; ✰ | 12. life issues

496 57 3
                                    

⭒ 🌷 ˖⁺╭╯𓏭 CAPÍTULO DOZE: problemascom a vida

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

⭒ 🌷 ˖⁺╭╯𓏭 CAPÍTULO DOZE: problemas
com a vida




— Você não entende! — Gritei. — É o seu sonho, não o meu!

Minha mãe estava de pé, seus olhos verdes fixados aos meus, sua feição seria me dava calafrios, seu silêncio me deixava ansiosa. Ela apenas respirou fundos e se deu por vencida, talvez após suas lições de moral, tenha percebido que aquela situação não daria em nada.
Acredito que nossos pais sempre colocaram muitas expectativa em nós, em uma tentativa cega de sermos uma versão nova deles mesmos. Somos pessoas diferentes, temos sonhos diferentes, pensamos diferente e principalmente, não somos eles.

Minha decisão de largar a faculdade perto do período de finalização, deixou minha mãe furiosa, e é até mesmo compreensível se pensarmos pelo lado dos pais. Mas é de extrema importância que sejamos compreendidos também.

Seguir direito nunca foi um sonho, não o meu sonho, pelo menos. Estar cansada de ser sobrecarregada de responsabilidades de uma faculdade qual não me identifico, e que só estava fazendo por pressão psicológica, não me deixava bem. E não ficar bem com algo que posso resolver, não está nos meus planos.

— Coloquei tanto dinheiro em você! Investi tanto em sua educação, e é assim que me agradece? — Verônica, ou minha mãe, como queira chamar, falou aquilo pela décima vez, e sinceramente? Eu não aguentava mais.

— Obrigada por investir em algo que você queria, não eu. — Retruquei. — Cansei de passar todos esses anos fingindo ser algo que não sou! Se gosto de fazer minhas músicas "bestas" que seja assim! No mínimo esperava que você, como mãe, me apoiasse.

Verônica pareceu completamente ofendida, seus olhos irradiavam a raiva nítida que sentia dentro de si. Sua feição, antes dura, relaxou-se por um momento em que ela se virou de costas para mim e encarou as janelas extensas da sala de estar. São paulo não estava no melhor clima, o céu cinza deixava claro que iria chover. O clima parecia combinar com minhas emoções.

— Pode ter certeza, Verônica, quando eu começar a ganhar dinheiro para caralho, vou fazer questão de pagar cada centavo que você "jogou fora" comigo. — Proferi-a, minha voz firme e meu semblante também sério ajudaram com a seriedade da fala.

Minha mãe apenas balançou a cabeça negativamente e pareceu segurar o choro sem muito esforço. Ela rapidamente pegou sua bolsa que antes estava sobre o sofá e pisou fundo em direção a porta de entrada, deixando-me ali, imersa em um silêncio carregado de emoções. Era uma mistura de alívio por finalmente ter expressado minha verdade, mas também de tristeza por ver a mágoa nos olhos de minha mãe.

Enquanto a chuva começava a cair lá fora, me senti em um turbilhão de pensamentos e sentimentos conflitantes. Sabia que seguir meu próprio caminho era a decisão certa, mas a ruptura com as expectativas de minha mãe não foi fácil de lidar.

Assim que ela abriu a porta, um visitante não tão inesperado estava prestes a tocar a campainha. Verônica apenas olhou Gabriel de cima a baixo e finalmente deixou meu apartamento. Nós não nos falávamos há uns dois dias, mas deixei claro que sempre que quisesse me ajudar com as músicas, era só bater na minha porta. E bem, ele estava ali agora, confuso e me observando segurar as lágrimas que insistiam em cair.

— Parece que você conheceu minha mãe. — Quebrei o silêncio com algo mais descontraído, que não tenho certeza se deu certo. — Como você 'tá?

— Acho que eu quem deveria te perguntar isso. — Ele se aproximou ainda mais e sentou-se ao meu lado no sofá. — Está tudo bem?

Permiti que minhas lágrimas caíssem de uma vez, deixei meu lado vulnerável transparecer a ele, deixei que minhas mãos tremessem... eu só, queria tirar toda aquela confusão de dentro do meu peito. Minha vida parecia embaralhada, enfrentei minha mãe, larguei a faculdade, pensei demais na última música qual Gabriel não mencionara, e tudo aquilo se juntava em um sentimento ruim, a ansiedade.

Gabriel ouviu tudo que falei, todas as coisas que quase não saíram da minha boca e todas as frases indecifráveis por causa do choro. Em um momento, sua mão encontrou a minha, onde ele acariciou em uma forma de me passar o devido conforto qual precisava. Ele permaneceu ao meu lado, oferecendo apoio silencioso enquanto eu liberava todas as emoções acumuladas. Era reconfortante ter alguém ali que me entendia e me apoiava incondicionalmente, mesmo nos momentos de vulnerabilidade.

Depois de um tempo, as lágrimas começaram a diminuir, e minha respiração se acalmou gradualmente. Gabriel continuou segurando minha mão, dando-me espaço para me recuperar. Sua presença me trazia uma sensação de segurança, e eu me sentia grata por tê-lo ao meu lado naquele momento.

Quando a chuva ao lado de fora tornou-se mais forte, ele se levantou e foi direto para a cozinha, voltando com duas taças de vinho tinto. Não sei como ele me conhecia tão bem em tão pouco tempo. Assim que voltou a ficar ao meu lado, pegou sobre a mesinha de centro o caderno de composições, ele o entregou em minhas mãos.

Observei o caderno em meu colo e afundei nos meus pensamentos mais submersos. O meu processo criativo se baseia em sentir tudo de ruim de novo e escrever, um jeito meio ruim, eu diria, mas da certo.  Ainda inquieta com a ausência de menção à última música, tentei disfarçar meus sentimentos. Por mais que uma parte de mim quisesse perguntar por que ele não havia mencionado aquela música em particular, outra parte temia a resposta e preferia ignorar a situação. Talvez fosse apenas uma música que não o tocou da mesma forma que as outras.

𝐌𝐈𝐃𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓 𝐑𝐀𝐈𝐍; 𝗴. 𝗚𝗼𝘂𝗹𝗮𝗿𝘁𝗲Onde histórias criam vida. Descubra agora