Beijo Reparado | Pablo Gavi

Capítulo 4 | Ana Gonçalves

Quando cheguei a Barcelona o clima estava agradável. Talvez fosse a brisa do mar, ou eu estava de frente pra melhor arquitetura que meus olhos viram, mesmo que tenha visto pouco. A mistura da cidade com arquiteturas antigas me faz ficar apaixonada. Eu até ria mais, ou era simplesmente a energia contagiante da minha melhor amiga ao me ver.
-Seu cabelo! - Ela me abraça, feliz.
-Gostou? - Eu peguei em sua pontas e o balancei de leve.- Ela pegou uma de minhas malas e foi me questionando o caminho inteiro.
- James sabe que está aqui?
- Meu celular está "descarregado" justo por isso.
- O que te fez estar aqui? Assim, além de anos me enchendo o saco pra estar enfim aqui.
- Barcelona.
- Claro, a cidade é incrível... Oh, espere! Lembre quando disse que o seu tipo são homens espanhóis? - Ela falou tão rápido que teve que parar para respirar.
- Calma, minha colega. Estou aqui pela CIDADE, claro. Mas tenho um propósito maior...- Ela fica boquiaberta. Completo:
- ... Que não são homens para mim. Assim, são trinta e dois homens contando com os goleiros. Entendeu? Vim por um propósito do esporte.
-Acho que estou começando a te entender.

   O dia estava lindo, eu finalmente ia conhecer o Camp Nou. Era como se todas as sensações de antes viesse a tona. O carro da minha amiga era discreto assim como ela, eu já ofereci muito pra ela comprar outro. Mas ela diz que não se adequa ao seu estilo de vida. Eu não estava no anonimato, mesmo não sendo um Brasil, aqui eu ia encontrar algumas pessoas pedindo autógrafos. Por isso saí com chapéu e óculos dentro do carro. Normalmente eu não recuso atender aos fãs, mas eu não poderia em hipótese alguma chegar atrasada e causar uma má impressão. Tento representar bem o povo brasileiro por onde passo, afinal é o único país que tem 5 taças até esse ano creio eu.
- Mia, quer descer? - Ofereço um dia especial no Camp Nou e tudo que ela diz é não. Ela não é muito fã de futebol.
- Olha a diferença das nossas roupas, vão me confundir com uma funcionária. - Seu cabelo loiro tinha mexas fora do lugar e estava preso de uma maneira peculiar.
- Eu insisto.
- Vá logo, querida.
   Sigo em passos lentos e exalando confiança, minhas vestes ajudavam já que estava com um blazer preto e uma saia Midi e um salto alto.

- Senhorita Gonçalves?  Me acompanhe por aqui por favor. - O sotaque espanhol me trouxe de volta pra terra, até que o meu era bom. Mas orei para que não esquecesse nenhuma palavra. Depois que conheci todo o Camp Nou, eu estava cercada de pessoas tão importantes que não conseguia nem me surpreender como gostaria. Decidi sair de fininho procurando urgentemente por um banheiro. Não poderia simplesmente dizer ao Xavi que eu queria fazer necessidades especiais. Andei calmamente por uma porta meio escura e por acaso saí no campo. Havia alguns jogadores treinando longe. E apenas Gavi e Pedri ficaram sozinhos, correndo.
- Eu sei que esse não é o serviço de vocês,mas poderiam me informar onde é o banheiro?- Toda a minha dignidades foi embora assim como o sotaque espanhol. Eles não ouviram, pois estava longe. A Ana de dezessete anos ia pirar se visse o mesmo que agora. Cheguei mais perto, e me apresentei.
- Hola! Me chamo Ana! Vocês são Pedri e Gavi, certo? Poderiam me informar onde fica o banheiro? - Eu falava seriamente,mas nada tava mais sério que a cara do Pedri, enquanto Gavi ria muito. Ele estava tão tímido que apenas o Pedro me respondeu:

- À esquerda depois de duas salas.
- Obrigada! - Rio, desconcertada. E simplesmente sigo em frente. Eu não esperava encontra-los no Barcelona e muito menos nessa situação. Eu não me sentia envergonhada porque eu não sentia absolutamente nenhuma conexão com os jogadores. Eu os ajudei porque queria fugir um pouco da euforia da fama. Queria ajudar pessoas, filantropia faz muito bem a saúde mental. E por algum motivo o Camp Nou também ficaria na minha mente.