| Funcionando |

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Você devia pedir o número dele! – Ouviu Dante dizer no telefone enquanto colocava um filme pra assistir no notebook.
– Você enlouqueceu? – Falou rindo e então ouviu o loiro correr do outro lado da ligação – Onde que você tá? Já que não voltou pra cá.
Vocês moram juntos? – Ouviu outra voz no celular, aquela mesma voz que sua mente estava tentando esquecer desde a tarde, e falhando miseravelmente.
– Joui? – Perguntou duvidoso, ouvindo a risada bem audível de Dante.
Oi Gal, você reconheceu minha voz! – Ele disse, seu sangue gelou e quase teve o risco de cair duro da cama, mas a imagem dele como um cachorrinho abanando o rabinho feliz fez seu corpo se esquentar de volta, deixando muitos vestígios em suas bochechas.
– Você quer meu telefone? – Conseguiu dizer antes de respirar tão fundo que achou que seus pulmões fossem se rasgar no peito, a surpresa de todos no celular foi notável – Que silêncio!
E-eu... pode ser! – Foi dito com dificuldade e bem devagar, um de seus passatempos favoritos era flertar com seus amigos, havia esquecido de faze-lo depois de quase apanhar.
– Ele é o seu namorado Dante? – Perguntou provocando o dono do celular que tinha certeza que estava ali ainda – Uma pena ter que dividir você com ele!
Para com isso, você vai apanhar do Arthur! – Finalmente havia descoberto o nome que tanto o corroía de curiosidade.
– Vai pro fim da fila, o Joui tá na frente! – A aba do filme havia carregado e com os engasgos de Joui no telefone, deu tchauzinho pra eles e desligou antes mesmo de receber uma resposta, tinha acabado de começar a assistir quando seu celular apitou, sorriu quando viu o número desconhecido lhe mandando oi, quem diria que o gatinho da Educação Física estaria mandando mensagem pra ele.
Apagou a tela e voltou a prestar atenção no filme, no outro dia estranharia o fato de acordar tão disposto e de bem humorado, mas havia sido uma noite de sono muito boa, o que era um milagre.

