CAPÍTULO 35

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Sob a Capa de Invisibilidade, Harry e Hermione atravessaram a batalha, vendo morte e destruição por onde passavam.

O coração de Hermione se apertava ao pensar em Draco, Rony e Theo ainda em meio a carnificina, lutando incansavelmente por suas vidas. O último olhar que Draco dera para ela ainda estava em sua mente, a lembrança de seus olhos cinzentos a acompanhando a cada passo.

Passando pelo salgueiro lutador, eles cuidadosamente adentraram a casa dos gritos. Hermione seguiu Harry, até onde ele pensava que estava Voldemort. A Espada da Grifinória, que ela pegara de Theo quando saiu do saguão, pesava em sua cintura, lembrando-a do motivo de estar ali.

Conforme percorria os corredores, Hermione percebeu que o feitiço de transfiguração de Harry tinha ido embora. Seu rosto e seus cabelos estavam de volta ao normal.

Eles chegaram a sala onde Voldemort se encontrava, ficando do lado de fora por precaução. Dentro da sala, duas vozes diferentes ressoavam. Ele não estava sozinho. Isso significava que Hermione e Harry dificilmente conseguiriam o que queriam ali.

"Milorde, deixe-me trazê-lo Potter. Sei que posso encontrá-lo." Dizia o professor Snape.

"Acredito em você, Severo, mas não foi por isso que te chamei aqui." Disse Voldemort, com Nagini rastejando aos seus pés.

"Por que então, milorde, se me permite perguntar."

Voldemort ergueu a Varinha das Varinhas, e a mostrou a Snape, mas não de uma forma ameaçadora.

"Estive pensando, Severo." Disse ele, parecendo mais tranquilo do que Hermione jamais o teria imaginado. "Por que essa varinha não está funcionando para mim?"

"Não sei, milorde." Disse Snape, sua expressão ilegível, como sempre. "Pelo que tenho visto, o senhor tem realizado verdadeiras maravilhas com ela."

"Sim, mas esse é apenas o meu poder normal. Realizaria essas mesmas maravilhas com a varinha que comprei de Olivaras."

"Não sei se posso te ajudar com isso, milorde, mas posso ajudar a encontrar Potter. Deixe-me..."

"Não será nescessário, Severo." Interrompeu Voldemort, erguendo uma mão. "O garoto virá até mim. Eu o conheço, ele não vai conseguir ver tantas mortes ao seu redor sabendo que poderia evitá-las."

No fundo, Hermione temia que ele estivesse certo. Conhecendo seu amigo, ela sabia que ele se sentia responsável por todos.

"Entendo, milorde." Murmurou Snape. "Mas, se me permite permite perguntar, por que me chamou aqui?"

"Estive refletindo, e acho que sei exatamente porque a Varinha não está funcionando corretamente para mim, porque ela se recusa a ser aquilo que é prometido nas lendas." Talvez por que fossem lendas, pensou Hermione, que ainda não estava convencida de que uma varinha desse tanto poder a alguém. A Varinha das Varinhas certamente existia, mas ela não acreditava que fosse exatamente o que era contado nas histórias.

"Sabe?" Perguntou Snape, ainda parecendo impassível.

"A Varinha não é leal a mim." Disse Voldemort. "Eu tirei a do túmulo de Alvo Dumbledore, mas não fui eu quem o matou."

"Milorde..."

"Você é um homem inteligente, Severo, tenho certeza que sabe o que isso significa." Disse Voldemort. Com o silêncio de Snape, ele continuou. "Lamento por isso, você tem sido um dos meus servos mais leais." Com isso, ele emitiu um silvo para Nagini, que foi para cima do Professor Snape e cravou as presas em seu pescoço.

Antes que Harry ou Hermione pudessem agir, Voldemort aparatou, levando Nagini consigo.

Harry imediatamente foi até onde Snape estava caído, agonizando. Ele tirou a Capa e colocou a mão no pescoço do professor, como se tentasse conter o sangramento. Hermione não sabia de onde vinha essa preocupação, mas seu amigo parecia aflito pelo homem que tanto odiava.

"L-leve... isso..." Balbuciou Snape para Harry.

Algo prateado começou a sair dos olhos do professor. Percebendo o que eram, Hermione conjurou um frasco e as recolheu. Lembranças. Por algum motivo, Snape estava dando isso a eles.

Ele agarrou fortemente o braço de Harry.

"Olhe... para... mim..." Disse Snape, lutando para colocar cada palavra para fora. "Você tem os olhos da sua mãe."

Dito isso, a mão que segurava o braço de Harry caiu, e o professor Snape deu seu último suspiro.

Hermione e Harry não disseram uma palavra sequer após a morte de Snape. Ambos estavam perplexos e confusos sobre o que sentiam, principalmente Harry. Ele segurava o frasco de memórias em seu bolso, como se aquilo fosse aliviar o turbilhão de pensamentos e emoções que certamente o inundavam.

Hermione não sabia o que pensar sobre Snape. O homem parecia ansioso para entregar Harry para Voldemort, mas algo parecia... fora do lugar. Antes de morrer, ele olhou nos olhos de Harry com algo que parecia ser carinho. Depois, ele falara sobre sua mãe, que ele tinha os olhos dela. Isso significava que Lily Potter ainda era alguém importante para Snape. Então por que ele parecia querer tanto entregar o filho dela para a morte? Por que ele lutava pelo homem que queria exterminar pessoas como ela? Para completar o enigma, ele fornecera aquelas memórias a Harry. Hermione se perguntava o que elas continham.

Poderia, de alguma forma, Snape sempre ter estado do lado de Harry? Não, não era possível. O homem tentara entregá-lo e, o pior de tudo, ele matara Dumbledore. Ele poderia ter matado o antigo diretor apenas para proteger Draco? Seu namorado contara sobre o voto perpétuo, mas aquilo ainda não fazia sentido. De qualquer forma, ela estava divagando. Snape provavelmente se decepcionou com seu  mestre ao ser mordido por Nagini e, então, teve um momento de remorso anterior a morte. Fora só isso.

Chegando mais perto a batalha, Hermione ouvia estrondos, gritos e o choro de uma mulher. O som de seu lamento provocava um aperto no peito, uma angústia, algo que ela não sabia explicar.

Aquele conjunto de sons terríveis, eram o som de uma guerra. Aquele som assombraria seus sonhos pelo resto da vida.

Eles estavam entrando na zona de conflito, prestes e tirar a capa de invisibilidade e entrar no confronto novamente, quando a voz de Voldemort ressoou:

"Lord Voldemort sabe valorizar a bravura, e vocês lutaram bravamente. No entanto, sofreram inúmeras perdas e perderão muito mais se continuarem com essa luta. Não quero que isso aconteça, o derramamento de sangue mágico é uma lástima." Disse ele, sua voz falsamente benevolente. "Lord Voldemort é misericordioso, por isso, ordeno que meus seguidores se retirem imediatamente." Ele continuou, e Hermione conteve um suspiro. O que ele estava pretendendo? "Agora, falo diretamente com Harry Potter. Hoje, você permitiu que pessoas inocentes morressem para que você não tivesse que me enfrentar pessoalmente. Você tem uma hora para me encontrar na Floresta Proibida. Se ao fim desse prazo, você não estiver lá, a batalha recomeçará e, dessa vez, eu participarei. Matarei cada um que tentar que tentar escondê-lo. Uma hora."

Hermione olhou para Harry, que parecia paralisado. Ela sabia que a culpa das mortes estava inundando seu coração. Ela só esperava que ele não cedesse a manipulação nas palavras de Voldemort e não se entregasse.

Diga-me Suas Verdades - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora