You did not want me to suffer?

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EUA, Presídio Of Alcatraz -- 01:38 AM.

Meus olhos vazavam por toda cela escura e eu abraçava com ainda mais força o travesseiro fino em meus braços. Fechei meus olhos com força desejando que ao abri-los tudo tenha passado de um grande pesadelo e que eu desceria pra tomar café com meus pais, lhes contaria do meu terrível sonho e eles me acalmariam.

Eu só queria tê-los do meu lado.

°Flashback -- Alguns dias antes°

Eu ria de forma escandalosa, pondo as mãos em minha barriga enquanto meu pai contava o que fez quando tinha minha idade.

-- Eu não acredito que você fez isso!

Meu pai riu fraco assentindo.

-- Eu era um adolescente louco, aí eu encontrei sua mãe. -- sorri de um jeito bobo pela maneira apaixonada que ele falou aquilo -- O seu vô William era mecânico na época e eu pegava os carros escondidos na oficina para poder dar algumas voltas com a sua mãe pela cidade, ela sabia que eu pegava os carros escondidos e brigava comigo por isso, -- rio mexendo em um lápis em cima da minha mesa de estudos -- mas no final do dia, éramos só nós dois e uma cama.

Joguei a cabeça para trás, rindo.

-- Aí chega, não quero mais saber de como vocês dois eram tarados -- falei brincalhona.

-- Sua mãe era uma leoa! -- sussurrou.

-- Meu Deus! MAMÃE?!

Gritei rindo para que minha mãe aparecesse ali e visse o meu pai falando aquilo, ela provavelmente ficaria vermelha como um tomate e eu não perderia a chance de ver aquilo nunca.

-- OH MÃE?! -- sem resposta, olhei com a testa franzida pro meu pai e o mesmo me encarava confuso. -- MÃE?

-- Acho que ela deve estar na cozinha!

Papai se levantou indo em direção ao corredor e o segui sentindo minha barriga roncar enquanto caminhávamos em direção a cozinha.

-- Mãe, é verdade que você era uma leo... MÃE!

Meu mundo desabou assim que adentrei a cozinha, senti minha respiração travar junto com o último grito que dei, meu coração estava parado e eu sentia minhas mãos tremer, meus olhos arregalados observavam minuciosamente toda aquela cena.

Eu não tinha reação.

-- MEU DEUS, ANTONELLA!

Meu pai gritou desesperado indo em direção ao corpo largado no chão da cozinha enquanto seu avental branco se coloria com o tom vermelho na parte do peito.

Eu queria gritar.

Eu queria correr.

Eu queria recuperar meus movimentos e ir atrás de ajuda, mas eu não conseguia me mover, um soluço saiu da minha boca e consigo caíram-se diversas lágrimas pesadas, enquanto eu ia recuperando os movimentos do meu corpo e caminhava até minha mãe.

-- Mamãe? -- sussurrei -- Mãe, fala comigo!

Implorei me ajoelhando ao seu lado, vendo meu pai chorar desesperado catando seu celular em seu bolso.

Minhas mãos tremiam e cuidadosamente peguei a cabeça da mulher que me deu a vida a pondo no meu colo, acariciei seu cabelo inclinando meus lábios umidecidos pelas lágrimas em sua testa fria.

-- Você vai ficar bem, mamãe! Você vai ficar, eu sei que vai. Você não pode me deixar.

-- O QUE É ISSO?

Cell 23Onde histórias criam vida. Descubra agora