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   No ato mais corajoso da história de toda a vida daquela indefesa garota albina, ela se levantou da cama e ligou a luz.

  Antonella não pôde acreditar no que estava vendo ali: o garoto da garrafa de Whisky, com nada além de uma toalha branca enrolada na cintura. O corpo tremendo de frio e os poros arrepiados diante da vulnerabilidade e da ausência de roupas.

   ㅡ Eu te dou 30 segundos para você explicar o que está fazendo na minha casa, e mais 30 para sair correndo antes que eu chame o meu pai ㅡ ponderou Antonella, tomando frente à situação constrangedora. 

  ㅡ Chamar o papai? ㅡ o rapaz desdenhou cruzando os braços, e Drummond teve medo de que qualquer movimento mais brusco do que uma respiração, pudesse fazer com que aquela toalha caísse. ㅡ Até seu papaizinho chegar, você já foi presa, querida.

  ㅡ Presa? ㅡ foi a vez de a loira cruzar os braços e erguer as sobrancelhas, totalmente cética. ㅡ Esta é minha casa. E eu sinceramente não sei como você conseguiu entrar aqui, mas eu acho bom você achar um jeito mais rápido de sair.

   O segundo ato mais corajoso de Antonella, foi virar as costas para aquele rapaz de índole duvidosa, então tateou o espaço sob o único travesseiro da cama de casal, encontrando sua cópia da chave do apartamento: 

   ㅡ Foi assim que eu entrei na casa. 

   Com os quadris sensuais oscilando sob a toalha branca, o acastanhado saiu e voltou ao quarto, com uma velocidade que só não derrubou a toalha por um milagre. O garoto balançou seu chaveiro acima da altura do ombro.

  Imediatamente um peso emocional gigante recaiu sobre os ombros de Antonella: ela não havia requerido um contrato, mas pior do que não ter assinado um contrato de locação, era ter pagado 6 meses adiantado. Ambos haviam caído num golpe. A mulher certamente receberia dobrado, sem precisar alugar mais um apartamento.

  ㅡ Eu vou tentar ligar para a corretora, vista-se e por favor não deite na minha cama ㅡ pediu, quando viu que as extremidades dos dedos do rapaz estavam ficando roxas de frio. 

   Era inverno, e o apartamento não possuía cobertas, e muito menos aquecimento. No trajeto entre o quarto e a sala de estar, Antonella já havia ligado três vezes para Jun Mi, e nem uma das ligações havia sido bem sucedida. A garota não era do tipo que tratava as pessoas com grosseria, então deixou uma mensagem de voz, pedindo para que a corretora retornasse o mais rápido possível. 

   ㅡ Saia ㅡ ordenou, assim que viu que o rapaz estava deitado sobre o travesseiro. 

   ㅡ Saia você, esse travesseiro é meu.

   ㅡ Ele estava aí quando eu cheguei.

  ㅡ Ele estava aqui porque ele é meu. Ou você sai pegando as coisas que encontra por aí e toma posse como se fossem suas? 

   O rapaz não obteve resposta de Antonella, então, enquanto deitado de barriga pra cima em seu pijama curto, cruzou os braços atrás da cabeça, presunçoso.

  ㅡ Amanhã você cancela o contrato, mora aqui há menos tempo. Eu moro aqui há 1 dia, e continuarei pelos próximos seis meses, porque meu pai pagou para mim.

   Aquilo era inacreditável para a garota, os dois haviam caído num golpe, porque não tiveram a decência de exigir um contrato de locação.

   A neve caía forte em Seul naquela noite, era uma nevasca que não fora prevista por nenhum meteorologista até então, já que o inverno estava chegando ao fim. 

  ㅡ Eu também moro aqui pelos próximos seis meses.

  ㅡ Caramba, como alguém pode ser tão burra? ㅡ o rapaz a olhou com desdém. ㅡ A falta de cor afeta a sua inteligência também? 

Apartamento 21 - Lee KnowOnde histórias criam vida. Descubra agora