3 - Explicações mais que necessárias.

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Ohana POV.

: - Qual o plano? - Escutei Arielle questionar Larissa.

Ambas estavam no banco da frente. Fiquei quieta a maior parte da viagem, processando, tentando entender e compreender a minha nova condição. Não poderia ir para casa, eu não saberia o que fazer se um monstro daqueles aparecesse. E o pior, minha mãe poderia estar em perigo por minha causa. Ivana já tinha de lhe lidar com uma criança que não era sua, ter de ficar mudando e mudando por minha causa. Eu não poderia dar de presente apenas um perigo mortal a sua vida.

Fiquei quieta no banco traseiro. Pensativa, confusa, medrosa. O que iria acontecer dali pra frente? O que eles queriam comigo? O que eu havia feito de errado? Perguntas e mais perguntas bombardeavam o meu cérebro, me deixando totalmente inerte do que estava acontecendo ao meu redor a maior parte do tempo. Mas aquela conversa que se iniciou despertou o meu interesse.

: - Temos que ir para o Acampamento. É o único lugar seguro para ela. - Larissa respondeu depois de alguns segundos.

: - Acampamento? - Indaguei em um fio de voz.

: - Ah, ela está viva! - Ironizou Larissa.

: - O Acampamento Meio-Sangue, o único lugar protegido de monstros, é um lugar para ficarmos e treinarmos. - Arielle respondeu. - Muitos de nós moram lá também, outros vão apenas no verão.

: - Outros meio-sangues? - Indaguei incerta.

: - E outras coisas bizarras. - Larissa acrescentou. - Fica em Long Island, vai ser uma longa viagem.

: - Eu... Eu poderia ao menos ligar para minha mãe? - Escutei Larissa bufar e Arielle respirar fundo, meu coração apertou forte. - Por favor! Eu não posso simplesmente sumir, ela vai me procurar e vai se preocupar, vai chamar a polícia e...

: - Tudo bem! Agora cale a boca!

Mordi forte o meu lábio para não xingar Machado com todo meu arcabouço de palavras feias. Mas não podia, ela era meio que a cabeça de tudo o que estava acontecendo, até mesmo eu podia notar isso. Tateei meus bolsos até encontrar meu celular, o puxei e respirei fundo, pressionando o atalho que já dava para o número da minha mãe. Estava já levando o aparelho ao ouvido quando ele foi bruscamente retirado de minha mão.

: - Você quer nos matar? - Larissa gritou.

: - Devolve isso! - Gritei de volta.

Ao contrário do que era de se esperar, Larissa abriu o vidro do carro e jogou meu lindo celular fora. Eu mesmo o havia comprado! Economizando cada dinheiro extra que minha mãe me dava durante meses! A raiva bateu forte, misturada com a necessidade de falar com Ivana.

: - Por que... - Eu encarava a janela e de repente explodi, começando a bater em Larissa da melhor forma que eu podia. - Era o meu celular! Sua vadia louca!

: - Pare. - Larissa se encolhia e tentava desviar, mas eu mal escutava. - Lefundes, você vai causar um acidente! - Bati com mais força ainda, os braços dela, a cabeça, aquilo era terrivelmente terapêutico. - PARA!

E então ao tocar o ombro dela para dar um estalado tapa, um choque percorreu meu corpo. Literalmente um choque! Fui jogada contra o acento do banco traseiro e meu corpo estremeceu umas duas vezes ainda, levando alguns pequenos choques.

: - Já pararam? Querem que eu mate todas nós? - Arielle gritou nervosa.

: - Ela estava com um celular, fazendo uma ligação! Machado se defendeu.

: - E você o jogou fora! - Acusei apontando o dedo.

: - Ohana. - Arielle respirou fundo. - A tecnologia atrai os monstros, é como gritar para eles onde estamos. Só alguns conseguem usar isso. Teve uma vez que um garotinho de 11 anos foi pesquisar sobre as Empusas e teve a visita de uma. Nunca mais ouvimos falar dele.

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