Sorri para ela, embora ainda não me livrasse da culpa e da vergonha.
- Preciso ir. Você já viu alguém para cuidar de
Cecile quando precisar sair?- Ainda não, mas...
- Deixe-a comigo.
- Não, você já tem feito demais.
- Quero cuidar dela. E não me ofenda oferecendo pagamento. Amo aquela menininha. Ela alegra a minha vida. Além disso, posso ficar sempre de olho na enfermeira e ver se ela cuida bem de Carlos.
-Ah, Maiara! - Abracei-a com força. - Você não existe! Nunca poderei pagar o que você faz por mim!
- Eu não quero pagamento. Quero que seja feliz. Já sabe que horas vai sair amanhã?
- Sei que terei que passar a noite fora. - Evitei encará-la.
- Posso dormir aqui. Não se preocupe. Agora tenho que ir. Já está tarde e Larissa já deve ter chegado do escritório.
Concordei e levei-a até o portão e esperei até que ela entrasse na casa ao lado da minha. Depois voltei para dentro de casa e tranquei a porta.
Peguei a minha bolsa e entrei no quarto de Cecile.
Enchi-me de amor ao vê-la dormindo profundamente, agarrada com seu velho ursinho.
Cobri-a com o lençol, beijei sua bochecha macia e acariciei os cabelos espalhados pelo travesseiro.Guardei o envelope com o dinheiro e o contrato bem escondido, dentro do guarda-roupa. Depois peguei dois lençóis e um travesseiro e saí do quarto na ponta dos pés. Deixei a porta aberta, pois do quarto em que dormia com Carlos eu poderia ver
Cecile.Entrei silenciosamente no quarto de casal, sempre com um abajur aceso e quase sem móveis e objetos, para não acumular poeira. Carlos dormia profundamente, virado para o outro lado. Evitei olhar para ele. Deixei o travesseiro e os lençóis em cima de uma cadeira e saí novamente.
Tomei banho, pus uma camisola, escovei os dentes e fui pegar o colchonete embaixo da cama da minha filha. Depois voltei ao quarto e arrumei o colchonete no chão, forrei-o com um dos lençóis e ajeitei o travesseiro. Há muito tempo eu dormia no chão, pois não incomodava Carlos na cama. Ali podia ficar de olho nele e trocar sua posição ou seu soro durante a noite.
***
O dia seguinte foi agitado, tenso, mas também um alívio para mim. Paguei os três meses de aluguel atrasado e o agiota, quando seus capangas bateram à minha porta. Devolvi o dinheiro que Maiara me emprestara, embora tivesse sido um custo ela aceitar. A morena ficava dizendo que aquele dinheiro não faria falta para ela e nem para Larissa.
Depois fiz compras, trouxe guloseimas para Cecile e deixei-a feliz da vida. Também comprei fraldas e pomadas para Carlos, além de soro e material para deixá-lo sempre limpo e seco.
Entrevistei também as enfermeiras que Simone mandara. Fui informada que deveria escolher duas , que se revezariam durante dia e noite. Uma viria todos os dias e a outra só a noite, quando eu precisasse sair. Maiara e Cecile ficaram comigo e acabaram me ajudando a decidir.
Gostei muito de uma mulher robusta e muito branca, de quarenta e poucos anos, simpática e eficiente, com uma vasta experiência profissional.
Ela se chamava Amber. Trabalharia de dia. Para a noite, acabei me decidindo por uma enfermeira de trinta anos, que adorava conversar e se dera maravilhosamente bem com Cecile. Expliquei todo o trabalho as duas e elas mostraram muita simpatia pelo estado de Carlos.
Amber começaria só na manhã seguinte, mas Mary já viria naquela tarde para passar a noite. Maiara também dormiria em minha casa, o que me deixava mais tranquila. Depois de tudo acertado, fui preparar comida e deixar tudo pronto para o jantar.

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CHANTAGEM - SIMORAYA
FanfictionAté onde a necessidade é capaz de ir? O dinheiro realmente compra tudo? E o amor? O amor existe? Até onde a luxúria e o poder são capazes de ir?