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  Quando a percepção da luz aguada do Sol beijando seu rosto atingiu Antonella, o corpo de Lee Minho ainda estava atrelado ao seu, como se nenhum dos dois tivesse energia o suficiente para se mexer.

  Sentindo a hipoglicemia dominar gradativamente cada parte de seu corpo, a garota empurrou o corpo do acastanhado, que ainda dormia como se fosse 2h da manhã. 

  O frio fazia tremer cada músculo e nervo do corpo da garota, não só o frio do inverno que chegava ao fim, mas o frio e a fraqueza da ausência de qualquer carboidrato na corrente sanguínea. O desespero por qualquer calor que fosse, fez com que Drummond agarrasse a coberta felpuda que ainda cobria seu companheiro de apartamento, assim enrolando o tecido ao redor de seu corpo.

  Quando Lee chegou à cozinha, Antonella comia uma tigela de cereais de chocolate e uma enorme caneca de café.

  ㅡ Eu não estou vendo o meu café da manhã na mesa, então por que você está usando as minhas coisas? ㅡ ultrajado, mas com sono demais para parecer ameaçador, Lee jogou o corpo musculoso em cima de uma das 4 cadeiras da mesa de jantar.

  A garota respirou fundo antes de responder no mesmo tom que ele:

  ㅡ Porque eu ainda não comprei as minhas coisas.

  ㅡ Está esperando o quê para fazer meu café? A casa é nossa agora por um tempo.

  Mesmo ainda fraca, Drummond cruzou os braços à frente do corpo:

  ㅡ Nossa? ㅡ franziu o cenho ao encarar os cabelos desgrenhados do rapaz. ㅡ Há alguns segundos atrás você disse que as coisas eram suas e eu não poderia usar.

  ㅡ Você pode usar minhas coisas com a condição de fazer o café da manhã para mim ㅡ Minho limpou as unhas, acordado o suficiente para ser presunçoso perante a garota.

  Antonella soltou uma risada pelo nariz, fingindo que tinha achado graça no que ele dissera:

  ㅡ Está dizendo que eu só posso comer sua comida com seus utensílios se eu preparar seu café? ㅡ ela o encarou, esperando uma resposta que certamente não viria. ㅡ Eu estou neste apartamento com você a contragosto, e você também, mas não é por isso que tem que fazer de mim sua empregada não-remunerada.

  ㅡ Quem não trabalha, não come, floquinho de neve ㅡ o olhar perverso que ele lhe dirigiu em seguida fez parecer que ele a estava encarando por cima de um óculos.

  ㅡ E você, está trabalhando como para poder comer? Quase sendo expulso do curso de medicina numa das universidades mais concorridas do planeta?

  A albina o havia vencido, e ele não tinha nada a fazer a respeito disso a não ser preparar seu café da manhã. 

  Com extrema raiva, Minho apertou o botão da cafeteira e enfiou a xícara transparente sob a máquina, abrindo com violência a porta do armário aéreo e tirando de lá uma tigela de porcelana e a caixa com o cereal de chocolate que havia sobrado.

  Antonella agarrou a tigela branca de porcelana e virou o resto de cereal direto na boca. A vida dura de intercambista num país desconhecido a havia transformado em qualquer coisa, menos na menina mimada e rica que ela era no Rio de Janeiro.

  O ódio que Lee suscitava nela lhe deu coragem o suficiente para despir o pijama de seda e passar embaixo do chuveiro, tudo pelo desespero de tirar qualquer célula morta que ele tivesse tocado. E não importava quantos banhos tomasse, Drummond só teria uma pele onde Minho nunca tocara, em 28 dias.

  A moça se enfiou em um vestido que imitava um sobretudo, porém mais curto. Era preto, e o contorno das lapelas e fitas era branco. Seu tecido era pesado, imponente, e os quatro botões de enfeite posicionados na frente da peça, tinham cunhado o logotipo da Dior.

Apartamento 21 - Lee KnowOnde histórias criam vida. Descubra agora