⭒ 🌷 ˖⁺╭╯𓏭 CAPÍTULO DEZ: 21
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CAMILLE BATIA FRENETICAMENTE
SEU lápis na folha em branco do caderno surrado, qual usava para escrever letras de música. Ela achava que seria impossível realmente gravar suas músicas um dia, mas gostava da sensação que aquilo a proporcionava. Suas janelas estavam abertas, facilitando que a iluminação da cidade naquela noite adentrasse seu quarto, assim como a brisa revigorante que batia em seu corpo e balançava seus cabelos castanhos e desarrumados. Era assim que Bianchi passava suas noites entediantes, ela poderia ligar para Carol e pedir que arranjassem alguma festa para irem, portanto, Camis não estava afim de deixar o conforto de seu apartamento.Em torno de uma semana havia passado desde o incidente na festa de Cattuzzo (Camille não se deu o trabalho de contar os dias exatos) Desde então, ela vem tentando não pensar mais no homem de olhos azuis que derramou vinho em uma das suas blusas favoritas. O motivo não era porque estava brava com ele, mas sim porque sentia algo estranho ao pensar nele. Gabriel era atraente e muito bonito — bonito a ponto de a deixar com um frio na barriga — e as vezes ela se pegava pensando nele nos momentos mais inesperados possíveis.
Naquela noite em específico, Camille não tinha planos, a única coisa que tinha em mente era escrever suas músicas e... Talvez mais tarde dar uma chance para o livro que abandonou por não conseguir ler. Sempre que lia algum verso, precisava voltar diversas vezes até entender o que o mesmo queria dizer. Dificultando, assim, sua leitura e consequentemente a vontade de ler.
Camis não imaginava que até mesmo escrever as músicas estava sendo completamente impossível. O bloqueio criativo era algo difícil de lidar e obviamente que também atrapalhava, assim como sua dificuldade de prestar atenção nos livros que lia. Bianchi gostava de escrever por diversão, e naquele ritmo, parecia que o que estava fazendo estava tornando algum tipo de peso em suas costas, igual a faculdade. Falando na faculdade, a mesma a descreveria naquela semana como "completamente chata, insuportável, não aguento mais, me tire daqui, me socorra, irei morrer." E a única coisa que a impedia de surtar, era Baisel. O gatinho que dormia pacificamente no seu sofá.
A mulher continuaria ali em sua cama, urrando em tédio por não conseguir fazer o que queria se não fosse o toque da campainha que tocara minutos depois de ter um pequeno surto interno. Camille respirou fundo ao se levantar e seguir em direção a porta de entrada do local. Seus olhos e aparência exaltavam o quanto estava cansada, talvez tenha sido isso que fez Gabriel Goularte rir quando a porta fora aberta. De todas as pessoas do mundo, qual era a probabilidade dele aparecer em sua casa naquela noite, justo quando ela estava em seu pior momento na questão de beleza.
— Gabriel? — Foi a primeira coisa qual deixou os lábios dela ao encara-lo. — O que faz aqui?
— Estava de passagem e lembrei onde você morava. Queria te pedir desculpas pessoalmente depois de... Você sabe. — Ele enfiou suas mãos nos bolsos da calça de moletom e sorriu de canto. — Já faz um tempo desde a festa, mas achei que seria no mínimo importante você saber que sinto muitíssimo.
— Tudo bem, já passou. — Camille o assegurou. — Guardei seu moletom, esperei uma oportunidade para te devolver. Inclusive, entra aí.
Ela deu espaço para que ele adentrasse seu apartamento, que encontrava-se um pouco mais bagunçado do que o normal, deixando até mesmo Gabriel um pouco surpreso. Havia uma coisa diferente ali, que quando fora pela última vez ali não havia percebido. Um piano estava encostado na parade, ele não era grande, mas parecia atender todas as necessidades de Camille. Ele sabia que a mulher tocava o instrumento, afinal, foi um dos motivos quais se atraiu pela mesma.
Goularte poderia ficar horas dizendo tudo que o fazia admira-la. Camille era cercada de qualidades ótimas, e isso era um ponto a se destacar. Mas tinha algo em si que deixava-o realmente admirado, o jeito em que ela expressava o que sentia para as outras pessoas, mas sabia descrever perfeitamente e desabafar nos versos mais melancólicos possíveis.
— Aqui. — Camille apareceu segurando a peça de roupa perfeitamente dobrada em suas mãos minutos depois, a deixando encima do braço do sofá. — Gostou do piano? Esqueci de apresentar vocês dois.
— Não percebi quando vim aqui pela primeira vez, acho que estava desatento.
— Quer tocar? Posso te ensinar alguma música. Talvez até o Final Duet de Omori. — Ela ofereceu, e Gou sorriu com o gesto.
— Só se você tocar alguma música primeiro.
Ela aceitou a proposta e junto a Gou seguiu até o instrumento, onde dividiram o assento. Camille demorou alguns segundos para decidir o que tocaria. A escolhida da vez fora uma música autoral, uma que escreveu anos atrás quando sentiu pela primeira vez a dor do término, a dor de perder alguém que um dia já amou. Para cada pessoa o término pode ter um efeito diferente, negativo ou até mesmo positivo. Por muito tempo, Camille chorou esperando qualquer mensagem de texto vinda dela, vinda da mulher que um dia já dividiu suas canções mais dolorosas.
Camille dedilhou lentamente as primeiras notas da música antes de continuar a tocar. Gabriel estranhamente conseguia sentir como se os sentimentos dela realmente estivessem nas notas que tocava, era algo tão puro e bem tocado que nem ela mesma imaginava que depois de tanto tempo, poderia ainda lembrar da letra e das notas daquela música. O jeito em que a letra deixava os lábios dela, mais ele tinha certeza que aquela não era uma música qualquer, tinha algum significado por trás de tudo. Gabriel sentia vontade de abraçá-la, de dizer que estava tudo bem, mesmo que nem soubesse sobre o que os versos significavam.
Quando a última nota foi tocada, Gabriel passou delicadamente seu braço por cima dos ombros murchos da garota. Aquela ação deixou claro para ela que ele se importava, e que talvez tenha sentido o peso que aquela música significava para ela. Bianchi não deixou que aquilo a afetasse mais, apenas levantou do banquinho e foi em direção ao seu quarto, onde pegou seu caderno e seu lápis e voltou para a sala.
Naquela noite, os dois passaram grande parte do tempo rindo enquanto a mesma tentava ensinar o Final Duet para Gabriel, que pelo menos dava tudo de si para conseguir acertar no mínimo três nota, uma atrás da outra.
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𝐌𝐈𝐃𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓 𝐑𝐀𝐈𝐍; 𝗴. 𝗚𝗼𝘂𝗹𝗮𝗿𝘁𝗲
Fanfic𝐌𝐈𝐃𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓 𝐑𝐀𝐈𝐍: he was sunshine i was midnight 𝗴. 𝗴𝗼𝘂𝗹𝗮𝗿𝘁𝗲 | Quando Gabriel decide fazer um date com subs e acaba realmente se interessando por uma menina que cursava direito na faculdade PUC de São Paulo.