Então, acabei notando que os dois primeiros capítulos podem ter confundido algumas pessoas, o que pode ter deixado alguns de vocês chateados. O que posso dizer é : não fiquem, a confusão é inteiramente proposital com a simples intenção de confundir mesmo. Mas prometo que tudo irá se encaixar e que vocês começarão a juntar as pontinhas mais cedo do que imaginam. Aliás, as teorias foram brilhantes, eu amei 🤭. Obrigada e boa leitura.MERRY CHRISTMAS 🎄💓
☃️🦌🔔🎄🎁🌟
| S E R K A N |
Gotas grossas faziam tic-tec ao se chocarem contra o parabrisas do carro, as janelas se mantinham fechadas afastando a cacofonia da chuva fora de época que caía sobre nós. Não era comum esse volume de chuvas durante o inverno, chovia menos na capital, tudo parecia se preparar para as baixas temperaturas e para a neve.
Firmei os dedos ao redor do volante e olhei através do retrovisor, a menina calada em sua cadeirinha provocou um nó gigantesco na minha garganta.
Não fazia ideia de como poderia fazê-la sentir-se melhor depois do ocorrido. Sequer sei se sou capaz disso. Mas eu deveria ser, afinal é para isso que um pai serve, não?
Clareei a garganta antes de começar. — Você foi muito bem hoje.
Digo, dividindo a atenção entre ela e a estrada. Tudo o que recebo é um olhar entrecortado e silêncio.
— Sei que estava nervosa, mas vai poder tentar de novo… você sempre pode tentar de novo.
Um suspiro cansado escapa dela e depois desse ressoar tudo o que ganho é um cruzar de braços e mais silêncio. Kiraz encara a janela ao lado do seu banco, até a chuva parecer mais interessante do que eu tentando amenizar a situação.
Não sei como fazem parecer tão fácil, é difícil demais ser bom para outra pessoa, e fica doloroso quando essa pessoa não está feliz. Não gosto de vê-la tão desanimada, principalmente, por sentir que todo esse sentimento estampado em seu rosto é culpa minha. Insisti tanto para que ela participasse dessa porcaria de recital, me pareceu uma excelente maneira dela fazer amigos, não poderia estar mais enganado.
Outro suspiro cansado, e desta vez capto algumas notas trêmulas. Qual é, não me faça sentir pior do que já estou me sentindo aqui, se isso for um choro sendo anunciado juro que não sei o que farei.
Já tentei de tudo e tem sido cada vez mais difícil arrancar sorrisos da minha própria filha, sinto que estou fazendo tudo errado repetidas vezes, sem fim.
Voltando minha atenção para a estrada sou pego desprevenido pelo clarão de um relâmpago quilômetros a frente, estico a mão para o banco de trás agarrando suavemente um dos joelhos da minha filha, segundos depois o som alto e assustador do trovão a faz se exaltar no lugar, meu coração para por meio segundo inteiro e volta a bater mais rápido que o normal.
— É melhor chegarmos em casa logo antes que essa chuva piore, Borboletinha… — ela se encolhe em seu lugar, recolhendo as pernas para abraçá-las. Isso me quebra um pouco e me faz questionar se me esforço o suficiente, ou quem sabe se a mãe ainda estivesse por perto as coisa não seriam diferentes. — Deus, — sussurro para mim mesmo, talvez para a chuva. — sei que já faz um tempo, mas se puder me ouvir agora… preciso muito de ajuda.
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Um anjo chamado Natal
FanfictionÁs vezes nosso coração se parte em tantos pequenos pedaços que reconstrui-lo se torna cansativo ao ponto que o melhor pode ser deixar para lá. Isolar-se e deixar que o mundo gire sem que você participe dele. Mas, por mais doloroso que pareça resist...