Capítulo 4 - Cinco adolescentes e uma conversa reveladora

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O Tom Williams continua sem aparecer na escola, o que começou a preocupar os seus amigos. Mas entre todos eles, o que mais se preocupava era com certeza o Thales, que depois da escola foi até a casa do Tom para vê-lo.

E como eu sei isso? Sei lá, talvez eu estivesse seguindo ele, só talvez. Se esconder atrás de um arbusto não é tão confortável quanto parece.

Thales repensou várias vezes, mas num abrir e fechar de olhos, tocou a campainha, que depois de alguns segundos é correspondido.

- Oi! - Thales, sorria de imediato quando viu o seu amigo, apenas do estado deplorável que ele se encontrava.

É sério, o Tom estava horrível, e olha que ele já é horrível de natureza.

- Oi. - respondia ele de maneira cabisbaixa, depois voltando para dentro e deixando a porta aberta para que Thales entrasse.

Logo que Thales entrou eu corri para mais perto e me aproximei de uma janela que estava aberta.

- Como você está? - rapidamente entrava para dentro e deixou a sua mochila cima da grande mesa de madeira. - Nós estamos todos preocupados.

- Se todos estão preocupados então porquê apenas você está aqui? - sentava na mesma mesa em que Thales colocava a sua mochila, esperando uma resposta.

- O ponto é... - fugia de forma cobarde do assunto, também se sentando, de frente à ele. - Você desapareceu, você está perdendo aula...

- E de vale ir para aquela merda de escola se posso ser preso? - o interrompia.

Eu fiquei chocada quando ouvi, mas nem tanto.

- Como assim pode ser preso? - Thales se espantava. - O que você fez?

- Eu não fiz nada, mas eles pensam que eu matei o Jackson.

- Mas porquê? - Thales franzia o cenho.

- Eu tinha o telefone dele.

- Você tinha o telefone dele?! Como assim?! - levantava de imediato, não aguentando tanta informação.

- No dia em que o Jackson desapareceu, eu peguei o telefone dele da Yasmine...

Yasmine tinha o telefone do falecido em mãos e ainda o mais rápido que podia pelos corredores. O seu pânico e nervosismo eram notórios, ela tinha a simples missão de se livrar o telemóvel do Jackson, mas o que parecia simples se torna complicado quando Tom aparece na sua frente.

- Yasmine! Você viu o Jackson?! - questionava com grande preocupação.

- Não, eu não vi. - tentava desesperadamente esconder o telefone por trás dela mas falha miseravelmente.

- O que faz com o telefone do Jackson? - perguntava com alguma desconfiança.

- Nada. É que, ele pediu para te entregar. - pegava nas mãos dele e colocou o telefone, suas mãos tremiam descontroladamente sobre as mãos de Tom. - Ele disse para você depois passar na casa dele.

Yasmine saiu correndo e Tom continuou confuso, olhando para o telefone de Jackson, que agora estava sobre sua posse.  

- Então você ficou com o telefone dele até então? - Thales perguntava, quase roendo as unhas ali mesmo.

- Sim. - respondia, dando continuidade à sua explanação. - Depois que falei com a Yasmine fui às pressas até a casa dele mas ele não estava, nem os pais dele, ninguém estava.

- E então você levou para a sua casa. - Thales começava a ligar os pontos com eficiência.

- Sim. - continuava. - o telefone estava sem bateria e então carreguei. Então carregava eu estava focado nas minhas coisas, mexia no computador, trocava mensagens, mas de repente eu olhei para o ele e pensei em todas as vezes que o Jackson ria com alguma mensagem e não me dizia o que era, ou dizia que era nada e eu não aguentei, fui ao fundo da questão e descobri tudo, ele estava me traindo.

- E com quem ele te traía?

- Paul Trevolin, da Escola Harris, a nossa escola rival. Eu ainda não acredito, como ele foi capaz?

- Eu sinto muito por isso.

- É, eu também.

- E onde a polícia entra nisso? - perguntava, antes de se ajeitar firmemente na cadeira.

- Eles entraram em minha casa esses dias, e para o meu azar, eu tinha deixado o telefone do Jackson por cima da mesa e eles viram...

- Tudo bem Tom? É a polícia. - dizia o Xerife Benjamin, já entrando para dentro.

- É, estou vendo. - retorquia com sarcasmo.

- Porquê não tem ido na escola?  - perguntava, mesmo sem tanto interesse em saber a resposta.

Eu não estou me sentindo muito bem. - passava a mão em seus cabelos.

Benjamin observava detalhadamente a casa inteira, e não dardou para encontrar o telefone de Jackson que pairava sobre a enorme mesa de jantar.

- O que você fez com o telefone do Jackson Richardson? - o indagava, já segurando o telefone.

- Eu encontrei. - Foi tudo que conseguia responder perante tanto nervosismo.

- Encontrou, é? - se aproximava dele.

- É. - permanecia o encarando mesmo com tanto pânico.

- Onde você estava no dia em que o Jackson desapareceu?

- Eu estava assistindo o maldito teatro como a maioria dos estudantes. - respondia, sem alguma expressão reveladora.

- Eu não tenho tanta certeza disso. - Xerife preservava o contato visual.

- Mas eu tenho. - afirmava.

- Não quer me acompanhar até a delegacia?

- Seria uma perda de tempo, porque eu não vou falar mais nada sem a presença do meu advogado. - rebatia.

Você está minha mira, rapaz. - junto dos outros policiais, se dirigia até a porta. - E esse telefone vem comigo,  pertence à polícia agora. - avisava, antes de fechar a porta.  

- Meu Deus... - Thales lamentava- enquanto cobria todo o seu rosto com as suas mãos.

- Entendeu agora porquê eu já não vou para aquele inferno? Todo mundo vai falar sobre mim e sobre como matei o meu namorado por causa do corno que ele me meteu.

- E desde quando você se importa com o que as pessoas pensam? - encarava o Tom, que naquele momento não teve como rebater. - Tom, você assumiu o seu namoro com o Jackson mesmo sabendo de todas as piadas que fariam contigo, você enfrentou e pode enfrentar isso também, eu sei que você pode. Você é a pessoa mais corajosa que eu conheço.

Amigo, coragem de verdade é você matar alguém, amarrar em sacos de batatas e deitar o corpo no oceano com pedras dentro.

- Tá bom.  - Tom respondia, evitando contato visual.

Quando vi Thales se levantando, eu sabia que era hora de voltar para o arbusto que eu antes estava escondida, e assim o fiz.

Não muito tempo depois que voltei para o velho esconderijo, Thales já estava fora da residência.

- Então, amanhã você vem? - Thales indagava, sorrindo.

- Não sei, talvez. - Tom sorria de volta.

- Isso já serve.

Eles apertam a mão um do outro e em seguida se abraçam da maneira mais hétero possível. Queria conseguir esconder os meus sentimentos por alguém tão bem quanto o Thales.

E depois da despedida, Tom fecha a porta. Thales tira o seu telefone do bolso e sai de lá em longos passos.

- Pessoal, precisamos nos encontrar. - Thales enviava de imediato a mensagem de voz e continua caminhando o mais rápido que puder.

Eu podia seguir o Thales novamente, mas não sou assim tão desocupada.

- Ei! O que faz aqui?! - Tom abria a porta e grita para mim depois de me ver saindo do arbusto como uma louca.

Porquê eu não tomei mais cuidado!? Merda.

Cinco Adolescentes e Um CorpoOnde histórias criam vida. Descubra agora