Estações- Versão Ohanitta

10 - Insegurança.

Ohana POV.

Os médicos deveriam conhecer as maravilhas que a ambrósia e o néctar faziam. Tudo bem, eu acordei com uma dor filha da mãe. Mas logo Lexa apareceu com aquele líquido milagroso e aos poucos eu fui melhorando, até não sentir absolutamente nada. A batalha contra a mulher morcego deixou suas marcas. Eram três linhas muito finas que iam da minha clavícula até o colo, quase imperceptível ao olho humano, mas bastava passar os dedos por aquela região para poder sentir o relevo da cicatriz.

: - Você sabia que a Machado passou a noite inteira com você? - Arielle comentou enquanto andávamos em direção ao chalé 11, depois que recebi alta.

: - Eu duvido. - Disse em um tom mais baixo do que eu usava normalmente.

As palavras de Larissa ainda repercutiam em minha mente. Apesar de que, ela havia me salvado. Mais uma vez.

: - Mas passou. Expulsou a Lexa de lá e disse que ficaria de olho em você. - Arielle contou e abriu um sorriso. - E aposto que estava acordando e indo direto te ver.

: - Não se iluda, por que a Larissa faria uma coisa dessas?

Arielle apenas deu de ombros. Eu não queria pensar na Machado, ela era confusa e irritante. Apesar de incrivelmente estar sempre no lugar certo e na hora certa para me socorrer. Ao chegarmos até o chalé de Hermes pude tomar um longo banho, depois de ser abordada por todos os que estavam ali dentro, inclusive Austin.

: - Hey Ari. - Chamei pela minha amiga que estava deitada na beliche. - Eu vou na Casa Grande pegar algum livro na biblioteca. Lexa me livrou das obrigações pelo resto do dia e quero aproveitar para ler lá na clareira.

A clareira era um lugar que Arielle tinha me mostrado. Ficava próximo da Praia dos Fogos e era um dos lugares mais calmos do acampamento. Ela acenou com a cabeça e virou na cama sonolenta. Segui meu caminho sendo abordada por alguns campistas. Isso era diferente. Ali haviam pessoas que se preocupavam o suficiente comigo para chegar e perguntar se eu estava bem. Eram parecidas comigo, com problemas similares. Apesar da maneira brusca em que eu vim parar ali, eu já sentia um carinho quase incondicional pelo Acampamento Meio-Sangue. Claro, ainda pensava muito em minha mãe e em voltar para casa.

Na biblioteca da Casa Grande, peguei dois livros sobre mitologia grega. Eu tinha reservado meus dias até ali em treinar e cumprir certas obrigações de campistas. Mas a falta de conhecimento estava me irritando profundamente. Como aparecer monstros do nada e eu nem ao menos saber quem eles são. Então estava decidida a aprender, estudar e saber um pouco mais.

Passei um bom tempo na clareira lendo distraidamente. O lugar era simplesmente perfeito, rodeado pela natureza e repleto de uma paz que eu precisava no momento. As vezes dava até para escutar o mar próximo dali. Estava lendo com grande curiosidade, afinal como eu poderia saber que o Pégaso, aqueles cavalos alados, eram frutos de Medusa e Poseidon, o deus dos mares? Ou que as ninfas poderiam ser dívidas em diversas classes, como as dríades que eram ligadas a árvores e náiades que eram ninfas de água doce? Eram tantas coisas que eu perdi a noção de tempo enquanto estava ali.

: - Ficar concentrada assim é perigoso.

O susto foi tão grande que eu praticamente joguei o livro para o alto. Por sorte, Larissa era uma excelente semideusa e o pegou antes que caísse no chão. Ela estava simplesmente sentada na minha frente, com um sorriso divertido e culpado.

: - O que faz aqui? - Perguntei mais em choque do que sendo rude.

: - Arielle disse que você estaria aqui.

Larissa desviou o olhar de mim para o livro, o fechou corretamente já que o pegou aberto, amassando uma folha. Entregou-me e pigarreou. Larissa Machado estava sem jeito? Como que para comprovar, ela mexeu nervosamente no cabelo. Oh sim, a poderosa filha de Zeus estava sem jeito.