Capítulo 9 - Na Sua Língua

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Ora, ora. Alguém está possuído por um espírito escritor, aparentemente.

Olá, amores! Espero encontrar todos bem. Vamos para o capítulo.

Boa leitura!

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- Você vai ficar nessa pra sempre? - soltou Kevin, por fim. Aquela situação havia se tornado insustentável.

Marshall Lee estava sentado em sua cama, dedilhando um violão sem muito objetivo. Apenas deu de ombros, sem o olhar no rosto. Kevin soltou suspiro alto, se jogando em um dos puffs no chão.

- Deita aqui, chiclete.

- Não quero ficar perto de você agora.

Agora Marshall estava dando toda a sua atenção. Olhou para ele, olhos magoados, expressão confusa.

- Por quê?

Kevin vinha sendo paciente e calmo. Vinha usando toda a sua compreensão porque havia algum sentido para aquela reação. No inicio, talvez.

Agora, estava as beiras de começar a arrancar os cabelos.

- Vocês dois são iguais. Iguaizinhos. Os dois tem a mesma prepotência do caralho, a mesma cabeça enfiada no próprio rabo, e aí vocês decidem entra numa espiral de autoflagelo, começam a se machucar de propósito. E eu e Bonnibel devemos ter uma bela cara de idiota, porque vocês continuam esperando que a gente bata palma pra maluco e diga que tá tudo certo.

O violão ficou esquecido no colo dele, e então mais nada ousou atormentar o silêncio bruto daquele quarto. Kevin com sua raiva mal contida, Marshall com seu olhar de criança levando bronca. 

Tinha perdido a língua ácida e as tiradas prontas.

Tinha perdido o argumento.

- Por que você tá falando como se eu é que tivesse feito a merda? - soltou Marshall, mais baixo do que gostaria.

- Ok, vamos lá, Lee. Imagina esse cenário: digamos que as coisas com a Scream Queens fossem diferentes. Digamos que a mídia e o público só ligasse pra Marcy, como acontece com muita banda. Ninguém quer falar com você em entrevista, ninguém para você na rua, ninguém quer seu autógrafo nem tirar foto com você. É tudo sobre ela, as vezes até sobre os outros. Mas, por qualquer motivo, você é o menos favorito.

Marshall franziu as sobrancelhas, sem saber onde aquela conversa iria. Mas estava prestando atenção, então Kevin prosseguiu:

- Então, um dia, acontece um imprevisto. Você fica doente e não pode participar de um show importante. A banda quer cancelar, porque nunca subiram ao palco sem um dos seis. A gravadora e os organizadores do show nem consideram a possibilidade, porque você pode ser substituído por um guitarrista de apoio. Contrariados, eles aceitam. O show é um sucesso e ninguém nem sente falta de você.

Ele sabia que era apenas um cenário muito hipotético (afinal, ele sabia que era considerado a cara da banda quase tanto quanto a irmã, graças aos inúmeros duetos e músicas na voz dele), mas imaginar aquilo ainda fazia seu estômago revirar.

- E, aí, digamos que eu herde aquela casa dos meus pais, lá em Nashville. Bem longe da loucura e da sensação de ser substituível. Podíamos só viver em paz lá. O que você faz, Abadeer?

Marshall engoliu em seco, ainda encarando a casa da árvore pela janela.

- Se eu tivesse a casa agora. Ou qualquer outro esconderijo. E você tivesse a opção de correr pra longe do inferno dessas semanas, sem se preocupar em voltar. O que você faria, Marsh?

Tudo Permanece Agridoce - AU BubblineOnde histórias criam vida. Descubra agora