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E ali estava ele, com sua regata vermelha e sentadinho em uma das mesas na cantina, um pote estava sobre a mesa e ele pegou o celular, olhou e depois o guardou, e continuando a observar o pote.
– Você é estranho sabia! – Falou quando se aproximou o suficiente para que ele o visse e o escutasse, mas perdeu parte da coragem quando viu um enorme sorriso surpreso se abrir no rosto dele e em seguida ouvir.
– Gal, oi! – E aquele sorriso continuou ali, sem se apagar depois, sem malícia, algo muito genuíno que chegou a o surpreender – O quê faz aqui?
– Vim fazer companhia! – Falou ainda recuperando a coragem de flertar com ele, se fosse com Rana já teria feito mil comentários, mas simplesmente travou – Eu flerto com os meus amigos!
– O quê? – Ele ficou confuso, enquanto abria finalmente aquele pote roxo que remexia a cada cinco segundos, e também estava tão confuso quanto ele, já não sabia o motivo de ter falado aquilo do nada.
– Só pra avisar, da última vez você quase me bateu! – Puxou uma cadeira e se sentou na frente dele, que olhou para o bolo e remoeu as informações.
– Você vai flertar comigo? – Ele não se mexeu enquanto perguntava, parecendo estar estranhamente congelado.
– Eu posso? – Sua própria confusão se uniu a dele, como dois bobos conversando pela primeira vez, uma bagunça.
– Eu não me importo! – Ele chegou a conclusão, dando de ombros claramente envergonhado, mas fazendo careta ao perceber a feição que observava ele.
– Tem certeza, gato? – Cruzou os braços e se apoiou no encosto da cadeira com as sobrancelhas arqueadas – Da última vez não foi tão bem assim!
– Eu achei que estavam caçoando de mim! – Ele pegou uma colherada de um bolo recheado com morangos e chocolate e esticou em sua direção – Você não disse que queria provar um dos meus doces?!
– Eu posso provar em você depois! – Provocou, porém segurou a mão dele e levou o bolo até a boca como uma criança recebendo um aviãozinho, mas não teve tempo de ter vergonha disso, o sabor que sentia era simplesmente maravilhoso – Meu Deus!
Joui ficou em silêncio após entender a declaração de que beijaria ele com gostinho de morango, mas teve de ignora-lo, aquilo era muito bom, e precisou aproveitar já que havia muitos anos que não comia algo do tipo.
– Meu Deus do céu se você realmente fez isso eu vou casar com você! – Ele lhe entregou a colher e estendeu o pote todo em sua direção.
– Que bom que gostou, agora come! – Ele observou corado você pegando mais um pedaço, dessa vez um enorme.
– Quem você é? A bruxa de João e Maria? – Falou apertando os olhos e mastigando os morangos com muita felicidade – Se você tá tentando me comer, tá funcionando!
– GAL! – Ele ficou constrangido com o comentário, já o cabeludo não conseguiu segurar a própria risada, até às orelhas dele se avermelharam e achava que isso era impossível.
– Desculpa, não resisti a tentação de te provocar! – Estendeu a colher na direção dele que negou – Come logo!
– Ok! – Ele mordeu a colher devagar e não tirou os olhos de você.
– Isso tá muito bom, só por via das dúvidas eu estou totalmente solteiro! – Provocou de novo, mas sabendo que tinha um pouquinho de verdade ali disfarçada, e ele também sabia disso.
– Gal! – Uma suplica engasgada foi escutada enquanto se voltava para o bolo.
– Tudo bem, parei! – Sorriu pra ele e então saiu de seu lugar e se acomodou ao lado dele, dividindo o bolo que estava realmente uma delícia – Você gosta das festas daqui?
– Não muito! – Ele deu de ombros.
– Você é mais de ficar vendo filme em baixo da coberta com os gatos? – A resposta dele foi uma confirmação bem surpresa.
– Como sabe que eu tenho um gato? – Direcionou a atenção até você, que terminou de comer e fechou o pote.
– Sua regata tá cheia de pelo! – Ele checou a veracidade da informação, rindo ao perceber que era verdade.
– Imagino que você goste dessas festas! – Então abriu o maior sorriso que conseguiu em seu rosto e falou.
– Eu adoro! – Apoiou o rosto sobre sua mão e o observou, mexendo as sobrancelhas para diverti-lo – A atlética de engenharia está planejando  fazer uma de Halloween em outubro, eu vou ir, espero te ver lá hein!
– Vou pensar no assunto! – Ele tamborilou os dedos sobre a mesa e se virou em sua direção, se apoiando no braço da cadeira – E sua apresentação?
– Foi normal, fiquei nervoso mas fui bem! – Ficou olhando os olhos dele quando percebeu – Meu Deus eu esqueci de pagar o Henry! – Se levantou em um pulo e começou a bater nos bolsos procurando o celular.
– Desculpa de novo pelas folhas! – Suspirou pesado, e acabou focando os olhos sem querer no peitoral dele subindo e descendo, desviando o olhar logo depois.
– Para com isso! – Se sentou de volta ao encontrar o celular, o apertando com raiva ao ver sua conta bancária da mesma forma de antes, sem nenhum resquício de seu salário – Inferno.
– Tudo bem? – O asiático chamou sua atenção brincando com uma das mechas de seu cabelo, negou com a cabeça e tentou sorrir desinteressado.
– Eu vou voltar pra sala, boa aula pra você Joui! – Se levantou tentando esconder o nervosismo que sentia e caminhando para longe dele, que se despediu ainda sentado na cantina.
– Se precisar de alguma coisa, ou de um amigo, estou a uma mensagem de distância! – Não conseguiu evitar o apreço que sentiu pela fala dele, e no quão importante era pra si
– Então te perturbarei quando puder! – E se afastou dele lentamente, suspirando bravo e pensando no que Dante havia dito, seu salário estava atrasado a dias e estava guardando o pouco que tinha pra poder almoçar, Joui estava praticamente o alimentando durante a semana com delicias, mas uma hora irá acabar e ele vai ir embora, talvez tivesse que ceder o orgulho e pedir ajuda.
Deu uma última olhada pra trás e então o viu correr em sua direção, congelou quando ele se aproximou em questão de segundos.
– Quer ir comigo comer em um lugar depois? – Ele esperou sua resposta levemente ofegante e com os cabelos nos olhos, meu Deus – Eu pago, e te dou carona pra casa se quiser, vou levar o Dante pra casa também se vocês quiserem ir juntos.
– Onde o Dante dormiu esses dias? – Perguntou se interessando.
– Na casa do Arthur! – Ele falou como se fosse óbvio.
– É o namorado misterioso dele? – Viu o mais alto ficar confuso e colocar as mãos na cintura.
– Misterioso?
– Dante nunca quer me falar dele, ele desconversa, ciumento! – Então os olhos do outro praticamente se arregalaram.
– Ciumento? O Dante? – Riu da careta dele e então resolveu apertar sua bochecha, sentindo a cicatriz dele sobre seus dedos, e a ignorando por enquanto.
– Você também está atrasado pra aula, tchau! – E saiu em direção a sua sala e o deixando plantado no meio do saguão, o músico tinha um enorme sorriso no rosto, já o asiático, com a mão na bochecha que foi apertada e bem vermelhinha.

Ꭺꭲꭲꭱꭺꮯꭲꮖꮩꭼ • GalJoui ShortFicOnde histórias criam vida. Descubra agora