| Quer Ficar Aqui? |

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Acordou completamente sem energias, utilizando as únicas que restavam para alongar o corpo, que estava estranhamente descansado, havia bastante espaço também onde se esticava, percebendo então não estar em um lugar conhecido, arregalou os olhos preocupado e olhou debaixo das cobertas procurando por roupas, percebeu estar inteiro vestido com um pijama e ficou mais incrédulo ainda quando observou ao redor.

Ou havia ficado milagrosamente milionário, ou alguém o levou para o motel mais caro de toda São Paulo.

Não teve coragem alguma de se sentar, ou até mesmo levantar, aquela cama era tão macia que se sentia nas nuvens, agarrou um dos travesseiros da cama e o abraçou, tomando um susto quando viu um gato subir na cama e o observar com desconfiança, se escondeu em baixo das cobertas o observando na pouca luz que vazava pelas cortinas, e também para se esconder do frio que não estava acostumado.
O gato se aproximou lentamente, como se fosse seu predador, farejando suas roupas e sua mão, levantando o rabo em resposta e se aninhando em seus braços, apertou os lábios e fez carinho no mesmo, que mal se mexeu, então uma pergunta voltou a corroer sua mente, “de quem é essa casa?”.
Com muita falta de vontade, se levantou e procurou desesperadamente pelo celular, que foi encontrado em cima de suas roupas dobradas em um pequeno puff perto da cama, ligou a lanterna e ficou confuso quando percebeu que estavam dobradas do jeito de Dante, caminhou devagar até a cortina e a abriu, olhando o enorme cômodo e suspirando assustado.
Desligou o ar condicionado assim que achou  o controle achou jogado em uma enorme mesa suspensa, o gato te observava curioso, resolveu não vestir as roupas que estavam ali, fediam a suor, álcool e cigarro.
Abriu a porta do quarto com tanto cuidado que nem parecia ter enchido a cara até desmaiar no dia anterior, saiu na ponta dos pés sem saber quais surpresas poderiam assusta-lo, não se sentia dolorido nem incomodado, então provavelmente não havia transado com ninguém enquanto estava alcoolizado, pensou melhor e chegou a conclusão, Joui jamais deixaria alguém estranho se aproximar de você sem que estivesse são.

