Escuto a porta abrir e vejo meu namorado com aquele rostinho cansado, entrando no quarto.
- Chi... Como foi hoje? - sabe o menino que eu disse que tinha conseguido o transplante? - sim. - foi cancelado, ele foi para baixo na fila, quem receberá é o filho de um amigo do chefe. Apenas por que eles doam dinheiro para o hospital. - oh... Sinto muito, querido. - quando o mundo vai começar a ser justo?
Vejo uma lágrima em seu rosto e o puxo para um abraço, sinto minha camisa molhada por suas lágrimas.
- o mundo nunca será justo, os poderosos sempre estarão na nossa frente. Sem poder, sem preferência. Nunca irá mudar. - eu me sinto mal de fazer isso com eles. - eu sei, amor... Mas não tem o que fazer, ele irá conseguir, sei que vai. - o estado dele pode piorar sem o transplante... - ... - mas você, talvez, esteja certa. Se eu for contra, fico sem emprego, sem emprego não teremos como nos sustentar. Vou fazer o máximo que posso para garantir que ele fique bem. - isso. - espero que ele consiga. - vai conseguir sim.
Sorrio, nós nos deitamos, ele ainda parecia chateado. O puxo e mexo em seu cabelo.
Ele, aos poucos, foi relaxando e quando vi, já estava dormindo.
Suspiro.
O mundo nunca irá mudar.
Não importa o que façamos, sempre seremos mais fracos.
Ricos acima dos pobres.
Esse é o mundo em que vivemos.
Fecho os olhos e tento dormir, demoro um pouco, mas, algum tempo depois, pego no sono.
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