UNICÓRNIOS, CERTO?

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"Se você já construiu castelos no ar, não tenha vergonha deles. Estão onde devem estar. Agora, dê-lhes alicerces."

"Uma frase perfeitamente sadia é muito rara."

Henry David Thoreau

Quando eu escrevi Nunca Fale sobre Unicórnios, que irei chamar aqui carinhosamente de NFSU, não pensava que ia falar sobre temas pesados. Eles vieram até mim naturalmente. Depressão, suicídio, distúrbios de imagem e alimentares, abuso... nada disso estava no meu escopo. Mas ao falar de personagens que refletissem o que vemos na realidade, eu acabei falando de coisas assim. A história foi surgindo na minha mente e a influenciei conscientemente em apenas alguns momentos.

O romance com Vinícius, um comediante, cara alegre e gente boa, veio desse meu desejo de deixar a história mais leve.

Mas mesmo assim, confesso, a história me pareceu pesada demais, gostaria que tivesse sido mais alegre. Mas o que posso fazer? Uma mente perturbada consegue mesmo criar mundos perfeitos com jovens ricas e lindas morando em Miami conhecendo um CEO garanhão e vivendo altos e baixos no amor até casarem e terem filhos? Acho que não, minha mente imagina pessoas reais passando por situações tão difíceis quanto a minha, ou mais difíceis ainda. E eu queria falar sobre isso. Pelo menos naquele momento da minha vida.

A intenção foi boa. Queria mostrar que quem passar por situações difíceis na infância e adolescência não tem culpa e nem merecem aquilo, não tem a ver com merecimento. A depressão e o suicídio pode aparecer em pessoas que aparentam estar bem ( e muitas vezes aparentam apenas querer chamar a atenção ao falar algumas coisas, mas isso não é necessariamente algo ruim nem por maldade da pessoa).

Unicórnio, minha personagem principal, era muito festeira, saia, bebia e era um pouco irresponsável e confiante demais que tudo ficaria bem com ela. E realmente, nada nunca aconteceu com ela. Por sorte ou por que a vida é assim mesmo, cheia de quases, ela ficou bem e terminou o livro mais positiva com a vida e com muitos sonhos e planos profissionais e ao lado do namorado Vinícius.

E para me redimir pelos meus erros com NFSU, eu criei a continuação: Nunca fale sobre Monstros, da qual sinto muito orgulho. Eu realmente gosto desse livro e tentei fazer algo melhor. Nessa continuação Unicórnio é uma estudante de psicologia e passa por problemas amorosos. Na história acontece traição, conflitos sobre moralidade, desejo sexual versus desejo amoroso e vários conflitos profissionais. Eu achei que fui bem no meu propósito. 

O livro pode mostrar a vida real mas também pode inspirar força interior para o leitor e isso é algo importante pra mim. Queria criar história que inspirassem e dessem esperança para as pessoas, de alguma forma.

Eu aprendi muito com os leitores enquanto escrevia NFSU, eram os comentários que me mostravam se alguém entendeu ou não uma passagem. Por causa disso eu considero o Wattpad uma ferramenta muito interessante para escrever, ler e interagir com os leitores. E o melhor, você pode fazer amizades com outros escritores e trocar experiência, então eu considero aqui um ambiente seguro e de muito aprendizado.

Nunca ganhei ou fui indicada a um Wattys, então isso me deixou um pouco triste em algumas vezes, mas com o passar dos anos dói cada vez menos a rejeição pelo Wattys. Vai sendo parte do processo. Acho que a gente se acostuma e aceita que nada gira ao nosso redor. Com muita sorte, algumas vezes gira, mas nem tudo é sobre ganhar e perder, ser ou não escolhido, ser ou não ser notado. As vezes é sobre a gente sentir orgulho do que criamos, mesmo depois de muitos anos de ter escrito aquele texto. E apesar de tudo, apesar da autocrítica, eu tenho sim orgulho de tudo que fiz, pois sei que foi o meu melhor.

E gente, é claro que eu escrevi e reecrevi mil vezes cada capítulo. Mas chega uma hora que sua própria edição se torna maçante e inútil. Pessoalmente, tem livro do meu passado que não edito mais. Não consigo, sabe. Cheguei no limite, agora quero editar só os mais recentes.

Acho as vezes que um bom livro deve ter aquele resultado maravilhoso porque tem o dedo de várias pessoas: escritor, editor, revisor, leitor alfa beta etc...Tenho pensado nisso ultimamente. Nenhuma vitória hoje em dia é de uma pessoa só, quase sempre tem uma grande equipe envolvida. Mas nada é impossível!

No próximo capítulo quero contar o que aprendi escrevendo a continuação de Nunca fale sobre Unicórnios: O querido Nunca fale sobre Monstros - diário new adult. Até mais!

DIÁRIO DE UMA ESCRITORAOnde histórias criam vida. Descubra agora