Joui

Estava largado no sofá da forma mais desconfortável possível, seus olhos se arregalaram, poderia ter gritado ao vê-lo, mas sentia que se tentasse falar nenhum som iria sair, sua garganta estava completamente seca que chegava a doer, mas ficou ali, congelado, percebendo finalmente onde poderia estar, ou ali era um hotel super caro que havia ficado por precaução, ou....
– nÃO! – Um grito engasgado quase saiu ao ver o gato começar a miar e pular na direção de Joui e se arrastar pelo rosto dele, correu e retirou o gato de lá antes que acordasse Joui, mas já era tarde demais, viu os olhos dele se abrindo e ele fazer uma careta desconfortável enquanto se mexia no sofá, abrindo os olhos totalmente e observando o gato esticado em seus braços, ficou sem reação e acabou se esquecendo de soltar o pobre do gato.
– Por que está segurando o Pumpkin assim? – Ele perguntou se apoiando com as mãos para poder ficar sentado, se alongando, escutou os ossos dele estalarem e se perguntou se agora estavam todos quebrados, soltou o gato e ele voltou correndo para Joui, que sorriu e o abraçou e encheu de beijos com um sorriso cansado no rosto e olheiras nos olhos, quase imperceptíveis, mas já havia observado aqueles olhos muitas vezes para conhecer.
– Você não comeu nada ainda meu amor, me desculpe, vem cá o papai vai colocar! – Ele se levantou com dificuldade e caminhou até a cozinha e arrumar as coisinhas para o gatinho que começou a comer desesperadamente, deu um passo para trás quando ele olhou para você enquanto saia da cozinha – Você está bem?
– E-eu... – Não soube como responder, não se lembrava de nada da noite anterior, apenas que tinha uma festa, e que agora estava em um lugar tão luxuoso que jamais iria conseguir pagar em mil anos de trabalho, nem mesmo se vendesse todos seus órgãos juntos.
– Você não comeu desde ontem, deve estar com fome. – Ele limpou o rosto com as mãos e bocejou – Eu vou escovar meus dentes e aí vou preparar algo pra gente comer.
– Não precisa! – Disse no automático, vendo ele parar no mesmo lugar e lhe lançar um olhar nem um pouco surpreso e que estava claramente mostrando que não ia te escutar, justo na hora em que sua barriga resolveu roncar e se chacoalhar em seu corpo, estava realmente com muita fome.
Quando ele ia caminhar pelo corredor em direção ao banheiro, segurou o braço dele, que parou novamente, confuso, e olhou para trás já esperando alguma outra pergunta ou recusa, mas se jogou nos braços dele e o abraçou, escondendo o rosto no pescoço dele, que fez o mesmo ao te apertar com força, fungando profundamente seu pescoço e orelhas, te deixando inteiramente arrepiado, aquilo nunca havia acontecido antes.
– Você tá com o meu cheiro... – Ele fechou os olhos e te puxou para mais perto, como se fosse possível, pois já estavam grudados em um abraço – O Dante passou meu perfume em você.
– Ele me deu banho? – Olhou incrédulo pra ele, que confirmou com os olhinhos fechados juntos de um sorriso.
– Era ele ou eu! – Ele entrou no banheiro depois de te soltar do abraço, deixando o ambiente estranhamente mais frio do que estava antes, abraçou os próprios braços e ficou parado no mesmo lugar, vendo ele sair depois com uma escova lacrada nas mãos e estendendo pra você – Vai lá!
– Ok, obrigada! – Caminhou até o banheiro olhando ao redor e arregalando os olhos novamente, e os fechando logo em seguida, quando Joui abriu todas as cortinas da sala, entrando toda a luminosidade que fosse possível, e então a dor de cabeça dominou sua mente e gemeu de dor.
– O quê houve? – Ele correu em sua direção e o viu com as mãos na cabeça – Ta doendo? É por causa de ontem ou tem outra razão?
– Ontem... – Conseguiu dizer com a escova ainda na boca – Muita luz! – Ele correu em direção as cortinas e as fechou levemente, fazendo com que ficasse muito mais fácil de tolerar – Obrigada!
– Você devia parar de me agradecer tanto! – Ouviu do banheiro enquanto escovava os dentes, ouvia atentamente ele mexendo em várias coisas na cozinha, ouviu o liquidificador ser usado, e depois de muito tempo enrolando propositalmente no banheiro, saiu devagar, ainda observando todos os detalhes do apartamento – Você parece um gatinho assustado.
– Mas eu não estou querendo fugir! – Explicou quando voltou para o mesmo lugar do corredor onde ficou parado nos últimos minutos.
– Que bom, vai poder experimentar isso então! – Viu ele colocar sobre a ilha da cozinha vários pratos com várias coisas espalhadas, haviam várias frutas limpas e cortadas, e quatro waffles separados para os dois, Joui se sentou e esperou que chegasse perto, o que não aconteceu – Vem comer, antes que esfrie, se quiser eu posso colocar chantilly.
