O tempo passou voando conforme eles usavam a maior parte de seus dias para treinar. O treinamento consistia em todo tipo de magia ofensiva e defensiva, mesmo que alguns feitiços fossem considerados das trevas. Isso serviu para a diversão de Draco, que achava hilário ver o chamado "Trio de Ouro" usar Artes das Trevas. Em meio aos treinos intensivos, eles mal notaram o mês de fevereiro passar.
Na primeira manhã de março Theo acordou animado com o seu aniversário, até descobrir que o aniversário de Rony era no mesmo dia. Segundo ele, o dia que era só dele perdera seu brilho. Para Rony, isso só serviu como oportunidade para atormentar Theo.
Para comemorar o aniversário dos dois, Harry, Draco e Hermione prepararam um jantar para animá-los. Todos comeram e, por mais que quisessem comemorar e beber até perder os sentidos, precisavam ficar atentos o tempo todo e não podiam se dar ao luxo de ficarem bêbados, pois a oportunidade de ir atrás de Voldemort poderia aparecer a qualquer momento.
Mesmo com jantares e aniversários, a tensão crescia cada vez mais na casa. Era como se estivessem todos esperando pelo pior a qualquer momento. Hermione sabia que estava chegando a hora de um confronto com Voldemort e, por mais que quisesse fingir que isso não estava acontecendo, era impossível.
Com isso em mente, Hermione tentou passar todo seu tempo livre na companhia de seus amigos e seu namorado. Uma vez por semana, todos eles faziam uma noite de jogos, apenas para desestressar e se divertir.
Draco tentava preparar noites românticas para ela, que o faziam resmungar sobre o quão pouco jeito ele tinha para essas coisas. Hermione, no entanto, discordava. Ela amava essas noites que a tiravam de seus pensamentos mórbidos e a faziam sorrir como uma jovem apaixonada normal.
Por outro lado, Harry parecia cada vez mais distante. Ele passava horas encarando o Mapa do Maroto para ver se Gina e os outros estavam bem. Hermione sabia o quanto ele sentia falta da ruiva, sabia o quanto ele desejava estar com ela. A responsabilidade que Harry carregava nas costas pesava cada dia mais, deixando-o uma pilha de nervos.
Rony também parecia estar a beira de um colapso. Ele passava horas e horas ouvindo a rádio Observatório Potter, que era comandada por Lino Jordan e era dirigida para aqueles que se rebelaram contar Voldemort. Hermione sabia que, quando Rony ouvia as notícias, era rezando para que não houvesse notícias ruins sobre sua família.
Uma tarde, em meados de março, Rony foi até a sala com o rádio e uma expressão preocupada no rosto.
"Theo, acho que você precisa ouvir isso." Disse ele se sentando no sofá ao lado dos outros.
No rádio, a voz de Lino dizia:
"[...]Após meses internado no St. Mungus, o conhecido Comensal da Morte Arnold Nott recebeu alta. Pelo o que soubemos, ele jurou vingança ao próprio filho, Theodore Nott, que está desaparecido desde que atacou o pai. Fontes confiáveis afirmam que o jovem agiu em legítima defesa, mas, de qualquer forma, ele ainda é procurado pelos Aurores por tentativa de homicídio."
Com um ruído que poderia muito bem se parecer com um rosnado, Theo se levantou do sofá e desligou o rádio.
"Bem que dizem que vaso ruim não quebra." Murmurou Draco.
"Eu deveria estar aliviado por não ter assassinado o meu próprio pai." Disse Theo, cerrando a mandíbula e andando de um lado para o outro.
"Mas você não está, e ninguém aqui te culpa por isso." Disse Draco.
"Quando vocês me resgataram, quando eu acordei e descobri que eu não tinha o matado, fiquei aliviado por não me tornar um parricida." Disse Theo, se sentando novamente e colocando a cabeça no meio das mãos. "Mas com o passar do tempo, esperei que ele morresse no St. Mungus. Sei que isso faz de mim uma pessoa horrível, mas esperei por isso."
"Isso não te faz uma pessoa horrível, Theo." Assegurou Harry.
"Isso te faz humano." Completou Hermione.
"Se ele vier atrás de mim, vou terminar o serviço, eu vou matá-lo." Declarou Theo, erguendo a cabeça.
"E eu vou te ajudar." Disse Draco, colocando a mão no ombro do seu melhor amigo.
"Seja lá o que você decidir, a gente vai te apoiar, cara." Disse Rony.
"Obrigado, pessoal de verdade." Disse Theo, olhando emocionado para os outros quatro. "A última coisa que eu esperava quando cheguei aqui era encontrar amigos verdadeiros, mas encontrei isso em vocês."
"E como seus amigos vamos ficar do seu lado, aconteça o que acontecer." Disse Hermione, e Harry, Rony e Draco assentiram.
A decisão deveria ser de Theo e de mais ninguém. Hermione só esperava que se ele chegasse a matar o pai, não fosse atormentado pela culpa pelo resto da vida. Theo era um garoto doce e ela temia o que um assassinato como aquele faria com sua mente.
Por outro lado, Hermione nunca poderia imaginar como seria crescer como Theo, ou mesmo Harry, cresceram. Ela fora criada por pais afetuosos em um lar repleto de amor e não conseguia entender como seus amigos conseguiam ser pessoas tão amorosas não tendo recebido essas estruturas durante a infância.
Pensar em seus pais a deixou cabisbaixa pelo resto da noite. A saudade que a inundava era tanta, que ela tinha vontade de deitar na cama e chorar. Ela nunca passara tanto tempo sem ter contato com eles. Mesmo quando estava em Hogwarts, eles conseguiam se comunicar por cartas. Naquele momento, no entanto, ela não tinha ideia de como eles estavam. Isso levava ao outro sentimento que a dominava: o medo. Hermione temia que não conseguisse reverter o feitiço de memória e que ela nunca mais tivesse contato com seus pais. Mas no fundo, o que ela mais temia era que os Comensais da Morte os tivessem encontrado.
Quando ela compartilhou esses sentimentos com Draco, não conseguiu segurar as lágrimas que passara meses segurando. Ele a abraçou e consolou, prometendo que quando tudo aquilo acabasse, ele ia fazer de tudo para que ela se reunisse com sua família. Hermione não tinha dúvidas de que ele estava sendo sincero. A questão era se, quando tudo aquilo acabasse, eles ainda estariam vivos para que ele pudesse cumprir sua promessa.
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Diga-me Suas Verdades - Dramione
FanficDesesperado para se ver livre de Voldemort, Draco Malfoy recorre a uma medida drástica: forjar a própria morte. A princípio, tudo o que ele quer é desaparecer e recomeçar sua vida, mas acaba tendo que mudar seus planos. Quando seu caminho se cruza...