CAPÍTULO 37

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O caos irrompeu no saguão de entrada. Alguns Comensais da Morte começaram a aparatar, outros foram capturados por membros da Ordem ou aurores que haviam se livrado da Maldição Imperius. 

"Traidores!" Gritava Bellatrix Lestrange. "Não fujam! Seus covardes!"

"Acabou Tia Bella, aceite." Disse Draco, olhando para a mulher claramente enlouquecida. Sua mãe dizia que Bellatrix morrera quando foi para Azkaban, que aquela era só a carcaça de sua tia.

"Desertor! Traidor de sangue! Desgraçado!" Ela ergueu sua varinha para confrontá-lo, mas foi jogada longe por alguém.

"Não toque no meu filho, Bellatrix." Disse a voz de sua mãe. Sem hesitar, Narcisa apontou a varinha para sua irmã e disse: "Avada Kedavra."

"Mãe." Murmurou Draco, mal conseguindo conter a felicidade e alívio de vê-la.

"Draco." Disse Narcisa, correndo para abraçá-lo. "Eu estive tão preocupada com você, meu filho."

"Me desculpe por te fazer acreditar que eu estava morto." Disse Draco, abraçando sua mãe de volta. Era tão bom estar com ela novamente.

"Eu nunca acreditei nisso, meu amor." Disse Narcisa.

"Não?" Perguntou Draco, se afastando levemente.

"Eu sempre soube que você estava vivo." Afirmou sua mãe, sorrindo entre as lágrimas. "Me diziam que eu estava em negação, que o Lorde das Trevas não se enganaria sobre isso, mas eu sabia, eu simplesmente sabia. Chame de intuição de mãe." Disse ela, acariciando o rosto de seu filho. "O Lorde das Trevas me pediu para checar se Potter estava realmente morto. Quando fui até ele, vi que ainda estava vivo. Ele era a única pessoa que poderia saber o que tinha acontecido com você. Perguntei a ele se você estava vivo e ele confirmou. Então, tomei minha decisão."

"Você mentiu para o Lorde das Trevas." Concluiu Draco.

"Menti." Confirmou Narcisa. "Disse ao Lorde das Trevas que Potter estava morto. Eu sabia ele era a melhor chance que eu tinha de te ver de novo."

Ao longe, Draco olhou para o corpo do Lorde das Trevas. Ele puxou a manga de sua blusa e viu que sua Marca Negra não passava de uma cicatriz desbotada. Uma cicatriz que ele carregaria pelo resto da vida como lembrete de seus erros. Lentamente, ele arrancou o anel de Dumbledore de seu dedo. Ele não precisaria mais daquilo.

"Você sabe onde está seu pai?" Perguntou Narcisa.

Draco engoliu em seco.

"Está morto." Disse ele. "Sinto muito."

"Está tudo bem." Confirmou Narcisa, não parecendo nem um pouco chocada com a informação. "Ele trilhou o próprio caminho. Meu marido morreu para mim no dia em que te colocou em perigo."

"Eu ainda sinto muito." Repetiu Draco.

"Eu sei." Murmurou Narcisa e então, mudou de assunto. "Aquela era a Srta. Granger que você estava abraçando?"

"Sim." Respondeu Draco, apreensivo. "Você tem algum problema com isso?"

"Não vou mentir e dizer que é o que eu planejava para você. Mas isso não importa. Eu só quero que você seja feliz." Disse Narcisa com um sorriso sereno em seu rosto.

"Ela me faz feliz." Afirmou Draco.

"Foi por ela que você desertou?" Perguntou sua mãe.

"Não, ela veio depois." Respondeu Draco. "Sem ela eu não teria conseguido suportar tudo o que eu passei."

"Então me lembre de agradecer a essa garota." Disse Narcisa.

"Eu preciso ver como ela e os outros estão." Disse Draco. "Saia daqui e fique segura, mais tarde te explicarei tudo o que aconteceu em detalhes."

"Certo, meu amor." Narcisa assentiu. "Fique seguro também."

"Eu vou ficar." Assegurou Draco.

Ele foi até onde Hermione, Theo e Rony estavam e logo percebeu que Harry também estava lá sob a Capa de Invisibilidade.

"Venham comigo vamos sair daqui." Disse Harry.

Eles foram até um ponto distante, próximo a cabana de Hagrid, e se sentaram na grama, sentindo a exaustão em seu corpo.

"Suponho que vocês estejam curiosos para saber o que aconteceu." Disse Harry, por fim.

"Curioso é pouco." Disse Rony.

Harry soltou uma risada seca e contou tudo a eles. Ele contou sobre as memórias de Snape, sobre como ele fez de tudo para proteger o filho de Lily Potter, mesmo que o odiasse. Contou sobre como Snape matou Dumbledore para que a alma de Draco fosse poupada. Ele gostaria de ver seu professor de novo e o agradecer.

Draco ficou particularmente perturbado quando Harry contou sobre como descobriu que era uma horcrux. Ele sentiu raiva de Dumbledore, por manipular Harry, por criá-lo como um porco para o abate, nas palavras de Snape.

Harry relatou sobre como foi até a Floresta Proibida. Sobre como conseguiu a pedra da ressurreição e falou com seus entes queridos. Sobre como se desfez da pedra.

Por fim, contou sobre sua morte. Quando Voldemort lançou a Maldição da Morte nele, ele destruiu apenas a horcrux.

"Mas eu não entendo." Disse Theo. "Por que somente o pedaço de alma dele se foi? Era porque você é o Mestre da Morte?"

"Não, foi por causa do sacrifício da minha mãe." Respondeu Harry, deixando todos ainda mais confusos. "No quarto ano, quando Voldemort ressuscitou, ele usou meu sangue para o ritual. A proteção de minha mãe passou para ele, o encantamento vivia nele e, enquanto aquele encantamento vivesse, eu também sobreviveria."

"Ele foi arrogante e acabou cavando a própria cova." Disse Draco.

"Eu vi Dumbledore quando morri. Ele foi ele quem me contou." Contou Harry.

"Ele sabia que você não morreria?" Perguntou Rony.

"Soube assim que eu o contei sobre o ritual." Respondeu Harry.

"Até então, ele planejava sua morte?" Perguntou Draco, erguendo as sobrancelhas. Ele achava que nunca conseguiria simpatizar com o velho.

"É complicado." Disse Harry.

"Complicado é uma palavra que definia Alvo Dumbledore." Disse Hermione.

"Eu vou devolver a Varinha das Varinhas para o túmulo dele." Disse Harry. Rony e Theo pareciam indignados, mas não disseram nada ao receberem um olhar cortante de Hermione.

"Sensato." Disse ela. Draco tinha que concordar, aquela varinha só colocaria mais um alvo nas costas de Harry.

Um silêncio confortável se estabeleceu entre eles. Eles ficaram ali, apenas observando o castelo, que estava parcialmente destruído devido ao grande número de explosões.

"Eu achava que iria querer comemorar quando o derrotasse. Mas isso é a última coisa que quero fazer." Disse Harry.

Draco pensou sobre isso. Em meio a tantas perdas, a tanta dor, aquilo não parecia uma vitória.

"É uma vitória vazia." Disse ele.

Hermione assentiu e apoiou a cabeça em seu ombro.

"E tem gosto de derrota." Disse ela.

"Mas ainda assim, é uma vitória." Disse Theo.

"Estamos nós cinco aqui, afinal." Comentou Rony, concordando. "Qual eram as chances?"

Eram baixas. Baixíssimas. Mas eles conseguiram.

Diga-me Suas Verdades - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora