New York -- 08:20 AM.
Jhulie Bittencourt
-- Eu sou inocente!
Os murmúrios voltaram e abaixei minha cabeça novamente sentindo uma dor insuportável na mesma.
Eu não aguentava mais!
As pessoas me olhavam e me julgavam cruelmente por um crime que eu não cometi. Eu fui acusada de homicídio doloso, por matar Richard Bittencourt e Antonella Bittencourt, meus pais. Eu não havia matado ninguém, eu cai em uma emboscada, de quem eu não sei. Meu pai era deputado federal de Nova Jersey, um grande concorrente político e por isso muitas pessoas estariam interessadas em sua morte.
Eu vi meus pais serem mortos friamente na minha frente. Dois homens encapuzados, entraram na minha casa e atiraram neles, enquanto eu estava presa em uma cadeira, amordaçada, assistindo tudo. As cenas daquela noite se repetiam em minha cabeça a todo instante, eu havia perdido meus pais. Eu estava sozinha nesse mundo e...
Eu só sentia dor.
Eu nunca desejei tanto morrer como eu estava desejando, eu não merecia passar por aquilo, eu não merecia perder os meus pais. A vida é injusta e Deus foi injusto comigo!
O juiz adentrou novamente a sala e todos automaticamente se levantaram para o decreto final. Minhas mãos soavam frio, eu sentia meus olhos lacrimejarem. Automaticamente abaixei minha cabeça, fechando meus olhos com força esperando que as próximas palavras que eu escutasse decretasse a minha inocência e fizesse justiça.
-- A réu Jhulie Bittencourt, dezesseis anos, acusada por homicídio doloso, é culpada. E cumprirá vinte e dois anos de regime fechado, com direito...
Eu deixei que todo o ar que eu estava prendendo saisse de uma só vez, meus olhos se arregalaram e eu os sentia inundando de lágrimas.
-- Não! -- gritei me sentindo sem ar -- NÃO, EU NÃO MATEI MEUS PAIS, EU NÃO SOU CULPADA, NÃO!
Eu gritava e chorava, eu só queria poder acordar e ter certeza que tudo havia sido apenas um pesadelo, um pesadelo ruim, que eu abriria os olhos e teriam os braços da minha mãe me acolhendo e a voz protetora do meu pai me mantendo com a certeza de que tudo estava bem.
Dois policiais seguraram meus braços com força e eu me debatia contra eles e só parei quando meus braços foram puxados para trás e minhas mãos algemadas.
-- Querida!
Debbie me abraçou afogando meus cabelos, ela era a única que acreditava em minha inocência. Debbie é irmã do meu pai, atual vice Presidente dos Estados Unidos, e a única mulher que me restou nesse mundo. Ela se afastou de mim limpando minhas lágrimas, sua pele pálida se destacava pelo batom vermelho vinho em seus lábios e seus cabelos negros caiam perfeitamente aos lados do seu rosto.
-- Tudo irá ficar bem, eu... Vou tirar você da cadeia, agora me prometa, por favor, que irá ficar bem -- suplicou chorosa.
-- Tia... Eu estou com medo, eu quero meus pais!
Eu sentia meu mundo girar, eu me sentia abafada. Meus soluços saiam sem pudor, as lágrimas caiam sem pudor, enquanto eu era arrastada do Tribunal, por quatro homens fortemente armados, como se... Eu fosse uma criminosa. Assim que eu sentia o vento gélido de Nova York em minha frente, uma onda de flashs me invadiram, as pessoas gritavam, perguntavam, me xingavam. Mas eu não conseguia escutar nada, eu estava paralisada com tudo aquilo. Eu não conseguia acreditar, só consegui acordar do transe que eu havia entrado quando o porta-malas bateu e uma escuridão se fez me deixando sozinha, apenas com o barulho dos meus soluços.
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Cell 23
RomanceSua cabeça estava baixa enquanto o juiz decretava a sua sentença. Seu olhar brilhava de inocência, suas mãos tremiam em seu colo enquanto pagava por um crime que não cometeu. Um delegado preso aos encantos de uma presidiária. Um homem com seus valor...