Capítulo 2 - Os caveiras são mais antigos

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POV Aizer

Assim que aquela aula se encerrou, aguardei a turma sair, e só por precaução, avisei uns amigos que impedissem Tiana de sair da sala; eles faziam parte da gangue. Felizmente, Tiana realmente ficou por último, ela estava tirando suas últimas anotações.

- Hey! Tiana não é? - Perguntei antes que ela pudesse abrir a porta e sair.

- Eu mesma, parabéns por acertar meu nome. - Me surpreendeu seu jeitinho respondão, imaginava que ela apenas ficaria quieta.

- Mas que agressiva... - Soltei um riso abafado e curto, iria me divertir aquele ano. - Me parece que já nos encontramos antes, não acha?

- Você não é aquele desgovernado que esbarrou em mim ontem a noite? - Falando assim até parece que sou louco.

- Opa, calma lá! Eu estava tentando fugir de uns caras aí... - Ela me corta.

- Uns caras que aparentemente você os provocou. - Fiquei calado, não sei se fiquei sem graça ou envergonhado, aquilo foi bem espontâneo. - Se não tiver mais nada, nos vemos depois.

- Mas que garota... - Um suspiro de "admiração" foi solto após o comentário,

Para com isso Aizer!!! Ela namora! Ainda bem que ela já se foi... A porta se abriu novamente revelando Akira, ele estava bem nervoso e eu me assustei achando que poderia ser a Tiana novamente.

POV. Akira

Procurava Aizer em toda a escola, não era possível que este tivesse ido embora sem mim. Passando pelos corredores, vi Tiana sair da sala, o que ela fazia até agora lá? Do jeito que sou curioso, corri e abri a porta da sala que ela saiu com tudo; foi desnecessário mas tarde de mais pra medir forças. Encontrei finalmente o Aizer, mas a pergunta que nao queria calar era "O que ele estava fazendo ali?".

- Akira???? - Ele parecia ter levado um baita susto. - Caramba, não me assusta assim!!!

- Eu estava te procurando... o que tu e a Tiana estavam fazendo?

- Ah... só foi uma conversa, mas... por que estava me procurando. - Com certeza queria mudar de assunto.

- Chefe tem novidades, anda, temos que ir!!!

Saímos da escola com uma pressa, aposto que a nossa alma já estava lá, mas nosso corpo não consegue acompanhar. Auma disse que estaria em um depósito ambandonado, onde ele estaria acompanhado por um garoto amarrado e vendado a cadeira.

- Finalmente chegaram.

Só haviam os dois no depósito, mais ninguém. Aparentemente Auma não queria chamar muita atenção, nem alarmar a gangue por nada. Também haviam duas cadeiras, caso eu  e o Aizer quiséssemos nos sentar. Ele quis ficar em pe mesmo, enquanto eu me ajeitei na cadeira.

- Arin e Asael sequestraram este aqui para que nos desse algumas informações. - Diz ele tirando a venda do garoto. Era o garoto que Aizer atazanou no bar ontem.

- Ser pego com a guarda baixa é bem babaca da parte de vocês... - Soava como se ele tivesse apanhado bastante, mas só de o olhar dava para ver. - Ah você aqui??? - O olhar dele foi direto para Aizer, o que deixou o chefe furioso.

- O seu papo é comigo!!!! - Bravo por já saber que tinha acontecido merda, segurou e puxou a perna da cadeira para que o garoto amarrado olhasse para ele. - O que você fez com o nosso membro?

- Que membro? - Ele pergunta ironicamente, pensando sobre. - Ah aquele magrelo alto??? Apenas lhe demos uma lição para não andar por nossos domínios... e isso também serve para você... - Seu jeito irônico e provocante, só aumentava o ódio que Auma sentia no corpo.

- Me diga aonde ele está! - Segurou a caminha do garoto como se estivesse prestes a soca-lo até que eu interferi.

- Não adianta batermos nele, só iria piorar as coisas entre as gangues. - Fiquei feliz por ele ter me dado ouvidos ali.

- O seu pequeno informante mudou de lados. Ele não pertence mais a vocês... Seus lixos!

Aquilo foi a gota d'água para que Auma socasse o garoto a ponto de o deixar inconsciente. Este me designou para deixar o corpo em algum lugar que a gangue dele fosse capaz de o achar, afinal, manter reféns não era algo nosso. Enquanto isso, ele teria uma palavrinha com Aizer, provável para saber do que aquela pequena frase "ah você aqui?" queria dizer. Quando retornei, os dois estavam bem, era o que parecia. Auma já iria nos dispensar, porém o impedi, queria ter uma pequena conversa com ele.

- Auma... Eu andei fazendo algumas pesquisas sobre os Caveiras Flamejantes. Descobri um histórico extenso até o ano de 1990. - O olho como se quisesse a atenção total a um assunto com potencial de ser importante.

- Pelo que sei, o líder deles tem continuado a tradição de manter de pé a gangue. O que tem de mais?

- Houve uma notícia no jornal onde acusavam a gangue de canibalismo, e isso não foi uma única vez. Já até perseguiram a gangue para os prender por conta dessas acusações. - Os dois olharam para mim como se eu estivesse mentindo ou algo, apenas era difícil de acreditar que essas notícias contavam a verdade.

- Você não está insinuando que eles são canibais, né? Tu não acredita nisso não, né? - Aizer estava um tanto assustado com aquilo.

- Eu não sei, é uma suposição, mas.. - Olho em direção de Auma terminando minha frase. - Deveríamos ficar de olhos bem abertos com eles.

Era um assunto muito sério, além de uma acusação que se fosse falsa eu poderia ir preso. Eu precisaria de mais provas se eu quisesse ter a razão e poder os incriminar. Na escola, já estava no horário da saída, eu e Aizer decidimos ficar mais um pouco pelo pátio da escola de encontro a saída. É algo que gostamos de fazer quando não temos nada a fazer.

- O que pretende fazer quanto os Caveiras? - Aizer me pergunta sobre minha discussão com Auma.

- Quero ir mais a fundo, eu vou conseguir minhas provas... - Suspirei profundamente sem tirar os olhos da saída, ia ser muito trabalho que eu nem sei se vai me prejudicar. - A Tiana já está indo embora. - Comentei vendo ela indo em direção ao portão.

- Ela é linda né?... - Afirmei com a cabeça, não tirando os olhos dela. - Pena que ela namora. - Tanto eu quanto ele mudamos nossas expressões, não sei dizer se era de ciúmes ou de tristeza. Somos um enigma quando o assunto é garota.

- Falando nele... - Ele deveria ser quem iria a buscar. - Vamos lá! - Fui correndo até eles tendo o Aizer bem atrás de mim.

- Ah oi rapazes, posso ajudar em algo? - Tiana estava bem confusa com nossa aproximação repentina.

- É que já fazia um tempo que estava admirando aquela moto e queria saber de quem é o dono. - Disse Aizer ficando mais à frente de mim, apontando para a moto que ele falava.

- Ah, gostou? É a moto de meu irmão, né não Natan? - Ela olhou sorridente para o rapaz que achávamos ser o namorado dela.

- Foi uma dificuldade arranjar ela, mas valeu muito a pena. - Ele riu também, um tanto sem graça por ser o "assunto" da conversa.

- Ele é seu irmão??? - Perguntei bem surpreso. Aizer não precisou nem perguntar, seu rosto já dizia tudo.

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