⁸ Novo plano

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Capítulo 8: Novo plano

- Cale-se agora, Enid Sinclair!

Com os olhos embaçados por conta das lágrimas, Enid sentiu todo o seu corpo estremecer com o grito que envolveu seus ouvidos. Um soluço escapou de sua garganta.

Estava de frente para Esther Sinclair, sua mãe, e respirava com dificuldade. Suas sobrancelhas estavam tão franzidas que sua testa doía, mas imaginava que a situação da progenitora era pior, de tão terrível que era sua expressão.

- Por que você não me deixa ser feliz?! - Berrou de volta, sentindo o rosto molhado com as lágrimas que escorriam, a adrenalina controlando seu corpo.

Aquela era uma cena comum na família Sinclair.

Enid era a criança problema, a que precisava ser disciplinada. Enid era a ovelha negra em um bando de lobos ferozes.

- Você vai ser feliz se fizer o que eu digo! - Esther ralhou com os nervos à flor da pele. - Pobre criança. Não sabe o que é certo e errado ainda e fica falando besteiras. - Lamentou-se, como se a culpa fosse inteiramente de sua filha, e não dela.

- Eu já tenho dezesseis anos, mãe! Quando vai parar de tentar controlar tudo que eu faço?! - Enid já estava rouca, mas não sabia se era por conta do choro ou da gritaria.

Esther se aproximou em passos rápidos, e, por medo ou reação instintiva, a garota não sabia, Enid deu passos para trás.

- Chega! Você está passando dos limites!

Foi como um estalo. Em um momento, Enid estava tentando se afastar da mãe, e no outro ela estava próxima. Perto o suficiente para alcançá-la com o braço.

E alcançou.

A visão da garota Sinclair escureceu ao mesmo tempo que sentiu uma ardência forte em sua bochecha.

Silêncio.

Apenas os soluços de Enid eram ouvidos, enquanto ela seguia tentando entender o que tinha acontecido.

Ela tinha levado um tapa.

Esther havia lhe batido no rosto.

Doía.

Doía muito.

Virando-se lentamente para encará-la, levantou a mão até a bochecha, segurando-a.

As lágrimas desceram cada vez mais, enquanto seus olhos azuis estavam atônitos. Desacreditados.

- Você... - Tentou falar, mas já não tinha voz. Não conseguia.

- Eu cansei, Enid. - Esther continuou com seu tom acusatório. A mulher não sentia nada em relação ao que acabou de acontecer. Nada além da errônea sensação de estar certa. Ou de ser a soberana do mundo. Enid supôs que, por sua postura, poderia ser os dois. - Você vai para o reformatório. Vá arrumar suas coisas.

Enid continuou parada.

Estavam no meio da sala, encarando uma à outra.

Sua boca abriu e fechou, mas nada saia.

Nada além de murmúrios que nunca se tornaram palavras.

Mas havia algo.

Sim. Ela lembra-se de ter dito algo naquele dia.

- Eu te odeio.

Enid abriu os olhos marejados e sentiu sua respiração pesada. O peito doía e a raiva lhe consumia ao mesmo tempo que lutava contra o pavor. Era como estar submersa em água fervente.

Wenclair: Chaotic RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora