9 - Regras estúpidas de sobrevivência.

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Larissa POV.

Eu era uma pessoa difícil a maior parte do tempo. Mas sabia admitir que as coisas que falei para Ohana superavam qualquer coisa. Eu tive mesmo a intenção de machuca-la, eu precisava desesperadamente afastá-la de mim.

Porque eu estava começando a me importar. Regra número um de sobrevivência: não crie vínculos, você terá menos problemas e menos pessoas com que se importar.

A verdade era que eu começava a me acostumar com a Lefundes. O seu jeito intrusivo, de se meter onde não era bem vinda, de fazer perguntas quando não eram necessárias. A sua curiosidade a colocava em um monte de encrencas. Mas ela também era teimosa e persistente, quando tinha algo em mente, não desistia tão fácil, mesmo que não fosse algo que pudesse fazer com facilidade. Ela era esperta, sempre com uma resposta e uma provocação pronta em mente para me dar até mesmo quando eu estava nos meus piores dias. Assim como também era idiota, mas um tipo de idiota engraçada, até mesmo eu me divertia com as bizarrices que ela fazia.

Porém, eu fui perceber isso apenas naquela noite fatídica. Eu soube que ela estava ali sem nem mesmo vê-la. O ar trouxe aquela fragrância de flores que eu tanto gostava secretamente. Primeiro senti incômodo por mais uma vez ela estar invadindo o meu espaço, mas isso acontecia tão frequentemente que eu apenas me acostumei com isso. Então ela se aproximou e começou sua típica maratona de perguntas. Quando eu contei sobre Renan, foi que eu finalmente compreendi como era fácil falar com Ohana.

E eu nunca falei de Renan para ninguém. Eu não falava da minha família. Apenas que tinha fugido porque era necessário. Nem mesmo Maluma conhecia toda a minha história, muito menos Bianca, a minha ex-namorada.

Então me senti desesperada, porque em minha mente, eu estava quebrando minha primeira regra de sobrevivência e isso me assustava. Disse coisas que não acreditava, sabia que Ohana era sensível, mas eu não esperava que eu também estivesse em um nível tão decaído para me sentir afetada pelas palavras dela. Assim que a garota menor partiu, eu tive um ataque de fúria. Estava com raiva, raiva de mim mesma, raiva da Lefundes, raiva desse mundo maldito.

Mas o primeiro grito dela ecoou. Distante, desesperado, machucado. Eu saberia reconhece-lo em qualquer lugar, o escutei por quase 48 horas quando fugimos de Miami. Meu corpo agiu primeiro que a minha mente, quando dei por mim, corria pela floresta na direção que tinha escutado o grito vir. Se ela estivesse em perigo seria culpa minha! Eu vi que ela estava indo na direção errada, mas não fiz nada porque eu estava tão zangada que simplesmente não queria ver Ohana tão cedo.

Entretanto, era pior do que eu imaginava. Ohana estava enfrentando uma da Erínias e iria ser atingida se eu não fizesse nada. Então usei da manipulação de vento para aumentar minha velocidade, meus pés mal tocavam o chão enquanto deixava as correntes de ar levarem meu corpo em direção a ela. Eu a peguei, a peguei com a certeza de que não a deixaria em perigo mais uma vez.

Fúrias eram seres perigosos, vindas diretamente do submundo. Também eram conhecidas como Erínias, eram personificação da vingança, punindo os mortais e servindo a Hades, deus do mundo inferior. E era um dos maiores problemas que estourou naquela noite. Depois que Arielle apareceu com Lexa e o resgate, levamos Ohana até a enfermaria e eu fui expulsa por Lexa que ameaçou enfiar flechas em um lugar nada agradável.

Então eu segui diretamente para Quíron, ele precisava saber do que estava acontecendo. E como se lesse a minha mente, o centauro galopava em direção aos semideuses que se agrupavam perto da enfermaria, a maioria curiosos para saber o que estava acontecendo.

: - Precisamos conversar. - Exigi a Quíron.

: - O que está acontecendo? - Ele olhou mais uma vez para a enfermaria.

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