Nothing will happen

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Presídio Of Alcatraz -- 16h20min.

Jhulie Bittencourt

Minhas mãos tremiam em meu colo e meus soluços saiam sem pudor algum, eu chorava por tudo.

Chorava por saber que eu iria morrer em alguns dias, chorava por estar passando por tudo isso, chorava pela morte e saudade dos meus pais e chorava por estar gostando de um homem que além de ser delegado da penitenciária que eu sou presa é um cara casado!

Limpei minhas lágrimas com força tentando fazer com que todos os meus soluços parassem. Eu sentia uma dor tão grande, era como se tivesse um buraco em meu peito e agora ele estivesse cada vez mais fundo e me engolindo.

Por um lado era bom morrer.

Eu não iria mais sofrer nas mãos de Khloe, não iria ter mais que cumprir por um crime que não cometi, eu não iria mais ter que olhar para o delegado Bieber e ficar criando sentimentos que só irão me machucar ainda mais.

Suspirei deixando que mais algumas lágrima caíssem, mas abri meus olhos ao escutar o barulho de passos pelo corredor. Me levantei da minha cama e caminhei até a pequena pia e passei a água pelo meu rosto para tirar um pouco a cara inchada.

Meu corpo tremeu levemente de susto assim que alto falante falou algo e logo minha cela estava sendo aberta.

Me virei e deixei minha respiração escapar com força assim que vi o delegado Bieber passar pela mesma me encarando sem expressão.

Eu não sei exatamente quanto tempo passamos encarando um ao outro sem dizer uma palavra, apenas estudando nossa expressões. Antes mesmo que eu dissesse alguma coisa, Justin caminhou até onde eu estava puxando meu corpo de encontro ao seu.

Fechei meus olhos com força enterrando meu rosto em seu peito e seus braços abraçaram minha cintura com força me mantendo colada a ele.

Eu queria parecer forte, mas eu não consegui, deixei que várias lágrimas saíssem dos meus olhos sem pudor algum. Eu não me importava se estava molhando sua blusa social, e nem ele parecia se importar. Eu só queria aproveitar um dos únicos momentos em que eu realmente estava me sentindo protegida dentro daquele lugar.

– Vai ficar tudo bem! — murmurou.

Permaneci calada deixando que os soluços escapassem da minha boca, minhas mãos estavam agarrando sua blusa com força esmagando o tecido entre meus dedos, eu não queria que ele se afastasse.

– Você sempre diz isso, mas nunca fica nada bem! Sempre acontece alguma coisa e... nunca fica bem!

Ele tirou seus braços da minha cintura calmamente, e suas mãos seguraram em meu quadril afastando meu corpo do seu.

Então, ele se sentou na cama de baixo da bi-cama pequeno dali e me puxou calmamente pela fazendo-me sentar ao seu lado.

Posei minha mão livre sobre minha perna enquanto a outra Justin a mantinha junto a sua, com nossos dedos entrelaçados.

– Eu não sabia que nada disso iria acontecer! — falou olhando nos meus olhos – Se eu soubesse eu teria procurado alguma forma de desfazer isso, eu liguei para o juiz que deu a sentença e ele...

O delegado parou a frase engolindo a seco e desviou seus olhos dos meus encarando a parece a sua frente e pus minha outra mão por cima da sua que estava fortemente agarrada na minha.

– Ele diz que não tem mais jeito, que foi decretado, e que para voltar atrás só provando sua inocência, só que foi confirmado que você é a assassina e então as coisas não podem mais serem revertidas.

Reprimi meus lábios em uma linha reta os passando um no outro assentindo lentamente.

– Você acha mesmo que... que eu matei meus pais?

Justin virou seu rosto me encarando e seus olhos se desviaram para nossas mãos e ele fechou os olhos com força os abrindo em seguida.

– Você não acredita em mim, não é? — murmurei.

– Tem horas que eu tenho certeza que você matou seus pais, como hoje mais cedo, eu estava revendo seu caso e tudo aponta pra você então eu tenho certeza que você matou eles.

Deixei a respiração sair de meu nariz de maneira sarcástica, o que eu estava pensando? Que ele iria acreditar em mim? Eu estava enganada!

Logo Butler apareceu na porta da cela e nos olhos um pouco desconfiados.

– As presas estão no pátio, e como Jhulie não foi, me mandaram levá-la para o refeitório. — falou nos olhando com a testa franzida.

Justin pigarrou se levantando e ajeitou a sua calça que estava com um volume visível ali e desviei meu olhar sentindo minhas bochechas corarem fortemente.

– Não se esqueça de tudo que eu te disse... e fiz! — sussurrou a última parte me olhando firmemente nos olhos e ofeguei discretamente sentindo um tremor quente subir por todo meu corpo.

Me levantei ajeitando meu cabelo e caminhei até Ryan que me encarava desconfiado, minhas mãos foram algemadas e logo comecei a seguir em direção ao refeitório.

Presídio Of Alcatraz17h40min.

Todas as presas já estavam nas celas, eu tomei banho por ultimo e acabei me atrasando. Claro que aquilo não saiu ileso, eu levei vários gritos e xingamentos de uma das guardas, mas eu não liguei.

A idéia de que daqui a alguns dias eu iria morrer me vinha em mente e uma sensação terrível me dominava, mas então as palavras e os toques de Justin passavam em minha frente como se estivesse acontecendo naquele momento, e eu me sentia tranquila, com a pequena certeza que tudo iria dar certo.

Franzi a testa confusa assim que vi duas policiais dentro da cela e Wendy sentada em uma das cadeiras apontando para minha cama, assim que a mesma me viu seus olhos se arregalaram.

Franzi minha testa confusa e meus olhos se arregalaram assim que uma das guardas se virou em minha direção com um relógio de ouro, eu o reconheci por que meu pai tinha um parecido com aquele.

Era de Justin, eu vi no seu braço mais cedo.

– O-o que... o que ta acontecendo aqui? — perguntei trepidante.

– O que aconteceu, Jhulie? — a guarda riu irônica – Aconteceu que sua amiga Wendy, viu um relógio nas suas coisas.

Olhei pra Wendy e a mesma me encarava de braços cruzados sorrindo de lado.

– Você roubou um relógio de um dos policiais, e parece ser jóia cara — falou a outra guarda rindo debochada olhando para o relógio em sua mão – só pode ser do delegado Bieber.

– Eu não roubei nada! — falei alto levando minhas mãos ao meu cabelo.

– Então você vai ter que se explicar para o delegado, mas só depois de uma boa noite na solitária! Agora anda, inútil.

Cell 23Onde histórias criam vida. Descubra agora