XX. I love you

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Agosto de 2016, Los Angeles


(POV Bianca)

O sol já estava se pondo. Duda e eu nos encontrávamos deitadas no gramado, e eu poderia facilmente repassar a cena do primeiro beijo no lago logo a nossa frente. Duda estava com a cabeça sobre o meu braço e eu passava os dedos pelos seus cabelos lentamente, seus olhos se fechavam de vez em quando de forma calma.

Era tão linda... Durante os últimos dias era como se todo aquele sentimento que eu havia começado a desenvolver por Duda, estivesse explodindo dentro de mim, implorando para sair, e agora que ela estava aqui, deitada tranquilamente em meus braços, era como se tudo estivesse bem e em seu devido lugar, não havia nada mais certo do que nós duas ali, apenas desfrutando da companhia uma da outra.

As outras meninas já haviam notado de longe que nós estávamos em um momento nosso e resolveram não interromper, entraram de volta na casa, Isabella e Elana pareciam discutir sobre algo e Sofia ria e tentava fazer as duas pararem de se empurrar como duas crianças.

Me sentia perdida em minha própria bolha com Duda, era a melhor sensação de todas poder finalmente parar de agir como se não sentisse nada além de amizade por ela, e saber que aquele sentimento era correspondido, apenas pela forma como ela me olhava, como se fosse a coisa mais interessante do mundo.

Parecia que não existia ninguém no mundo além daquela garota de olhos verdes grandes e extremamente fofa, que me encarava de forma apaixonada.

- Sofia me disse que eu gostava da pessoa que escrevia os bilhetes e ela tinha razão. - Riu levemente. - No fundo eu sabia que ninguém saberia dos meus livros melhor do que você.

Fiz uma careta, enrugando o nariz e Duda soltou aquela gargalhada gostosa, deixando um selinho rápido em meus lábios, o que me fez abrir um sorriso involuntário.

- E que fique claro que eu fiquei sabendo por livre e espontânea pressão. - Brinquei, não perdendo tempo de implicar com aquela coisinha impaciente, recebi um tapa no braço. - Eu estava brincando. - Ri, a apertando em meus braços e ela resmungou.

- Você é muito chata, mas eu te amo mesmo assim. - Bufou, revirando os olhos, o que me fez rir.

- É o meu charme. - Dei de ombros e ela virou o rosto, fazendo nossos narizes se tocarem. - E eu também te amo. - Sussurrei e ela sorriu, seus olhos fuzilando os meus, me fazendo sentir aquela sensação no estômago.

Era como se aquela garota conseguisse ver toda a minha alma com apenas um olhar, meu corpo inteiro se arrepiava.

Aproximei mais o meu rosto do dela, quebrando o olhar e envolvi seus lábios nos meus, em um beijo demorado, ela se inclinou sobre mim, levando uma das mãos até minha cintura e apertando levemente, o que me fez suspirar.

Assim que quebramos o beijo, deixei vários selinhos em seus lábios, os seguindo por todo o seu rosto, ela passou os braços pela minha cintura para ficar mais próxima ainda.

- Eu acho que não te disse... - Começou baixinho, sua voz saindo rouca e fazendo meu coração acelerar. - Contei a minha mãe sobre estar gostando de você, ela é a única pessoa da minha família que sabe ainda, mas eu não acho que meu pai vai ser contra. - Deu de ombros.

- O que ela disse? - Perguntei, afastando o rosto para olhá-la melhor.

- Ela foi bastante compreensiva, me senti mais leve depois de contar para ela e não ser expulsa de casa ou algo assim. - Fez uma careta e eu ri, beijando sua bochecha de forma carinhosa.

- Você sabe que seus pais não fariam isso, né? - Ela assentiu levemente.

- Mas mesmo assim eu estava morrendo de medo, e também foi meio confuso para mim, eu nunca tinha sentido nada por uma garota antes, eu pensei que pudesse estar confundindo tudo. - Mordeu o lábio, desviando o olhar para baixo.

Levei minha mão até seu rosto, a fazendo me encarar e deixei um selinho em seus lábios, fazendo um carinho em sua bochecha.

- Eu sei como você está se sentindo, nós podemos ir com calma, okay? - Ela assentiu. - Somos melhores amigas acima de qualquer coisa e isso não vai mudar, apenas vamos ser nós mesmas e deixar acontecer. - Ela se aproximou, se encolhendo contra meu corpo e enterrando o rosto na curva do meu pescoço.

- Obrigada. - Murmurou com a voz abafada. A apertei contra mim e beijei o topo de sua cabeça, soltando um suspiro baixo.

Será que ela conseguia sentir o quanto meu coração estava acelerado?

Eu sabia o quão assustador aquele sentimento poderia ser e sabia que era ainda mais para Duda, a sociedade não costuma ser muito legal com a gente e eu já estive exatamente na posição que ela estava, tendo que lidar não só com aquela explosão de sentimos por outra pessoa, como com a confusão de estar se descobrindo e o medo de não ser aceita de alguma forma pelas pessoas.

