Capítulo 1 - C'est Comme Ça

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Se tudo saiu como eu queria, hoje é dia 14/03/2023, exatamente um ano depois do fim de Agridoce. É, não consegui ficar longe por muito tempo.

(Tá, na real eu tô escrevendo isso em 29/01/2023. E não vou postar até 14 de março. Sim, eu propositalmente estiquei a espera e sim, eu gosto do sofrimento alheio. Me julgue.)

Sejam bem-vindos de volta ao mundinho de Agridoce. Espero que ainda esteja do agrado de todos.

Sem mais delongas, vamos ao capítulo.

Boa leitura!

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Megan abriu a porta da sacada de seu quarto, caneca de café em mãos. Estava pronta para começar o que deveria ser sua última amanhã silenciosa por um tempo, mas uma barulheira infernal acontecia do lado de fora. Saiu por ela para poder ver qual era o motivo da comoção na casa vizinha.

Foi com o devido espanto que ela testemunhou a primeira parede da casa dos Smithe ser demolida. E ficou ali mais algum tempo, vendo o restante das paredes vindo abaixo. Quando saiu do transe, se virou para poder descer para a cozinha, sem saber como deveria se sentir sobre isso. Já tinha percebido, duas semanas antes, a movimentação dos caminhões de mudança quando os vizinhos foram embora. Mas não esperava a casa reocupada tão rápido, muito menos trazida abaixo daquele jeito.

Ainda estava perdida em meio aos próprios sentimentos, servindo outra caneca de café, quando se assustou de leve com a voz atrás dela.

- Que barulheira é essa lá fora, tia Megan?

Ela se virou e viu Neddy parado ao batente da porta, ainda coçando os olhos sonolentos. Já era costume que ele passe uma ou outra temporada na casa de Megan, mas naquele dia em específico ele estava ali esperando o retorno de sua irmã, para os preparativos de casamento.

- É na casa dos vizinhos. Na verdade, estão demolindo a casa. Está com fome, querido?

- Um pouco - disse ele se aproximando e sentando em um dos bancos do balcão. Ficou quieto por um momento, mas então perguntou: - É na casa dos Smithe?

Megan só respirou fundo e fez que sim com a cabeça. Ela olhou para cima por um momento antes de falar.

- Seria uma falha de caráter minha estar profundamente feliz por nunca mais ter que esbarrar com eles na entrada de carros, ou por nunca mais ter que sentir meu estômago meio embrulhado quando olho para a casa deles?

- O que exatamente está te levando a considerar a avaliação de caráter de um garoto de dezesseis anos? - disse ele, confuso.

- Você é bom nisso, Neddy. Sua irmã era, também. Ainda é, claro, mas já era assim desde muito nova.

-Ok. Nesse caso: claro que não é, Megan - disse ele, de certa forma satisfeito com a resposta dela. - É uma resposta bem natural, na verdade. Eu nem sei como vocês conseguiram seguir com a vida por tanto tempo ainda morando aqui.

Ela respirou fundo outra vez, e então sorriu.

- Então essa é uma manhã duplamente feliz.

Neddy sorriu para ela e se permitiu sentir o cuidado quase maternal quando ela bagunçou seus cabelos.

Algumas horas depois, ela elogiava a mão boa do garoto para cozinha enquanto ele tirava uma fornada de cookies do forno, quando a porta da frente se abriu, um par de risadas estrondosas enchendo a sala.

Megan não saiu de onde estava. Apenas fechou os olhos e sorriu, mais uma vez se espantando com a saudade que sentia daquela pequena balburdia que havia sido a sua rotina por tantos anos. E, quando dois pares de braços se enrolaram em volta dela, ela permaneceu de olhos fechados. Por um curto momento, conseguiu sentir quatro bracinhos de criança a apertando com aquele amor puro demais que só os pequenos podem sentir.

Tudo Permanece Agridoce - AU BubblineOnde histórias criam vida. Descubra agora