Eu tinha dito quarta feira. Sim, eu sei que hoje é sábado. Mas, assim... Demorei menos que seis meses, então tá ótimo.
Olá, meus chuchus!! Espero que estejam todos bem!
Deixo vocês agora com o capítulo de hoje, que eu particularmente gostei muito.
Boa leitura!
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- Você tem certeza de que é a música em si que perdeu a graça, Marceline?
Sentada outra vez no consultório de sua psicóloga, Marceline a encarou por um momento, olhar agitado, como se não entendesse muito bem a pergunta.
- Como assim?
- Muitas vezes, fazemos análises incompletas e rasas dos nossos sentimentos, porque estão ligados a problemas que não conseguimos ou não vemos meios pelos quais podemos resolver. Então, transferimos o sentimento para uma outra coisa que esteja mais sob controle.
- Eu não sei se entendi bem onde você quer chegar com isso, Katherine.
- Quero que você pare um momento pra analisar os últimos tempos da sua carreira. O último ano, pra ser específica. O que te incomoda, Marceline? O que realmente te incomoda? Qual é o problema de verdade?
Marceline passou a mão pelo cabelo, desgrudando a franja do suor frio que surgia na testa. Começou a sacudir a perna.
Não queria falar disso. Não queria assumir em voz alta, porque parecia ridículo. Não era exatamente aquilo que ela queria, desde sempre? Não era a merda do objetivo?
Bem, como ela mesma dizia às vezes, mentir para Katherine era basicamente rasgar dinheiro; e ela não estava tão louca assim. Ainda.
- A indústria. Os contratos. As jogadas de marketing. - A voz ficou um tom mais baixa e tímida antes de finalizar - A gravadora.
A mulher anotou algo, Marcy engoliu em seco.
- Tem tido problemas com a parte burocrática do trabalho, então.
- É, acho que sim. As vezes... sinto falta de antes. Do começo. De escrever letras no nosso próprio estúdio. De ver Marshall e Bongo mexerem na produção por conta própria. Sinto falta de shows improvisados na boate ou nas festas dos nossos amigos.
Marceline franziu a testa, fungou e virou o rosto para o lado quando sentiu os olhos quentes pelas lágrimas.
- Sinto falta de fazer música pela música, não porque eu tenho um contrato me obrigando a entregar um álbum em x meses.
Katherine curvou a cabeça, se permitindo um segundo apenas para se compadecer daquela garota antes de voltar ao trabalho.
- E então?
- Então, acho que me convenci de que não quero mais cantar, porque é uma desculpa mais fácil de engolir do que assumir de que a merda toda pela qual lutei não é tão legal quanto eu achei que seria.
A mulher deu um pequeno sorriso. Pronto, agora Marceline estava reconhecendo o problema. Era metade do caminho andado.
- É tudo uma merda ridícula - soltou Marceline. Agora que tinha começado, não iria parar de falar. - Acho que sou toda nostálgica com Agridoce porque eu tive a liberdade de fazer muito do que eu queria ali. Todos nós tivemos. Mas, a cada álbum, parece que mais e mais estão enfiando uma fórmula no meu rabo, ao ponto de eu não conseguir me conectar direito com quase nada que eu tenho que cantar incansavelmente em turnê.
A perna direita balançando sem parar, a raiva borbulhando. Katherine permaneceu em silêncio, analisando. Conhecia a paciente em sua frente, o mal hábito de ir acumulando a raiva; aquela não seria a primeira - e, tristemente, talvez não a última - vez que veria uma pequena explosão.
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Tudo Permanece Agridoce - AU Bubbline
FanficJá haviam passado anos desde a tragédia criadora do ambiente que levou Marceline Abadeer a se apaixonar por Bonnibel Zanne. E muitas coisas já não eram as mesmas. Marceline and The Scream Queens não era mais uma banda indie de garagem, Kevin não era...