⭒ 🌷 ˖⁺╭╯𓏭 CAPÍTULO NOVE: bordô
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Adentrei o apartamento com certo cuidado, a música já estava alta o suficiente para acordar os mortos. Me perguntei como os vizinhos de Gabi não haviam ligado para reclamar do estrondoso barulho às exatas uma da manhã. Havia garrafas de bebidas pelo balcão da cozinha e até mesmo pelo chão, onde era possível ver alguns dos meus novos amigos jogando jenga.
Era de se ver pessoas se agarrando, conversando, embriagadas ou bêbadas, Gabriela tinha realmente transformado seu apartamento numa verdadeira festa de faculdade. Não era de se negar que eu com certeza gostava daquela energia caótica apos uma semana toda de estudos e trabalhos para a faculdade.
Com todas aquelas pessoas cambaleando e virando diversos shots de alguma bebida não identificada por mim, era possível destruir o apartamento de Cattuzzo.
Estava escuro, quase impossível de reconhecer minha amiga Carol por ali.Ao tentar andar e procurar pela mesma, esbarrei com alguns rostos conhecidos por mim, que enchiam a cara e ficavam malucos de bebida para caso fizessem alguma merda, colocarem a culpa no que tomou. Festas em casa geralmente são mais amigos e todo mundo geralmente conhece alguém. Na maioria das vezes tem em torno de 10 pessoas no máximo, afinal, evitar policiais deve ser o intuito do anfitrião. Mas para Gabi, evitar policiais não parecia ser realmente um plano, pela abundância de bebidas, música e pessoas.
— Ei, Camis! — Disse Lore ao meu lado, vindo para me abraçar. — É bom te ver por aqui, como andam as coisas?
— Tudo certo! Foi bom te ver por aqui também, Lore. — Balancei a cabeça. — Alguma ideia de onde Carol deve estar?
— Vi ela indo para um canto com o André, não recomendo que os siga. — A ruiva riu, me fazendo fazer o mesmo. — A Gabi estava morrendo de animação para te ver, ela gostou bastante de você.
Aquelas palavras me fizeram sorrir, Gabi era uma boa pessoa, além de ser bonita era bem gente boa e humorada, tipo de gente que eu gosto. Me despedi de Lorena e segui caminhando pela festa, prestando atenção para não escorregar nas garrafas que esperavam uma vítima para fazer alguém tropeçar. Pela minha sorte, eu não fui uma delas. Avistei a de cabelos rosa pegando algo na geladeira, era uma cerveja de garrafa verde. A garota virou-se para voltar de onde veio e então me viu. Um sorriso fofo tomou conta de seus lábios cobertos pelo batom rosa nude.
— Camis! É tão bom vê-la aqui, espero que esteja aproveitando a festa. — A mesma vociferou pela música alta. — Vai uma cerveja aí?
Neguei com a cabeça e expliquei que amanhã, vulgo, segunda, não podia acordar de ressaca já que eu não podia faltar aula nem se quisesse. Ela não pareceu convencida com o meu argumento, então entregou a bebida do mesmo jeito. Passei alguns minutos apenas conversando com Gi sobre coisas aleatórias, desde livros á jogos de nintendo. Mas minha missão de encontrar Carol não havia acabado. Busquei com o meu olhar o cabelo inconfundível dela, e não muito longe dali eu a avistei conversando com Guaxi, Lore e Cellbit. Levantei-me do sofá onde eu estava e fui em direção a minha amiga, incrível como ela falou que nos veríamos lá e simplesme... Todos os meus pensamentos foram retirados de minha mente quando alguém esbarrou em mim. Senti minha blusa encharcada e um cheiro forte de álcool vir disso, assim como ouvi um estilhaço de vidro. Com raiva e chocada de terem estragado minha blusa com VINHO, olhei diretamente para o culpado, me deparando com os olhos azuis assustados e o cabelo loiro de Gabriel Goularte. Ele tinha seu celular em mãos e me olhava com um olhar preocupado. Os cacos de vidro brilharam no chão e pareciam mais cintilantes do que eram pela luz roxa que iluminava o local.
— Meu deus, Camille, eu juro que não te vi. Desculpa mesmo.
Aquele barulho de vidro estilhaçando no chão fez a atenção de todos virem para nós dois. Gabriel pareceu mais preocupado ainda ao olhar para minha bochecha, com certa dúvida levei meu polegar ao lugar que ele olhava. Um pequeno corte fez-se em minha bochecha, meu dedo estava agora sujo de sangue, um vermelho escarlate do sangue transformara em um vermelho bordô. Gabriel se desesperou e logo deixou seu celular no bolso antes de me entregar seu moletom para cobrir o estrago feito. Respirei fundo e aceitei a peça oferecida, não demorando para vesti-la.
A noite acabara de ter sido completamente estragada, minha animação foi pro ralo. Peguei meu aparelho e chamei um Uber para sair dali o mais rápido possível. A única coisa que passava pela minha cabeça era como eu havia passado uma vergonha do caralho na frente de pessoas que eu mesma admirava. Esse tipo de coisa só acontecia comigo, parabéns, Camille, você foi escalada para a mais azarada de São Paulo. Envergonhada, com menos uma blusa, com um corte sangrando na bochecha, deixei o apartamento de Gabi. Meus passos sendo apressados em direção ao carro branco do Uber que me esperava em frente ao prédio dela, nunca entrei no carro tão depressa na minha vida, essa noite tinha tudo para ser legal, me senti decepcionada, tinha que parar de colocar tanta expectativa em coisas pequenas. Com a cabeça apoiada na janela, segui caminho ao meu apartamento.
Frustrada, bati a porta de entrada, joguei minha bolsa no sofá e respirei fundo diversas vezes para manter a calma. Tirei o moletom de Gabriel e minha blusa com uma mancha vermelha bordô (que antes era branca) Fui para a lavanderia e deixei a peça em uma bacia com uns produtos que prometiam tirar mancha, agora o plano era rezar. Entrei no meu quarto e acendi as luzes, Baisel dormia em minha cama bagunçada que eu não arrumei antes de sair de casa. Catei meu caderno de letras de música e não deixei de fazer anotação de mais um verso. Descontava minhas frustrações escrevendo versos de músicas que eu nunca iria completar.
"O vermelho na minha camisa
De quando você derramou vinho em mim
E como o sangue se juntou em minhas bochechas
Tão escarlate, era"
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𝐌𝐈𝐃𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓 𝐑𝐀𝐈𝐍; 𝗴. 𝗚𝗼𝘂𝗹𝗮𝗿𝘁𝗲
Fanfiction𝐌𝐈𝐃𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓 𝐑𝐀𝐈𝐍: he was sunshine i was midnight 𝗴. 𝗴𝗼𝘂𝗹𝗮𝗿𝘁𝗲 | Quando Gabriel decide fazer um date com subs e acaba realmente se interessando por uma menina que cursava direito na faculdade PUC de São Paulo.