Marceline encostou a cabeça no chão e suspirou de forma estranhamente audível. Depois, passou as mãos pelos cabelos de forma irritadiça, levando as mechas - agora novamente longas e volumosas - a se arrepiarem e embolarem sobre si mesmas.
— Ela parece nervosa - comentou Marshall Lee, para ninguém em específico, enquanto repetia o eterno processo de afinar a guitarra.
— Sim, acho seguro assumir que ela está nervosa - respondeu Priscilla, marcando ritmo em sua bateria de um jeito que estava deixando Marceline louca.
Um, dois, três; um, dois, três; um, dois, três, um, dois...
— Definitivamente, vejo claros sinais de nervosismo - disse Bongo, trocando um olhar com Guy, que se reservou apenas ao direito de rir escandalosamente.
— Temos então um consenso sobre Marceline estar nervosa? - perguntou Keila, que estava sentada sobre uma das caixas na frente do palco, apenas esperando que seus companheiros estivessem todos prontos.
— Será que dá pra vocês calarem a porra da boca por cinco minutos? - disse Marceline, num tom de voz que pretendia ser um berro, mas acabou sendo uma súplica. Quando os amigos se quebraram em risadas, ela se viu unindo-se a eles, o próprio riso parecendo muito mais maníaco do que os dos demais.
Bem, ela realmente estava nervosa. Naquele momento, eles estavam se preparando para iniciar a passagem de som para aquele que seria seu último show em algum tempo. Finalmente, as rainhas do grito sairiam de férias.
Não era por isso que ela estava nervosa daquele jeito. Era pelo que pretendia fazer depois do show.
— Marceline, ela vai dizer sim, pelo amor de Deus! Levante daí.
Guy a olhava de cima agora, a cutucando com a ponta do pé como se ela fosse um animal atropelado e estirado na pista.
— Mas e se ela não disser!?
Todo o restante da banda compartilhou um exagerado revirar de olhos.
— Foco, Abadeer, estamos trabalhando agora. Você pode surtar depois - disse Keila, se aproximando e puxando Marceline pelo braço, fazendo-a levantar.
— Talvez eu faça isso na sacada do quarto do hotel. Sabe, se tudo der errado, pelo menos eu posso pular de lá.
— Lembre-se de preparar documentos válidos me deixando seu baixo de herança antes - brincou Marshall, já preparando o braço para o soco que ele sabia que viria, e veio sem decepcionar.
— Deixe de drama, mulher. Pare de se preocupar com o "sim ou não" e comece a se preocupar com o vestido. Já pensou no vestido? - disse Bongo, com as mãos na cintura.
— E na cor das madrinhas. Verde fica horrível em mim, não esqueça disso! - emendou Priscilla.
— Eu devia estar nervoso. Preciso pensar em um discurso de padrinho, tem noção disso? Eu, fazer um discurso! - brincou Marshall, usando um tom de voz exagerado, quase teatral.
— Vocês não estão ajudando nem um pouquinho - bufou Marceline, contrariada.
— E você não se ajuda, também - disse Bongo, se aproximando e jogando um braço sobre seus ombros. - Bonnibel Zanne é uma mulher ganha, Abadeer. Esse sim já estava garantido no dia que ela disse sim para sua serenata na janela dela.
Marceline deu um suspiro e um sorriso fraco.
— Mas não conte com a gente pra fazer outra - completou ele.
— Da última vez, você largou a gente na neve pra dar pra ela! - gritou Priscilla, da bateria.
— Primeiro que não estava nevando, segundo que naquela época eu ainda não -
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Tudo Permanece Agridoce - AU Bubbline
FanficJá haviam passado anos desde a tragédia criadora do ambiente que levou Marceline Abadeer a se apaixonar por Bonnibel Zanne. E muitas coisas já não eram as mesmas. Marceline and The Scream Queens não era mais uma banda indie de garagem, Kevin não era...