três: alguém como eu

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ALINA AUDREY


ELE PARECIA... QUEBRADO.

Revirei mais ainda na cama.

Quando estávamos sentados na grama, um de frente para o outro, ele simplesmente soltou minha mão e se desligou, como se fosse um produto com defeito. Ashton não demorou a chegar. Então, nós simplesmente fomos embora, como se nada tivesse acontecido. Exceto o rosto de Jaeden sangrando e os nós de suas mãos arrebentados. Ashton estava em seu carro, então, me deixou no dormitório e foi para seu apartamento, que era fora do campus.

O cheiro dele estava em mim.

Não em mim necessariamente, mas em sua jaqueta.

A pergunta que todos devem estar fazendo: O que diabos você está fazendo com a jaqueta preta do Jaeden?

"Ele soltou minha mão, se encostando novamente no tronco da árvore. Continuava segurando o saco de ervilhas em seu rosto, antes de Jaeden pegar de minha mão, de um jeito nada delicado e segurar ele mesmo. Nem parecia aquele garoto quebrado que pareceu gostar do toque de minha mão na sua.

Sempre achei que as pessoas falassem de mim pelas costas — o que realmente acontecia —, e que isso fosse a pior coisa da minha vida, o bullying, o fato de minha mãe parecer me odiar e a certeza de que ninguém me amaria romanticamente igual acontecia nos livros. Eu achava que isso era a pior coisa do mundo, a maior dor que eu poderia sentir. Porém... Por quê eu senti meu coração quebrar pelo brilho no olhar daquele garoto?

Meu corpo começou a tremer, fazendo meus dentes baterem um no outro.

Novamente, os olhos castanhos de Jaeden me encararam, o sentia queimando minha pele, quase como se fosse um pecado ele me olhar. Com um suspiro, o garoto se levantou, estendendo o saco de ervilhas para mim. Aceitei-o, pensando que ele me deixaria ali sozinha. Mas, não. Jaeden retirou sua jaqueta preta e colocou sobre os meus ombros. Fiquei com vergonha, pensando que ele tentaria colocar em meu corpo, não tinha certeza que serviria. Contudo, Jaeden apenas colocou em meus ombros, deixando-me sentir seu cheiro e me fazendo ficar confortavelmente quente.

— Obrigada. — resmunguei. Ele nada respondeu, voltou a se sentar no chão, como se não tivesse certeza do que estava acontecendo. Ele parecia perdido, como se fragmentos da sua memória fossem perdidas e ele não sabia do por que estava sentado no gramado molhado, sozinho, pelo menos era isso que seus olhos me demonstravam.

— Desculpa a demora. — Ashton chegou ofegante. — Pelo visto essa festa já acabou. — Pegou no braço de Jaeden, fazendo-o olhar para ele, podia ver a lua refletida em seus olhos, era como me tirasse de órbita, seus olhos viciantes e tempestuosos. — Quer carona, Alina? — perguntou-me, quase não ouvi por estar encarando Jaeden. Tinha que parar com isso, era falta de respeito encarar alguém por tanto tempo, mesmo que uma pessoa como ele não se interessasse por alguém como eu. Assenti a cabeça para Ashton, que andou do meu lado como se nada tivesse acontecido, mas de vez em quando, seu olhar voltava para o seu irmão.

Passamos por vários carros em frente à casa onde aconteceu a festa. Tinham pessoas jogadas na grama, copos plásticos vermelhos por toda parte... Era uma bagunça. Nunca fui uma pessoa que gostava de festas, se fosse possível, passaria todas as noites em meu quarto lendo algum livro ou assistindo algum filme ou série. Eu era uma pessoa simples de se agradar. Meu pai sempre me disse que eu deveria exigir mais das pessoas, mas o que ele não entendia era que eu não podia exigir mais das pessoas, as pessoas exigiam mais de mim, e eu precisava que elas gostassem de mim, é estranho querer agradar pessoas que eu mal conhecia, mas era assim que eu achava que precisava ser para ter amigos, infelizmente, mesmo depois de tudo que eles me fizeram fazer, nada daquilo foi o suficiente para que eles ficassem.

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