nove: bailarina pt 1

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MINHA CABEÇA ESTAVA doendo, eu sentia como se alguém estivesse brincando de vôlei e a bola fosse meu cérebro. Colocando minha mão na cabeça, levantei-me da cama, sem conseguir enxergar nada.

— Meu Deus, eu estou morta? — exclamei, passando as mãos pelo meu corpo, sentindo que não havia nada diferente em mim.

Ouvi um pigarrear em algum lugar.

— Você precisa abrir os olhos. — A voz parecia divertida, e aos poucos, minhas pálpebras foram se abrindo. Soltei um suspiro quando consegui enxergar tudo nitidamente. Meus olhos vagaram pelo quarto, reconheci os instrumentos musicais e os pôsteres de bandas de rock.

— O que eu estou fazendo aqui? — Um Jaeden com calça moletom e sem camisa ergueu uma das sobrancelhas, colocando as mãos no bolso da calça cinza.

— Você não se lembra do que aconteceu?

UM DIA ANTES

Abri meus olhos, agradecendo por ser sexta-feira, a semana passou tão rápido que eu mal consegui respirar, a universidade começou a pegar pesado, dando vários trabalhos para os alunos fazerem, o ruim de fazer Artes Cênicas, era que todo trabalho precisava ser ensaiado e aprimorado, fiquei em dupla com um outro menino da minha sala, pelo que parecia, ele era veterano, embora tenha trocado de curso para o meu.

Nosso dever era procurar uma peça e fazer um espetáculo em quinze minutos, o lado bom é que seríamos livres para escolher qual cena faríamos.

— Se levanta, Alina! Precisamos tomar café antes de começar o dia. — A fala arrastada e sonolenta de Olívia me puxou para a vida real. Suspirei de frustração e cobri minha cabeça com o travesseiro.

— Não quero — reclamei.

— Deixa de ser infantil, vamos logo. — Tirei a coberta do meu corpo, dando tudo de mim para que eu levantasse da cama, meu cabelo estava oleoso e minha pele pior ainda. — Jesus — Olivia colocou a mão no coração. — O que aconteceu com a menina que acordava toda princesinha?

— Morreu. — Me levantei e fui em direção ao banheiro, olhando-me no espelho, tive que concordar com Olívia, embaixo dos meus olhos havia bolsas escuras. Com um suspiro, entrei debaixo da água quente, deixando que meus músculos relaxassem, meus pensamentos foram voltados a Jaeden, e toquei levemente meus lábios rosados, lembrando-me da sensação de tê-lo sob os seus lábios. Nunca achei que fosse gostar de alguém depois de ser magoada tantas vezes.

Quando entrei em sua casa e conheci sua família, eu percebi que eles eram uma família de verdade, com jantares divertidos onde cada um conta como foi seu dia, com direito a um beijo de boa noite... Tudo isso me fez sentir saudades da minha própria família, embora eu não quisesse entrar em contato com eles tão rapidamente.

Desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha branca, passei a mão no espelho embaçado e encarei meu reflexo, o banho ajudou a fazer o sono ir embora, mas eu ainda odiava a pessoa que estava me encarando, seus olhos claros e esbugalhados estavam mais brilhantes do que as outras manhãs, tirei a toalha lentamente, deixando que meu olhar vagasse pelo meu corpo. O formato era irregular, minha cintura não era fina, muito menos a barriga era chapada. As dobras estavam por todo lugar, as estrias existiam em meu estômago, todas as roupas que eu usava escondia meus defeitos, mas a pior hora era quando eu tinha que me olhar no espelho. E odiava o que via.

Uma batida na porta me fez sobressaltar, me cobri com a toalha novamente, dessa vez me virando de costas para o espelho e não voltando a olhar para o meu reflexo.

Me vesti rapidamente, saindo do quarto e dando de cara com uma Olivia animada.

— Não tenho aula hoje, por que me acordou cedo?

BAD BOY, GOOD LIPS #1Onde histórias criam vida. Descubra agora