14 - A cidade do inferno, quer dizer, dos anjos.

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Ohana POV.

Antes do sol nascer, saímos da caverna. Sem a escuridão da noite, pude finalmente ver que estávamos naquele terreno árido característico de nevada. Por uma graça muito divina, achamos a estrada principal e conseguimos uma carona até Las Vegas. Como sempre, Larissa não conversou muito, parecia estar mais pensativa do que o normal. Devo admitir que ao contrário dela, eu tagarelei o tempo todo junto com Maluma. Era uma forma de distrair a mente e não deixar que o desespero me tomasse. Eram tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo que eu temia, no fundo, não conseguir ser capaz de lidar com tudo.

Em Las Vegas, Maluma e Larissa roubaram um carro. Ao que parecia, Arielle deu algumas aulas de como enganar alguém enquanto seu parceiro estava fazendo a ligação direta no carro da pessoa. Eu me sentia mal por isso. Digo, é um dos mandamentos certo? Pessoas iam até presas por isso! Mas Maluma me consolou dizendo que era apenas um empréstimo por uma boa causa. O garoto foi dirigindo, Larissa ia esticada no banco traseiro com o rosto virado para a parte de trás do carro. Estava tão quieta que eu só poderia presumir que estivesse dormindo.

: - Estou preocupado. - Maluma comentou do nada, ele não tirou os olhos da estrada. - Larissa não gritou hoje ainda, isso é estranho.

: - Ela só deve estar pensando na vida. - Dei de ombros, sabendo que parte disso era culpa minha, por causa de meus discursos de garota sonhadora. - Na verdade, isso não seria uma boa coisa?

: - Nem sempre. - Ele deu de ombros. - Ao menos eu sei que ela está bem quando fica ameaçando e brigando com os outros. É a forma dela lidar com tudo isso.

: - Eu sei. - Respondi em total compreensão e o fitei de perfil, já que o seu olhar ainda continuava para frente. - Como vocês dois se conheceram? No acampamento?

: - Não, antes disso. Na verdade, ela que me levou até lá. - Maluma sorriu, mas não era um de seus melhores sorrisos. - Lari salvou a minha vida anos atrás. Sabe aquele lance de fogo que eu fiz? Vamos dizer que eu não descobri aquilo do melhor jeito. Acabei incendiando minha própria casa e fugi depois disso. Estava dormindo na rua e sendo perseguido por monstros, quando Larissa me encontrou. Fugimos em uma Pégaso, então eu não demorei em acreditar nessa loucura toda.

: - Ela tem esse jeito todo durão, mas sempre acaba salvando as pessoas no fim. - Ri baixo, chegava a ser irônico.

: - Sim. - Maluma suspirou e remexeu incomodado no banco. - Sabe, meu irmão menor estava em casa. Eu consegui salvá-lo, mas... Parte de seu rosto hoje tem uma cicatriz de queimadura. Minha mãe não me expulsou de casa, mas não era mais a mesma coisa. Eu o via e me sentia culpado, então vinha o medo de que alguma coisa acontecesse de pior. Ele poderia ter morrido e seria a minha culpa.

: - Claro que não, Maluma! - Segurei firme no braço dele. - Você deveria ser apenas uma criança que não sabia o que estava acontecendo.

: - Não, não sabia. Mas no fim, isso não importa muito. Meu pai é o deus da forja, mas também do fogo. Dizem que os filhos que recebem a benção das chamas são meio que azarados demais.

: - Bem, eu vivo tropeçando e esbarrando nas coisas. Isso é ser azarada demais. Você só teve uma infeliz circunstância Maluma, um acidente. Não irá se repetir, até porque você treina para isso, não é?

: - Claro, desde que entrei no acampamento, praticamente eu vivo lá. Preferi dessa forma, era mais seguro. - Ele fez uma pausa antes de continuar. - Mas e você, Ohana? Qual sua história?

: - Não é tão emocionante assim. - Dei de ombros. - Confusões, tropeços aqui e ali... - Soltei um suspiro discreto e engoli em seco. - Meu pai morreu quando eu tinha sete anos. Ninguém sabia direito como explicar e o porquê. Agora eu me pergunto se foi por um monstro ou coisa assim.

Estações- Versão Ohanitta Onde histórias criam vida. Descubra agora