Seus olhos devem ter brilhado instantaneamente, pois ele riu, e caminhou novamente em direção da geladeira e voltando com o chantilly, correu até a cadeira e se sentou em um pulo, maravilhado com o que tinha para comerem, ele colocou o chantilly sobre a mesa e caminhou em direção ao quarto, voltando com uma caixinha de remédios e lhe oferecendo.
– Você bebeu demais, deve estar meio mal! – Ele se sentou e apoiou o rosto sobre a mão, pegou o remédio de dor de cabeça e fechou a caixa.
– Você não bebeu? – Perguntou olhando as frutas sobre potes separados e olhou para Joui, ele fez sinal com a cabeça para que comesse, ficou envergonhado e pegou apenas um morango e mordeu, o deixando de lado e cortando o waffle com os talheres e provando.
– Eu bebi! – Se surpreendeu com o comentário dele e arregalou os olhos.
– Mas você não bebia! – Relaxou as mãos vendo as bochechas dele corarem e ele desviar os olhos dos seus, parecendo estar vulnerável, mas respondeu.
– Eu bebi ontem, o Arthur fez umas bebidas pra gente, eu... – Ele passou as mãos no cabelo e suspirou – Eu queria criar coragem pra falar com você, pra explicar que eu não queria ser um casinho de uma noite! – Sentiu sua boca se abrir, estava tão chocado que mal conseguiu falar alguma coisa, ele ficou em silêncio e se juntou a você, comendo algumas uvas e pegando o chantilly e colocando no waffle de seu prato, que havia esquecido por um momento.
– E você falou isso pra mim? – Voltou a atenção a comida e quase devorou tudo em segundos, enquanto o asiático era o extremo contrário, comia bem devagar, te olhando de vez em quando e desviando o olhar quando percebia.
– Mais ou menos! – Ele sorriu e deu de ombros – Você não deve se lembrar de muita coisa, você bebeu muito.
–  Você deve ter falado, eu estava feliz, se não eu não ia ter bebido tanto, acho que exagerei! – Riu vendo ele se levantar e se sentar ao seu lado agora.
– Não faça isso de novo por favor, você quase me matou de susto! – Ele segurou sua bochecha e apertou.
Observou o rosto dele e ele fez o mesmo, ambos esqueceram a comida sobre a mesa esfriando ficaram em silêncio, não sabia mais o que falar, não se recordava de boa parte do dia anterior, e a dor de cabeça o estava matando.
– Se você não tomar o remédio a dor não vai sumi-  – Talvez não se orgulhasse futuramente, mas queria tanto beija-lo que não conseguiu se segurar mais, esperava talvez um empurrão assustado da parte dele, mas se derreteu ainda mais quando seu corpo foi puxado pra perto, em um abraço quentinho, e um cafuné levemente desajeitado, mas estava sendo perfeito.
Seu beijo nunca havia se encaixado com ninguém, achou até que era uma mentira aceita pelas pessoas, mas céus, poderia fazer aquilo o dia inteiro.
– Por favor me deixe cuidar de você! – Ele suspirou te apertando nos braços dele, com a respiração sobre seus cabelos.
– Mas você já faz isso! – Deu tapinhas nas costas dele, sem saber o que fazer, e acabou corando quando ele lhe deu um beijinho na bochecha.
– Quero ser seu namorado seu idiota, eu não suporto aquela tripa loira perto de você! – Arregalou os olhos e ficou imóvel, completamente envergonhado, jamais recebeu um pedido oficial, que dirá um café da manhã tão gostoso e reforçado como o de hoje.
– O Dante não é tão feio assim! – Fez careta e afundou o rosto no peitoral de Joui.
– Mas eu não tô falando dele! – Ele começou a gargalhar com vontade, se afastou e pegou o remédio abandonado na mesa e finalmente o tomou, Joui afastou seus cabelos e juntou ambas as testas – Não precisa me responder agora, tá!
– Mas eu não preciso pensar, eu tô te querendo a muito tempo! – Viu o sorriso dele se alargar cada vez mais até que não conseguisse esconder, também não conseguiu quando ele ficou completamente vermelho, era a coisinha mais fofa que já tinha visto.
– Quer ficar aqui em casa comigo até o fim do feriado? – Ele perguntou com certa preocupação, segurando sua mão e acariciando seus dedos com carinho, então percebeu que não queria ir pra pensão, estava se sentindo em casa pela primeira vez na vida, algo que era impossível durante muitos anos de sua vida, já que nunca teve um lar de verdade.
– Quero!

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⏰ Última atualização: Apr 13, 2023 ⏰

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Ꭺꭲꭲꭱꭺꮯꭲꮖꮩꭼ • GalJoui ShortFicOnde histórias criam vida. Descubra agora