Acho que desenvolvi esse sentimento de proteção pela Duda desde que a vi pela primeira vez, com aquela carinha de choro na pré-escola, e ele só foi aumentando durante os anos, eu queria poder conseguir protegê-la de qualquer coisa que pudesse machucá-la ou fazê-la sofrer, mas como isso não era possível, eu apenas estaria ao seu lado para abraçá-la como estava fazendo no momento.

Ficamos mais algum tempo conversando ali, até começar a escurecer e esfriar, então resolvemos voltar para a casa. A luz da varanda estava acesa, nós entramos e nos separamos com nossas três amigas assistindo algo na televisão enquanto comiam suas pizzas, Sofia estava deitada no sofá, com as pernas jogadas sobre as de Elana, Isabella estava deitada na poltrona com as pernas sobre o braço da mesma.

- Até que enfim o casal lembrou de nós. - Elana riu, desviando o olhar para nós duas.

- Nós só estávamos conversando. - Respondeu Duda, dando de ombros e caminhando até elas para pegar um pedaço de pizza de Isabella.

- Sinônimo de conversa agora é quase se engolir. - Retrucou Isabella, Duda ruborizou, me encarando e eu apenas ri.

- Então, vocês estão ficando mesmo? - Perguntou Sofia, pegando o controle da televisão para pausar o que elas estavam assistindo.

Duda e eu trocamos olhares, não havíamos conversado sobre isso ainda, mas ela sorriu de forma tranquila e assentiu.

- Eu acho que sim. - Respondeu, sem tirar os olhos de mim.

- É, estamos ficando. - Confirmei, desviando o olhar parar encarar minhas amigas e elas comemoraram.

- Até que enfim! - Elana exclamou, erguendo os braços para cima.

- Meu Duanca está vivíssimo e eu posso dizer que fiz parte disso. - Isabella dizia eufórica.

- O que é "Duanca"? - Duda perguntou, se aproximando de mim e segurando minha mão.

- Ela é doida. - Gargalhei, a puxando comigo até a cozinha para pegarmos nossas pizzas.

Nos servimos e voltamos para a sala, agora as meninas já assistiram novamente a série, Duda se sentou sobre a almofada no chão e eu me sentei na poltrona, o que a fez se aproximar e ficar entre as minhas pernas, fiquei brincando com seus cabelos de forma distraída enquanto tentava me concentrar no que passava na televisão.

Era quase impossível prestar atenção em qualquer coisa que não fosse a garota a minha frente, Duda parecia ter um ímã que atraía minha atenção para ela a todo momento.

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Acordei com a luz do sol entrando pelas frestas da janela, tentei me mexer, mas havia algo que me impedia, desci o olhar até os cabelos escuros espalhados pelo travesseiro e sorri, Duda estava encolhida contra o meu corpo, provavelmente por causa do frio, apesar de quase toda a coberta estar puxada para o lado dela, como sempre.

Sentia sua respiração calma batendo contra a pele do meu pescoço, era uma sensação extremamente gostosa, eu poderia ficar ali para sempre apenas velando o sono tranquilo dela, parecendo não se preocupar com mais nada no mundo. Ela usava um dos meus moletons, que ficava enorme nela e exalava um cheiro doce, provavelmente de algum creme que havia usado, era o melhor cheiro de todos no momento.

Soltei suas mãos da minha cintura cuidadosamente, a afastei de mim, deixando um beijo demorado em sua testa, antes de me levantar de forma silenciosa para não acordá-la. A cobri melhor com a coberta e saí do quarto para ir até o banheiro, nenhuma das meninas havia acordado ainda pelo silêncio que se instalava na casa.

Fiz minha higiene e segui até a cozinha, eu não era a melhor cozinheira do mundo, sabia que se tentasse fazer algo provavelmente a cozinha acabaria pegando fogo, então resolvi apenas pegar um suco e preparar um sanduíche para fazer minha barriga parar de roncar.

Escutei um barulho vindo do corredor e me virei, a tempo de ver uma figura descabelada e com cara de sono, coçando os olhinhos de forma adorável, eu poderia apertá-la naquele momento e enchê-la de beijos. Duda me encarou, parecendo processar ainda onde estava.

- Bom dia. - Sorri e ela continuou me encarando, seu humor não era dos melhores de manhã.

- Você não estava na cama. - Murmurou com a voz arrastada, seus lábios se curvando em um biquinho manhoso. Não consegui conter o sorriso com aquela cena e me aproximei, passando os braços por sua cintura.

- Desculpa, neném, você estava dormindo tão tranquila, não quis te acordar. - Disse baixinho, ela sorriu, encostando o rosto no meu e esfregando nossos narizes, o que me fez iniciar um beijo calmo, sentindo o gosto refrescante da pasta de dente.

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