Estações- Versão Ohanitta

6 - Como ganhar uma aprendiz teimosa.

Larissa POV.

Quase duas semanas se passaram desde o dia que chegamos no Acampamento Meio-Sangue. Neste final de semana, o lugar iria lotar com todos os semideuses que haviam conseguido chegar ao lugar. Alguns infelizmente, não conseguiam e nunca mais se tinham notícias. Eu tentava aproveitar aqueles momentos calmos que antecediam a bagunça que seria dali pra frente.

Sai do meu chalé logo cedo. A cabine designada para Zeus nunca ficava com nenhum habitante além de mim. Eu tinha meios-irmãos, dois até onde sabia. Um, ficava em outro acampamento, romano. Fiz uma careta ao lembrar disso. Outra, era caçadora. Minha careta aumentou mais ainda. Eu odiava as caçadoras e tinha um motivo forte para isso, um que eu nunca queria lembrar, mas parecia me atormentar principalmente quando acordava ou ia dormir. Fui direto para a forja de Maluma, sabia que ele estaria acordado. O garoto não gostava de dormir, era atormentado por pesadelos desde que descobriu a sua habilidade especial com fogo. Desde então, o meu amigo morava ali, no acampamento.

: - Caiu da cama, Lari? - Ele perguntou distraído em parafusar algo.

: - Sempre levanto esse horário, sabe disso. - Respondi um pouco ríspida.

: - Ah, como eu adoro o seu mal humor matinal. Mas tenho algo que vai deixar sua manhã mais alegre.

Maluma abandonou o seu projeto e retirou as grandes luvas que usava, seguindo para uma parte de sua forja ainda mais bagunçada. Os filhos de Hefesto eram brilhantes em construir e concertar as coisas. Ele finalmente pareceu encontrar o item que tanto procurava e jogou em minha direção. Por puro reflexo eu o peguei, abrindo a mão para encontrar o meu isqueiro preto, agora com detalhes dourados. Assim que eu tive que ficar internada, Maluma me pediu para trabalhar em minha arma, sempre tendo que voltar até mim para pegar o item quando ele desaparecia de sua vista, retornando para algum bolso meu.

: - Ative ele e veja o meu presentinho. - Maluma abriu um enorme sorriso.

Fiz o que ele mandou e o item se desdobrou transformando-se em uma espada. Mas dessa vez com o fio da lâmina em dourado, o centro ainda permanecia prateado. A empunhadura havia mudado, agora no topo havia um desenho de asas de águia levemente curvadas para poder fazer a proteção da mão. Estava um pouco mais pesada, mas ainda assim havia ficado mais bonita.

: - Eu acrescentei bronze celestial! - Maluma disse.

: - Bronze celestial?! Mas...

: - Eu sei, material raro, mas acabei encontrando e como você é minha melhor amiga e a pessoa mais propensa a encontrar confusões que colocam sua vida em morte... - Maluma deu de ombros. - Uni o útil ao agradável, apesar de ter sido nada fácil fundir os materiais e deixar a lâmina bem afiada.

: - Você é incrível!

Aquele era um dos raros momentos que eu verbalizava um elogio, por isso Maluma sorriu sem jeito e passou a mão por sobre a nuca. Abri um sorriso rápido e fiz a minha espada voltar ao normal em sua forma de isqueiro.

: - Isso merece uma comemoração!

: - Vai fumar a essa hora da manhã, Lari? - Maluma me olhou desaprovador.

: - E há hora certa para essas coisas? Quero aproveitar enquanto isso aqui não está cheio de crianças e Quíron fique reclamando do bom exemplo que os mais velhos tem que dar.

: - Te vejo mais tarde então.

Sai da forja de meu amigo, seguindo em direção a floresta, roubando alguns morangos da plantação durante o caminho.

Tudo o que eu queria era um momento a sós. Um em que eu pudesse me iludir de que estava tudo bem e que eu poderia relaxar um pouco. Por isso sempre ia para o Punho de Zeus, um lugar próximo ao rio onde tinha uma enorme rocha que lembrava um punho. Ninguém ia lá a essa hora da manhã e era o lugar perfeito para fumar. Um hábito que eu não levava tão a sério, mas que me ajudava a divagar e a esquecer um pouco dos problemas.