CHANTAGEM - SIMORAYA

DEZENOVE

Soraya Thronicke.

- Hoje ela não foge de mim! Sei que proibiu que me dessem um convite. Mas arrumei um convidado, um idiota qualquer, e vim como acompanhante dele.

Essa mulher estava mesmo bêbada, ou drogada.
Seus olhos não conseguiam se fixar em mim e sua voz saía alta e arrastada.

- Estou sendo amiga em te avisar! Não se apaixone por ela! Vai sair dessa com uma joia, se tiver sorte, e um chute bem dado na bunda! Ouviu? Hey, você está me ouvindo?

- Estou.

- O que está havendo aqui?

Dei graças a Deus quando Simone voltou à mesa.
Doja continuava pendurada em seu braço e olhou para a loira com desprezo. Simone também olhou para ela, visivelmente irritada.

-Você não deveria ter vindo, Rosangela. - Falou séria e dura.

-Ora, por que não, meu amor? Sou livre! - Os olhos dela se encheram de lágrimas. - Sei que não posso me aproximar muito, não é? Você foi muito malvada em me dedurar na polícia. Aqueles escândalos não foi culpa minha! Aquela mulher que me provocou. Sabe que nunca quis quebrar aquele copo e..

- Ela está bêbada de novo. - Resmungou Doja.
Só vive assim.

- Hey! Eu não falei com você, sua piranha tatuada!
- Gritou Rosangela. - Seu carrapato fodido.

-Oh! - Exclamou Doja, horrorizada.

- Janja, é melhor você ir. Não quero ter que chamar os seguranças novamente. - Simone não desviava o olhar frio dela.

- Mas eu estou me comportando. Vim só dar um alô. A outra aqui até que foi comportada. - Ela apontou pra mim. - Agora essa cantora aí é que veio se metendo onde não é chamada! É doida pra dar pra você! Só ela não vê que está muito abaixo do seu padrão. Até parece que você trocaria essa modelo aí. - A tal janja apontou para mim. - Por ela! -
Falou agora apontando para Doja.

- Simone! - Exclamou Doja, vermelha de raiva. Eu observa tudo estática e boquiaberta.

- Já estou indo. - A loira soltou a cadeira e tonteou um pouco. Respirou fundo e ergueu o queixo. Fixou os olhos marejados em Simone. - Não vou fazer nada, não se preocupe. Só queria que soubesse que eu ainda não consegui te esquecer.

Simone não disse nada. Manteve-se imóvel, encarando-a. Por fim Doja me olhou e disse:

- Aproveite enquanto pode. E deixe o coração de fora. Ela adora pisar nele.

Observei-a se afastar trêmula e tonta. Não pude deixar de sentir pena, ao ver o estado dela e sua dor. Parecia sofrer desesperadamente por causa da Simone.

-Asquerosa! - Gritou Doja, ainda uma fera. -
Como ela conseguiu entrar aqui? A polícia não proibiu ela de se aproximar de você?

- Ela já foi. - Simone olhou para mim. - Ela importunou você?

- Não. - Menti.

- Esqueça. Preciso de uma nova dança, querida.
Doja roçou-se nela, fazendo biquinho.

- Depois. Estou cansada e preciso conversar com a
Soraya. Depois dançamos.

Ela ficou surpresa por ser dispensada e, pela primeira vez na noite olhou para mim. Ódio puro.
Por fim se controlou e sorriu para Simone.

- É claro. Bem, tenho que dar oportunidade a outros admiradores. Com licença, querida.

Simone sentou-se à minha frente depois que Doja se afastou, séria, mas parecendo aliviada. Nós nos olhamos.