em seu peito, era a determinação, logo espalhando-se para o corpo todo. Pegou o Samsung Pocket do bolso e começou a procurar o número de Robson, mas sentiu alguém puxando-o fortemente pelo cabelo.
- Como vai, muleque? Passa o celular. -O homem desconhecido colocou uma faca no pescoço de Junior.
- Cara, eu posso apenas mandar um áudio?
- Não! Passa logo, 'porra'.
- Posso pegar o Chip?
- Se fazer mais uma pergunta, te corto em pedacinhos!
- Aqui, aqui. -Junior entregou o celular e o bandido saiu correndo, deixando o garoto apenas com a bolsa de salgadinhos.
Junior voltou cabisbaixo para casa, comia os salgadinhos que tinha levado e percebeu que sua mãe já havia chegado, por isso, decidiu pegar o celular dela emprestado.