Capítulo 18

163 18 0
                                    

"And I've seen the way the seasons change when I just give it time
But I feel out of my mind all the time
In the night I'm wild eyed, and you got me now
Oh roses, they don't mean a thing you don't understand"

França, três anos antes
Daph

Faz duas semanas que Dion foi embora, não sei pra onde o levaram, ou oque vão fazer com ele, mas sei que senti falta dele

Minha mãe falou comigo, meu pai, até o policial tentou me explicar que Dion era ruim, que ele estava me machucando. Mas se ele me machucava porque eu gostava? Algumas vezes doía, mas eu gostava de ter ele ali comigo, e agora não tem mais nada

Eu voltei a ser invisível, de certa forma está pior, eu odeio que toda a minha família me olhe com pena, como se eu fosse um caso de caridade ou algo assim, meu pai não olha nos meus olhos a dias, oque me dói ainda mais

Sinto falta de Dion, falta de como ele fazia eu me sentir. Sem ele eu não sou nada

Ouço uma batida na minha porta e de repente minha mãe entra
- Dapnhe?
Eu não me mexo nos cobertores, mas consigo ouvir os passos dela vindo até mim
- Querida, você prescisa se arrumar pro Natal
Ela murmura e tenta me tocar, mas eu me esquivo me enrolando mais na coberta, minha mãe suspira
- Dapnhe você prescisa sair desse quarto
Eu engulo em seco e balanço a cabeça
- Não quero ver ninguém mãe me deixa em paz

- Dapnhe faz quase três semanas que você está trancada aqui, não come não conversa, mas não aceita ir ao medico
- Está tudo bem comigo só me deixa em paz

Murmuro apesar de saber que não é verdade, Dion deve estar bravo comigo, ele não me ama mais, meu pai também não me ama mais, eu sou a decepção de todos
Me sinto tão inútil que é dificil de respirar. Tendo aplacar esse sentimento eu vou para o banheiro e ligo a banheira esperando que ela encha até mais da metade

Entro na banheira e abraço os joelhos, deixando lágrimas silenciosas rolarem pelo meu rosto, a água quente me trás um conforto mínimo, então me afundo mais até meu queixo afundar levemente na superfície. Encaro a água meio esverdeada por causa do sabonete de jade, vendo quão convidativa ela parece, e sem pensar muito afundo minha cabeça nela"

Mattheo
Acordo em desespero, tentando a todo custo respirar, mas é como se tivesse água nos meus pulmões,  coloco a mão na minha garganta tentando desesperadamente conseguir ar, que não vem. Saio da minha cama e meus joelhos cedem, batendo com força no chão, a dor pica no meu joelho esquerdo mas eu ignoro, sentindo a adrenalina correr nas minhas veias assim como o desespero

Sinto um par de mãos no meu ombro e encontro os olhos cinzentos do meu irmão, e me concentro neles, sentindo o ar invadir meus pulmões de uma vez me fazendo tossir
- Mattheo? Mattheo olha pra mim
Meu irmão grita, encaro seus olhos azuis e sinto a calma tomando conta de mim, Tom me ajuda a me sentar e coloca a mão no meu peito
- Oque aconteceu?
- Eu não sei, eu não me lembro
Digo ainda sentido aquele aperto no peito, como se estivesse sufocando

O pânico começa a tomar conta de mim e eu me levanto, a raiva ofuscando tudo, visto minha camiseta
- Preciso ficar sozinho
Murmuro pro meu irmão enquanto saio

Não consigo pensar direito, minha mente parece atordoada, eu respiro fundo, vendo que a blusa que eu peguei era a que tinha os comprimidos no bolso, encaro aquele saquinho antes de abrir e pegar uma entre meus dedos, faz dois dias que eu estou com eles, mas não conseguir oferecer pra ninguém

Mesmo sabendo dos riscos eu sinto como se aquele comprimido fosse melhorar um pouco as coisas, e ficar fora de órbita por algumas horas também não era uma má ideia, assim eu pego a balinha azul e coloco debaixo da língua

Avec Amour| Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora